A gente vem de longe. De muito longe. Agora mesmo estou finalizando um livraço do Kleber que fala inevitavelmente dos Flu x Bota de 110 anos atrás.
Eu podia ter sido Botafogo. Sempre fui Fluminense, mas sempre tive simpatia pelo rival.
Fui completamente apaixonado por duas botafoguenses. Três. Não, uma só. Deixa pra lá.
Algumas das pessoas que mais admiro na vida são alvinegras.
Nunca escondi que um dos meus ídolos de texto – e tudo – é João Saldanha.
Numa noite, testemunhei quando boa parte do Brasil abraçou o Botafogo em 1989, e Maurício pôs fim ao jejum. Aquela foi uma noite fantástica. No dia seguinte, o Mourisco parecia Woodstock – eu vi.
Em 1979 tomamos um chocolate do Mendonça. Demos o troco em 1980 com um show do Adão. Ah, aquele Maracanã.
Neste momento, milhões de pessoas estão felizes. Algumas que adoro, outras que amei, outras que se foram mas estão aqui para sempre.
Quem tem dúvida de que Nilton Santos, Garrincha e Heleno de Freitas estão aí? E Mendonça? Quarentinha, Zagallo, o próprio Saldanha. Carvalho Leite. Basso. São muitos e muitos nomes. Beth Carvalho, Vinícius de Moraes.
Parabéns ao Botafogo, que se preparou para voltar ao seu cenário natal, que é o de protagonista.
Tantas e tantas pessoas emocionadas, o que é natural. Um título desse tamanho merece toda emoção. Todos sabemos.
Hoje é festa merecida na Guanabara. Muito merecida.
E como tem coisas que só acontecem ao Botafogo, o grande título vem do dia do aniversário da morte de Cartola, símbolo do Flu e do título carioca tricolor de 1980 – justamente quando a gente azucrinava eles.
Mas agora 30 de novembro é também um dia eterno para o clube cujo escudo não tem uma única letra, mas cuja imagem diz tudo. O velho e eterno rival, que nos ajudou a construir o que se transformou no futebol carioca.
Em 2025 no Estadual a chapa vai ferver quando a gente se encontrar. É o Clássico Vovô, agora das Américas. Que honra estar nessa.
Parabéns, Fogão. Fogões. Fogatas.
Paulo-Roberto Andel
Guanabara, 30/11/2024