Na despedida do “Violino”, uma nova promessa de futebol: o Galinho.
O veterano craque Carlinhos se despedia do futebol. Deu suas chuteiras para uma jovem promessa da base rubro-negra: Zico.
Na despedida do “Violino”, uma nova promessa de futebol: o Galinho.
O veterano craque Carlinhos se despedia do futebol. Deu suas chuteiras para uma jovem promessa da base rubro-negra: Zico.
Quinta-feira, 27 de agosto de 1964.
Não era uma época das mais fáceis no Brasil, mas o futebol era uma espécie de alívio para a vida sofrida de milhões de torcedores.
O Maracanã, palco maior do futebol mundial, recebia Flamengo e Vasco para o eterno clássico, por ocasião da décima rodada do campeonato carioca de futebol daquele ano.
Horário tradicional das 21 horas e 15 minutos.
Uma data marcante para Marcelo, o então goleiro da equipe vascaína, jovem de 24 anos que prometia fechar o gol da Colina, já com a bagagem de ter jogado pelos times do Yuracan de Itajubá, São Paulo, Palmeiras, Ferroviário de Botucatu e Bonsucesso.
O resultado da partida teve efeito completamente oposto.
O goleiro acabou levando dois gols da intermediária, um deles num lance que parecia muito fácil, marcados por dois craques do Flamengo: os meio-campistas Carlinhos e Nelsinho.
No caminho do vestiário, Marcelo decidiu que nunca mais vestiria a camisa do Vasco da Gama ou de qualquer outro time. A partida se encerrou com o placar de 2 a 1 para o Rubro-Negro.
Ao final do primeiro tempo, o goleiro já havia se desentendido com o treinador Eli do Amparo, que o havia acusado de falhar no gol do empate do Flamengo, feito por Carlinhos. Os dois precisaram ser contidos pelos companheiros para não brigarem no vestiário.
Mas quem disse que só Marcelo sofria em campo? O próprio árbitro da partida chegou a desistir de arbitrar, alegando falta de condições emocionais (vide matéria abaixo), com a partida sendo paralisada e retomada.
Após o segundo gol, marcado por Nelsinho, craque da Gávea, quase do meio de campo no primeiro minuto do segundo tempo, Marcelo alegou não ter mais condições emocionais de prosseguir jogando. Depois de mais de 15 minutos de paralisação do jogo, com atletas dos dois times pedindo para que reconsiderasse a decisão, Marcelo se manteve irredutível.
O goleiro deixou o gramado aplaudido de pé por mais de 90 mil pessoas. Após esta partida, encerrou a carreira.
Em depoimento ao canal ESPN, disse Marcelo:
“Eu bati o tiro de meta a bola atravessou, o Célio deu uma cabeçada, o Nelsinho matou no peito, veio andando e chutou de longe. Eu fui abaixar pra pegar, a bola bateu no chão, bateu no meu braço e entrou. Ela nem chegou ao fundo da rede. Entrei no vestiário e quem estava me esperando era o goleiro Barbosa. Ela me disse: ‘garoto, levante a cabeça porque o que aconteceu comigo foi pior do que o aconteceu contigo’”.
À época gerou inúmeras crônicas publicadas por jornais e revistas, uma delas escrita por Dom Marcos Barbosa (monge e cronista que se tornaria imortal da Academia Brasileira de Letras em 1980), intitulada “Uma Rosa do Povo”, onde fazia uma comparação entre o goleiro e o senador americano Bob Kennedy, bastante aplaudido em um encontro nos EUA durante a campanha presidencial. Marcelo emoldurou esta crônica
No ano de 1970, ao se formar em Engenharia, Marcelo convidou Barbosa pessoalmente para prestigiar a entrega do diploma. O encontro acabou gerando inspiração ao imortal, que tempos depois escreveu outra crônica batizada como “Uma Crônica no Quadro”.
Depois do futebol, Marcelo aposentou-se como engenheiro, tendo trabalhado por 25 anos na IBM.
O Fluminense foi o campeão carioca de 1964.