Imagens da entrada da sede do America (20/01/2017), na rua Campos Sales, Tijuca.
No ano de 1979, ela era considerada a mais moderna da América do Sul.
Imagens da entrada da sede do America (20/01/2017), na rua Campos Sales, Tijuca.
No ano de 1979, ela era considerada a mais moderna da América do Sul.
Não, não era para ser nada assim.
Nada disso.
Aí está o velho e querido America numa manhã de sol tímido, debaixo do tom preto e branco da foto, tirada pelo escritor Nelson Borges nesta quinta.
Em 1979, essa fachada significava o clube mais moderno do Brasil, erguido sobre o saudoso campo da rua Campos Sales. De saudade em saudade, o Diabo passou a jogar no Andaraí, Wolney Braune. E lá também a força da grana imperou. O sangue mudou de cidade – e não mais se encontrou, por mais que Edson Passos mereça o apreço.
De certa forma, essa linda fachada abandonada e vandalizada é uma espécie de símbolo desses tempos que vivemos: o Rio de Janeiro largado, indiferente, violento por todos os lados, caixa de percussão de um Brasil perdido, estuprado, alheio à maioria.
O America não é apenas o simpático segundo time dos cariocas que gostam de futebol. Ele é um dos pilares do esporte no Brasil.
Dia desses, num evento, tive a oportinidade de ouvir um breve discurso de um de seus dirigentes, falando das maravilhas contemporâneas produzidas recentemente pelo clube. Algo como tratar os interlocutores como perfeitos idiotas.
O America não é isso. Não é nem poderia ser um time de três rebaixamentos no campeonato carioca em dez anos. Mas aconteceu e aí está.
A triste imagem da fachada da sede de Campos Sales é a história oficial, bem distante da conversa para boi dormir de quem podia impedir isso mas, estranhamente, não o fez.
O America de Belford Duarte, de Pompéia, de Alarcón e também dos gêmeos Zó e Kel, de Moreno, Bráulio, Flecha, País, Ernâni, o incansável Luisinho Lemos, Edu, Romário e um milhão de glórias nos gramados.
Um dia tudo será diferente.
Gostaria de estar vivo para assistir.
Na modestíssima parte que me cabe, a de uma formiguinha diante do mundo, eu tentei ajudar, mas a ganância e a prepotência de terceiros brecaram tudo.
Vida que segue.
@pauloandel
Imagem: Nelson Borges
Rebaixado ontem pela terceira vez à série B do Campeonato Carioca em menos de dez anos, o America infelizmente deixa dúvidas quanto ao seu futuro.
Segundo time de considerável parcela dos torcedores cariocas, com uma bela história, aos poucos, o importante clube foi dando passos rumo ao ostracismo a partir dos anos 1980. Bem verdade que o alijamento à caneta do campeonato brasileiro de 1987 contou muito neste sentido, mas não foi o único fator. As sucessivas diásporas com a mudança dos campos, a falta de verba, as dívidas e o descaso ajudam a explicar o processo.
A decomposição foi avançando, a torcida fanática foi encolhendo de tamenho e um dos orgulhos da cidade foi ficando de lado.
Que o America pode voltar ao cenário local da primeira divisão estadual, é fato.
Resta saber se, um dia, ele poderá retomar sua posição de grande clube do futebol brasileiro e símbolo do Rio de Janeiro.
Num domingo tão deprimente para o país, a terceira queda do simpático Diabo parece infelizmente fazer sentido.
Fica a torcida para que a recuperação aconteça, por mais difícil que seja.
@pauloandel