Mais uma morte no futebol (por Paulo-Roberto Andel)

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Tiros à queima-roupa, gritos, dor, morte. Oito baleados na torcida do Botafogo, um morto, outro em estado gravíssimo até o fechamento desta edição.

Em condições normais de razoabilidade, o clássico entre Botafogo e Flamengo jamais teria sido realizado neste domingo no Engenhão. Mas, pensando bem, condições normais de razoabilidade são algo bastante raro no Brasil de hoje, em qualquer temática.

A banalização da violência acabou endurecendo os corações. As pessoas olham com indiferença, passam e a vida segue. Quarta-feira tem outro jogo, eu não tenho nada com isso, não fui eu quem inventou a violência. E assim, um clássico para colocar 40 mil pessoas põe a metade disso.

Uma parte dos torcedores simplesmente desistiu. O cardápio de sandices que cercam a ida a um jogo de futebol não é para qualquer estômago. Alguns ficam nos bares, outros vendo o jogo na TV em casa e outros passaram a ignorar o esporte – as pesquisas apontam a gravidade deste último fato, aumentando a cada nova medição.

Em dois finais de semana seguidos, o Rio testemunhou dois atos de selvageria contra pessoas que cometiam o crime de acompanhar seus times de futebol. Não é coisa propriamente de hoje: nos anos 1970, era comum alguém ser morto na geral do Maracanã por “assalto” (sempre repercutiu a desconfiança de que alguns mortos eram militantes de esquerda, acompanhando o jogo no setor mais popular do estádio). Tal como hoje, ninguém ligava. E aqui se fala do Rio, mas podia ser em São Paulo, Belo Horizonte, Goiânia ou outra cidade qualquer.

A TV foi a primeira a bancar a realização da partida. Seu compromisso é com os números da audiência e do caixa. Não vai ter ninguém na rua protestando contra a violência no futebol, nem com boneco gigante de presidiário, nem com camisa da CBF – e aqui, usar a palavra que designa um apenado pode parecer até deselegância.

A Federação? Depois ela publica uma nota de repúdio.

Morreu mais um.

E daí? O carnaval está chegando.

Uhu!

@pauloandel

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Quando a Copinha economizava (da Redação)

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Em 1992, o time do Vasco da Gama estava prestes a estrear na Copa São Paulo de juniores, a popular Copinha, diante da Portuguesa de Desportos.

A grande curiosidade, se pensarmos nos tempos atuais, tem a ver com o número de participantes. Naquela ocasião, por medida de economia, a Copinha teve 24 clubes disputando a competição, em vez dos 40 do ano anterior.

O mesmo Vasco acabaria campeão na decisão diante do São Paulo, vencendo nos pênaltis por 5 a 3, depois de empatar no tempo normal por 1 a 1. O artilheiro da Copinha seria Valdir, jovem atacante que depois marcaria seu nome no rol de artilheiros vascaínos.

A parte triste estava, para variar, na violência. Três dias antes da final, foi disputada a partida das semifinais entre São Paulo e Corinthians, no Estádio Nicolau Alayon.

Como o Estádio do Pacaembu estava indisponível, devido ao material usado em um show no fim de semana anterior, o clássico estava marcado para a Rua Javari, mas optou-se por transferi-lo para o Nicolau, para permitir uma presença maior de público.

O clima de guerra entre as torcidas provocou ataques com bombas e rojões, proibidos dentro do estádio. Os torcedores infiltravam-se por trás das arquibancadas, para jogar bombas sobre os adversários, por cima do muro. Uma delas, provavelmente atirada por torcedores do São Paulo, atingiu Rodrigo de Gásperi, um torcedor corintiano de treze anos.

Houve pânico entre boa parte dos doze mil torcedores e o jogo ficou interrompido por 25 minutos, mas acabaria retomado até o fim da prorrogação.

Rodrigo morreria quatro dias depois, no hospital, vítima de lesões cerebrais

Nesta edição recém-iniciada, a Copinha conta com 120 equipes na disputa.

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