Preliminares do Maracanã (por Paulo-Roberto Andel)

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Quando o Maracanã era o Maracanã, mesmo com a bagunça que era o futebol brasileiro, o encontro semanal da bola acontecia de forma especial – mas não exclusiva – às cinco da tarde no maior estádio do mundo. E invariavelmente duas horas antes, acontecia a preliminar de juvenis, que depois foram transformados em juniores. Bem antes disso tudo, havia o campeonato de aspirantes, com jovens jogadores que ainda não eram aproveitados nos times principais.

Você conhecia os futuros craques do seu time – porque eles continuavam no clube, eram profissionalizados e jogavam algumas temporadas antes de serem negociados. E também engolia a seco as ferinhas dos times adversários. Todo mundo sabia tudo com um ou dois anos de antecedência, e aqueles jogadores iam formar a base dos times cariocas, salvo uma ou outra transação. Quando eram efetivados nos profissionais, poucos jogadores não estavam acostumados ao Maraca lotado – e quem jogou nele, joga em qualquer lugar. Anos depois, a euforia pela consagração de atletas ou a tristeza pelo fracasso de promessas tão aguardadas.

Um belo dia, inventaram que o gramado ficava desgastado demais com partidas preliminares. O homem aperfeiçoou o avião, o computador, criou o telefone móvel, a TV a cabo, as novas armas de guerra e acreditem: a única coisa que não evoluiu foi a grama dos estádios. Ela piorou. Então podia ter preliminar nos anos 1950, 1960, 1970, 1980, 1990 e… não deu mais.

Os jogos dos juniores passaram a ser disputados em horários alternativos, em dias alternativos e, apesar da farta informação que hoje temos por causa da internet, muito pouco noticiados. Resultado: há uma vida no mundo do futebol que pouquíssimos conhecem, porque é disputada nas sombras. No mínimo, gera a desconfiança de que tal arranjo é proposital: quanto menos forem vistos os jogadores da base, mais fácil é negociar direitos federativos sem que os torcedores exerçam poder de pressão.

@pauloandel

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