Alegria em dia de golpe (da Redação)

bonsucesso america 31 03 1964 escudos

Em 31 de março de 1964, o Jornal do Brasil noticiava que as equipes do America e do Bonsucesso estavam em ritmo europeu: o primeiro, às vésperas de embarcar para a então Tchecoslováquia, enquanto o segundo tinha 30 partidas amistosas para jogar em gramados da Europa, Oriente Médio e África.

Vejam a contradição dos números: por cada partida disputada, o Bonsuça levaria 500 dólares. Já o Mecão cogitava contratar o atacante Paulo Leão por 20 milhões de cruzeiros.

 

bonsucesso america 31 03 1964

 

As coisas não andavam muito fáceis pelo Brasil e pelo mundo, de modo que o America só viajaria no dia 13 de abril. Madureira e Vitória também marcariam presença no exterior.

 

bonsucesso america 31 03 1964 viagem só no dia 13

 

O tiro de meta (por Paulo-Roberto Andel)

 

o tiro de meta

Fiquei observando a televisão de forma ocasional.

Era um jogo de bola, desses de garotos pelos quais ninguém dá nada ainda e, quando ninguém espera, oferece jogadores para ainda manter viva a chama do nosso futebol, tão combalido nos dias atuais.

Jogo num estádio do interior, transmitido pela rede pública, reprisado numa madrugada, João Gilberto tocando no CD player e a partida correndo enquanto eu também lia jornais.

Interrompi a leitura por instantes, fitei a tela e me deparei com um tiro de meta.

Não era uma jogada qualquer, era um tiro de meta.

No instante, o único ser vivo na tela focada a grande distância era o goleiro, um solitário goleiro com a responsabilidade de reconduzir o jogo carente de torcedores, repórteres e outros participantes – imagem que permaneceu por muitos segundos, dado um bloqueio momentâneo na transmissão.

Eis que a televisão me pareceu como um grande quadro, uma monumental aquarela, com aquele solitário menino estático a observar a bola e pensar em como iria chutá-la, para onde e com que força, tudo cercado pelo silêncio que só a voz de João é capaz de fazer ecoar.

Mais segundos, mais silêncio e a brutal solidão do goleiro na tela, como se ninguém mais estivesse no estádio a apreciar sua intenção, exceto eu.

Quando se pensa em futebol, é certo que muitos imaginam o grande gol, a jogada mirabolante, o passe apurado, o domínio com categoria, o drama do pênalti.

O tiro de meta, meus amigos, é um importante momento marginalizado: é difícil a sua consecução terminar em algum dos lances anteriormente descritos. Entretanto, não sei se pelas substâncias e solidão a mais ou alegria de menos, fiquei a contemplar aquela imagem congelada como um princípio de esperança – era um tiro de meta, amigos.

Naquele tiro, naquela cobrança, era possível identificar até um cotidiano de nossas vidas: depois do tiro de meta, após um interrupção, que o jogo recomeça.

Mais substâncias, tracei em minha confusa memória uma relação com minha própria vida, machucada por revezes que deveriam sair por uma imaginária linha de fundo, representados por uma bola.

A vida, amigos, ávida por si própria, voltaria após breve intervalo a ser vivida tão logo fosse trocada a bola por outra e a devida reposição pelo tiro de meta seria um recobrar de ânimo, um renascer das cinzas, um poente a abafar a tempestade – talvez seja este o significado da expressão popular “bola pra frente”, não advinda de um lançamento primoroso, mas sim do desprezado e esquecido tiro de meta.

Talvez daí seja a razão do futebol ser tão apaixonante e cobiçado por gente de todo o mundo: podemos encontrar relações diretas com nosso viver através da vida e morte do jogo.

A derrota pelo gol sofrido e a alegria pelo tento marcado; a beleza da jogada articulada e a besteira da bola perdida; a pressão que não derrota através do chute que vai pela linha de fundo e o recomeçar pelo especial tiro de meta, somente ele.

É preciso entender a força, o vigor e a esperança que um tiro de meta é capaz de mostrar.

É preciso notar a perspectiva que um tiro de meta pode trazer a um jogo de bola, tão preciso quanto um recomeçar na vida depois de uma derrota circunstancial.

Quando a imagem voltou, o goleiro continuou solitário; desferiu o chute e a bola foi para o meio de campo, com vários jovens a disputá-la numa outra imagem.

O estádio continuava vazio e é possível que eu fosse um dos poucos telespectadores.

Depois do revés, o jogo recomeçou tal qual cada vida faz e fará após um desânimo marcante porém passageiro, efêmero feito uma nova bola num canto de linhas de cal.

(Publicada originalmente em 19/05/2006)

Geneton: Dossiê 50 (da Redação)

geneton

Geneton Moraes Neto, um dos maiores jornalistas brasileiros de todos os tempos, saiu de cena nesta segunda feira, aos 60 anos de idade. Muito antes do justo e razoável.

Foi um dos maiores desbravadores daquilo que se convencionou ser um dos temas mais “malditos” da história do futebol brasileiro: a Copa de 1950, com sua final trágica, destruindo carreiras e reputações para sempre por motivos exagerados.

Graças a Geneton, pudemos olhar para trás e tentar entender melhor o que foi a estupidez tão covarde em massacrar midiaticamente os jogadores da Seleção – vários morreram na miséria.

O documentário abaixo foi realizado com base no livro “Dossiê 50”.

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Conversando com JH (da Redação)

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João Havelange, um dos maiores dirigentes esportivos da história, faleceu hoje aos 100 anos de idade.

Com o devido respeito e as condolências, esta postagem revela alguns dos muitos aspectos da personalidade de JH, por meio do documentário “Conversando com JH”.

O filme conta o que há por trás da realização de uma biografia, a partir da relação de biógrafo e biografado. “Conversa com JH” conta a experiência de João Havelange e Ernesto Rodrigues durante a produção do livro “Jogo Duro – A história de João Havelange” (Editora Record, 2007).

jogo duro havelange

Os muitos conflitos e obstáculos enfrentados que lidam com a apropriação da história de uma outra pessoa e como ela vê a si mesma no mundo.

A biografia, lançada em 2007, contou com mais de 140 entrevistas de profissionais do futebol, de todos os países do mundo.

Os conflitos culminam ao ponto que Ernesto cumpre seu compromisso de mostrar os originais para o ex-presidente da Fifa.

 

 

 

O grande legado olímpico (por Paulo-Roberto Andel)

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Definitivamente, a herança maior que os Jogos do Rio 2016 podem deixar para o Brasil não tratam exatamente de equipamentos, recursos e outros bens de consumo, públicos ou não.

Está em algo que parecia perdido no tempo.

A fidalguia.

Houve quem reclamasse – com razão – das torcidas em esportes que não têm os costumes do nosso football, que transformamos em futebol para o muito bem e o muito mal.

Mas a maioria está em paz, reconhecendo que também há valor numa medalha de bronze. Até mesmo sem o desejado pódio. Em práticas desportivas muitas vezes ignoradas pelos clubes e pelo Estado Brasileiro, como não valorizar um sexto ou oitavo lugar? É estar entre os maiores do planeta.

Há um detalhe que ajuda a perceber tudo: reparem, por exemplo, nas emocionadas comemorações dos atletas brasileiros em diversos momentos, bem diferentes do nosso futebol. Quando finalmente fizemos gols nas Olimpíadas, o alívio veio através de chutes, palavrões e ira. Muita ira.

Para alguns, demonstração de garra e vontade. Para outros, a carência de senso esportivo que ainda vitimiza um povo marcado por bruscas transformações sociais, econômicas e afetivas.

E por falar em afeto, o show de luta contra a homofobia, tão visto nestes dias de disputa, é mais uma lição dos Jogos ao nosso esporte mais querido, falado e divulgado, marcado permanentemente por armários de ferro trancados com correntes, contrariando o óbvio ululante, como diria Nelson Rodrigues.

É claro que ninguém treina anos a fio para perder e que a História é sempre mais destacada pelos vencedores, mas a vida não pode ser apenas o “perdeu, sai” instantâneo que se vê, por exemplo, na quantidade de treinadores demitidos a cada edição do Brasileirão.

Se os Jogos Olímpicos do Rio não foram capazes de transformar a Cidade Maravilhosa numa terra de paz, o que sabíamos ser quase impossível, é inegável que sua presença nos serve como uma verdadeira universidade de respeito a outros valores, ao harmonioso viver entre divergências, à diversidade em todas as instâncias.

Viver o respeito. Entender que o esporte é mais do que um jogo. Que não ser campeão não é vergonha, mas pode ser símbolo de reconhecimento, dependendo do que tenha sido feito – e como.

Eis aí um mar de lições para jogadores, torcedores, profissionais do futebol e seus “abnegados” dirigentes pendurados em vultosos grupos políticos de ocasião.

O espírito olímpico tem muito a ensinar ao país das chuteiras. Basta querer entender.

Olhar as comemorações dos gols da Seleção de Futebol e compará-las com as de Pelé já seria um exercício de franca humildade.

@pauloandel

O quê? Virou casaca? (por Paulo-Roberto Andel)

No Brasil, o ato de “virar casaca”, involuntariamente ou não – até mesmo por causas nobres, homenagem a amigos, ações comunitárias e filantrópicas – é condenado como se estivesse previsto no Código Penal.

Também vale para jogadores muito identificados com um clube e que passam a atual num rival, ou mesmo um clube de outro estado, e enfrentam a antiga casa.

Mas será que é possível realmente identificar os personagens abaixo pelas camisas que vestem/mostram nas imagens, às vezes de forma pontual e única?

Parece claro que não.

1)  Zico

zico camisa do vasco

2) Pedro Bial, supertricolor (homenageando Armando Nogueira)

bial botafogo

3) Pelé no Fluminense

pelé camisa do fluminense

4) O Rei do Futebol no Flamengo

pelé camisa do flamengo

5) O mito botafoguense Garrincha

garrincha camisa do flamengo

6) Tita, criado na Gávea e com passagem por diversos clubes brasileiros

tita

7) Roberto Dinamite, símbolo vascaíno

dinamite portuguesa

8) O cantor Fagner, que já foi Ceará, Fortaleza, Fluminense etc

fagner internacional

9) O cantor botafoguense Agnaldo Timóteo, também um torcedor firme do América

timoteo america mineiro

10) Nunes, intimamente vinculado ao Flamengo

nunes fluminense

11) Biro-Biro, eterno ídolo da Fiel

biro biro portuguesa

12) Casagrande, marca registrada do Corinthians

casagrande flamengo

13) Serginho Chulapa, muito ligado ao Santos e com passagem marcante pelo Sâo Paulo

serginho chulapa corinthians

14) Adílio, o “cobra criada” da Gávea, apelidado pelo locutor Waldyr Amaral

Adílio coritiba

Na grande área: Armando Nogueira 1966 (da Redação)

armando nogueira 1966

Em 08 de agosto de 1966, um dos decanos da crônica esportiva no Brasil publicava uma coluna que ainda serve de reflexão para o nosso futebol.

armando nogueira 08 08 1966

Reprodução do Jornal do Brasil sem finalidade lucrativa.

A Seleção nas Olimpíadas

ROMA, 1960

seleção brasileira 1960 olimpiadas

Elenco:

1 Roberto Branco • 2 Carlos Alberto • 3 China • 4 Chiquinho • 5 Dary • 6 Décio • 7 Edmar • 8 Gérson • 9 Gil • 10 Jonas • 11 Macarrão • 12 Alvaro Jurandis • 13 Maranhão • 14 Nonô • 15 Paulinho Ferreira • 16 Roberto Dias • 17 Rubens • 18 Valdir • 19 Wanderley • Treinador: Vicente Feola

MUNIQUE, 1972

SELEÇÃO BRASILEIRA OLIMPIADAS 1972

Alguns jogadores que fizeram parte do elenco da Seleção Brasileira que disputou os Jogos de 1972: Nielsen, Terezo, Abel Braga, Osmar, Celso, Bolívar, Falcão, Rubens Galaxe, Pedrinho, Washington, Zé Carlos, Manoel, Roberto Dinamite e Dirceu

LOS ANGELES, 1984

SELEÇÃO BRASILEIRA FUTEBOL OLIMPIADAS 1984

seleção brasileira 1984 olimpiadas ELENCO

Raimundo Fagner e o futebol (da Redação)

Em 2012, Raimundo Fagner, um dos grandes artistas da MPB, concedeu entrevista ao site Portal da Copa, recordando duas histórias com o mundo do futebol: amigos, convivências, e lembranças da amizade com jogadores como Zico e o falecido Geraldo.

fagner raimundo futebol