A magia do Futebol Cards

Na segunda metade dos anos 1970 era uma febre entre a garotada. A venda de um chiclete de qualidade discutível vinha acompanhada de um pacotinho com cartões de papelão contendo fichas e fotos de jogadores, posteriormente também o mesmo com jogos marcantes do futebol brasileiro.

Hoje o Futebol Cards é valorizadíssimo entre colecionadores pelo Brasil afora.

Porque hoje tem Fla x Flu

O mundo anda complicado demais, o Brasil passa por um momento muito difícil e, sinceramente, não havia o menor clima para se retomar competições de futebol com 70 mil mortos pelo novo Coronavírus. Mas os bastidores decidiram e, logo no Rio de Janeiro, tão machucado por tudo, a bola voltou a rolar.

Pelo menos ficou o Fla x Flu. Para muitos o campeonato era favas contadas do Flamengo, mas o Fluminense foi matreiro e, por isso, venceu a Taça Rio nos pênaltis, garantindo a final do campeonato em dois jogos. Aliás, quem sabe dizer qual foi a última vez em que o maior clássico do futebol brasileiro foi disputado três vezes em sete dias? É o que terá acontecido quando for conhecido o novo campeão carioca.

Em vez das velhas multidões, o Maracanã vazio e sem festa. Em vez dos olhos grudados na tela da TV, celulares e notebooks.

O que não muda é a mística do confronto que já dura 108 anos, recém completados na semana passada. O pior sempre faz jogo duro com o melhor, o inesperado tem sempre lugar cativo na partida, a empáfia não rima com a vitória. Desde os jogos da Rua Guanabara até palcos de outros estados, o Fla x Flu mexe com os sentidos.

Qualquer prognóstico da decisão parece precipitado. Só no campo mesmo é que as coisas acontecem. Se o Flamengo vem de várias conquistas e conta com seu time vice campeão mundial, o Fluminense se reabilitou depois da volta do futebol. Fez três partidas ruins na Taça Rio mas encarou o eterno rival de igual para igual.

A cidade está triste e silenciosa. A fome e o abandono imperam nas ruas. Os bares estão vazios. O Rio está deitado num leito hospitalar. Mais uma vez os desafios serão imensos. Por ora, este domingo à tarde reserva ao menos uma hora e meia de emoção, distração e fantasia, porque o Fla x Flu é o jogo que nunca termina. Daqui a pouco tem mais um capítulo, ao menos para aliviar os corações sofridos dos brasileiros.

Mais sobre o futebol de praia (por Silvio Almeida e Paulo-Roberto Andel)

Imagens dos jogos Força e Saúde x São Clemente e Copaleme x Juventus, pelas semifinais do campeonato estadual de futebol de praia 2016, diretamente das areias de Copacabana no dia 14 de maio.

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Nacional do Uruguai: dançar esse tango nunca foi fácil (por Thiago Constantino)

Um pouco de história, música e muito futebol

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Hola, estoy aqui “de boa”, solamente mirando mi decano querido y esperando por Boca Juniors

Semana passada, o PANORAMA DO FUTEBOL estava passeando pela bela capital uruguaia, justamente no dia anterior ao jogo de ida de Nacional x Corinthians. E como não poderia ser diferente: passeio é trabalho também.

Fomos à busca do Gran Parque Central, estádio uruguaio, para fazer algumas fotos e conhecer mais de perto o Club Nacional de Football. Já que o GPS do “coche” não ajudou muito, quase desistimos pela segunda vez de visitar esse mito do futebol ao passarmos direto pela entrada do Clube, quase sem perceber. Mas, fizemos o possível e sem pestanejar, viramos a primeira a direita com o objetivo de retornar. Ahh GPS infernal! A tentativa de retorno se mostrou quase frustrada, não fôssemos parar em uma rua sem saída, onde havia pequenos cones nas cores do clube, símbolos do clube pintados nos muros junto aos grafites e uma pequena pista de skate onde moleques chutavam uma pelota, mostrando que ali, no subúrbio da capital, no bairro La Blanqueada, o futebol ainda respira. E nessa respiração, sentimos o cheiro do gol mais perto.

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Buscando estacionar para visitar o clube, vislumbramos o acanhado estádio que se situa na rua logo atrás. Pronto! Missão dada, missão cumprida! E todo bom viajante, tem que contar com a sorte. As equipes de TV brasileiras estavam no estádio fazendo a cobertura do Corinthians na Libertadores e, com isso, os seguranças permitiram que fizéssemos algumas fotos no interior.

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Logo na entrada, uma demonstração da responsabilidade que é defender um clube de massa. Os torcedores deixam suas mensagens de força, apoio e também cobrança, em um painel. E curiosamente o termo em espanhol para designar os torcedores se chama “hinchas”. Este termo tem origem em um torcedor do Nacional que inflava seus pulmões para encher balões de gás em todos os jogos.

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No hall dos elevadores, a imagem do General Artigas e o motivo das cores do clube.  Naquelas redondezas, em 1811, Artigas foi nomeado o chefe dos orientais que conduziriam a independência uruguaia. O local era o rancho de Juana de Suarez, conhecida como “La Paraguaya”, daí as cores do clube, que também guarda semelhança com as cores das bandeiras dos 33 orientais.

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A origem do nome “Quinta de la Paraguaya”

Hora de acessar as arquibancadas! Bom, para quem conhece La Bombonera, no Caminito, podemos dizer que a impressão é a mesma. Ao adentrar as arquibancadas, a sensação de caldeirão que temos pela TV nos foi confirmada. Um estádio marcado na história, que foi reconhecido pela FIFA como o local da primeira partida de Copas do Mundo, em 1930.

E para nossa grande surpresa, adivinhe quem permanece desde 2013, sentado, observando seu “clube de coração”, conforme reza a lenda? Carlos Gardel, o “Zorzal Criollo”, ele mesmo. Derivado da grande disputa por sua nacionalidade, Gardel também gera disputa pelo seu time de coração. E nessa disputa, a estátua-homenagem feita pelo Nacional, até o momento, mostrou-se mais ousada.

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Matéria do “Marca” sobre a inauguração da estátua de Gardel

Matéria da Agência EFE: Gardel torcia pelo Nacional ou pelo Peñarol?

Orgulhando-se de ser o primeiro clube criollo da América Latina, o grande Nacional, ostenta também o tri da Libertadores da América e inúmeros títulos uruguaios, que lhe dão a alcunha de Rey de Copas. Mas o maior “título” para eles vem de mais uma polêmica e conturbada controvérsia com seus adversários. Quem é o Decano do futebol uruguaio? Para La Banda del Parque, não há dúvidas. Club Nacional de Football, fundado em 14 de maio de 1899.

Dentre os jogadores de grande destaque por lá, lembramos Recoba, Dario Pereira, Hugo de Leon, Lugano, Loco Abreu, Ruben Sosa, Rodolfo Rodriguez, e o, super-reconhecido por lá, goleiro Manga.

Seu maior ídolo foi Atilio Garcia, com cerca de 460 gols. No entanto, Abdon Porte ficou marcado na história por dar literalmente sua vida pelo time.

Por fim, fizemos um interessante registro de como a vizinhança está colada com o muro do estádio. Nele mora a certeza de que ao nascer, o pequeno uruguaio, já nasce com a pelota nos pés.

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Essa coluna vai ao ar nesta sexta-feira (06/05), após o jogo de volta pelas oitavas de final da Libertadores, propositadamente para que possamos refletir que o amor pelo futebol está além das quatro linhas. E para que os clubes brasileiros aprendam que é impossível ganhar fácil de um time de expressão uruguaio, seja onde for o jogo. Não sabemos onde o Nacional poderá chegar nessa Libertadores. Mas na noite passada, a tradição e a mística da camisa foram muito bem contadas e o tango uruguaio foi dançado ao som de Gardel.

Wikipedia: Carlos Gardel

Imagens de Thomaz Farkas (da Redação)

Thomas Jorge Farkas, nascido Farkas Tamás György (Budapeste, 17 de outubro de 1924  — São Paulo, 25 de março de 2011), foi um dos pioneiros da moderna fotografia do Brasil.

Húngaro de nascimento, Farkas veio para o Brasil quando criança, em 1930. Seu pai, Desidério Farkas (Farkas Dezső), foi sócio-fundador da Fotoptica, empresa que também viria a dirigir. Iniciou sua carreira de fotógrafo na década de 1940 e foi um dos mais expressivos membros do Foto Cine Clube Bandeirante. Em sua obra destaca-se o registro da construção e inauguração de Brasília. Criou em 1979 a Galeria Fotoptica em São Paulo, destinada exclusivamente à exposição de fotografias.

Engenheiro de formação, foi professor de Fotografia, Fotojornalismo e Jornalismo Cinematográfico da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Foi também produtor de documentários, dentre os quais “Brasil Verdade”, “Jânio a 24 Quadros” e “Coronel Delmiro Gouveia”.

Morreu em São Paulo, aos 86 anos de idade.

Do lado de fora do Estádio do Pacaembu. São Paulo, SP. 1941. Foto: Thomaz Farkas/Acervo IMS Do lado de fora do Estádio do Pacaembu. São Paulo, SP. 1941. Foto: Thomaz Farkas/Acervo IMS[/caption]

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