Sir Robert Charlton (por Paulo-Roberto Andel)

Morreu Sir Robert Charlton.

Foi o maior jogador da Copa do Mundo em 1966, aquela que se intromete em nosso período maior de glórias, que vai de 1958 a 1970.

E foi justamente em 1958 que, meses antes do Brasil encantar o mundo, Bobby Charlton sobreviveu ao maior desafio de toda a sua vida: o desastre aéreo que vitimou oito jogadores do Manchester United. Bobby tinha 20 anos de idade e, refeito da tragédia, ainda escreveria muitas histórias do futebol.

Não bastasse sua trajetória monumental no English Team, Bobby foi um nome lendário do Manchester United na década de 1960, jogando 758 partidas, marcando 249 gols e ganhando nada menos do que dez títulos com a não menos lendária camisa vermelha. Os números são incontestáveis: Bobby foi um monstro.

A única Copa vencida pela Inglaterra sempre gerou especulações, desde o fato de ter sediado a competição até a polêmica envolvendo a final do Mundial de 1966, com o terceiro gol inglês marcado pelo artilheiro Geoff Hurst. Melhor dizendo, um gol onde a bola não entrou mas que, uma vez validado, derrubou de vez os alemães e consagrou o título inglês diante de quase 100.000 torcedores em Wembley.

Se a conquista inglesa foi controversa e deixou dúvidas é fato, mas, se naquela competição houve uma certeza, ela responde: entre tantos craques e craques, a Inglaterra teve o melhor de todos naquela disputa. Naquele tempo, até nós, brasileiros, supremos no esporte, podíamos sonhar com Bobby Charlton ser brasileiro – num país de Garrincha, Pelé, Didi, Gérson e tantos outros gênios.

Por mais que fosse inevitável porque o tempo é implacável, esse é o tamanho da perda do Sir.

Jan Jongbloed, diferente em tudo (por Paulo-Roberto Andel)

Morreu Jongbloed, um dos poucos goleiros a jogar duas finais de Copas do Mundo. Eu me lembro do Taffarel e do Schumacher.

Sua trajetória foi marcada por fatos inusitados. Por exemplo, não era cotado para ir à Copa de 1974, mas acabou sendo não apenas convocado como titular.

Nos anos 1960, ele já fazia algo que hoje é exigência para um bom goleiro: jogava com os pés. E como o treinador da Holanda era Rinus Michels, diferente pela própria natureza, acabou sentando praça numa das maiores equipes de todos os tempos.

Sua convocação para a Seleção Holandesa parecia tão inesperada que, segundo reza a lenda, estava pescando quando soube que disputaria o Mundial da Alemanha. Aliás, Jongbloed adorava jogar e depois treinar times, mas não era muito ligado em futebol como espectador.

Jogando com a camisa número 8 e sem usar luvas, ressalte-se.

Em 1978 era titular na primeira fase, depois perdeu a posição mas a recuperou a tempo com a contusão de Schrijvers, foi à final e esteve a uma bola na trave do título mundial.

Sendo holandês, em mais de uma ocasião esnobou propostas do Ajax.

Já veterano, viveu a tragédia de ver o filho morto em campo por um raio. E ele mesmo teve um infarto em campo, mas se recuperou a tempo de viver mais quarenta anos.

Nós, garotos de Copacabana, que vivemos o primeiro sonho de uma Copa do Mundo, começamos na Argentina 1978. Curtimos Jongbloed como também Sepp Meyer e, claro, Leão Goleirão – era mesmo.

Como o tempo não perdoa, um dos garotos daquele tempo chora a morte de seu goleiro de botão. É que as feras da infância nunca envelhecem: elas permanecem no imaginário de torcedores que, embora sintam no corpo as marcas do caminho, continuam com dez anos de idade.

Por isso, jamais se esquecem de um time laranja, cheio de malucos que trocavam de posição e um goleiro de camisa amarela, sem luvas e que jogava com os pés.

Ah, sim, um dos poucos a vencer o Brasil numa Copa.

Agarra Jongbloed!

@pauloandel

PELÉ (1940-2012) (por Paulo-Roberto Andel)

Faleceu o Atleta do Século XX – o do XXI, ainda não temos certeza ou talvez nem tenha surgido ainda.

O brasileiro mais conhecido do mundo.

Ao lado de nomes como Oscar Niemeyer, Tom Jobim, Carmen Miranda, Glauber Rocha, Lula e Paulo Coelho, dentre outros, Pelé foi um embaixador do Brasil na Terra. O maior de todos eles.

Também o maior jogador de futebol de todos os tempos. Todos, sem exceção, sem necessidade de teoremas confusos e verborragia barata. Com todo respeito aos que discordam desta sentença, não tenho tempo a perder.

Dentre os gigantes da história do futebol, Pelé foi o maior porque nenhum outro fez mais de 1.200 gols, nem ganhou três Copas do Mundo, nem municiou sete dos dez maiores artilheiros da história de um clube de futebol, somando mais de 1.700 gols. Nenhum outro dos maiores craques de todos os tempos tem geniais gols perdidos como ele na conquista de um título mundial – basta lembrar das jogadas maravilhosas contra a Tchecoslováquia e Uruguai no México em 1970 (quando o Brasil deu o troco de 1950), frequentemente reprisadas 50 anos depois. Está tudo no YouTube, felizmente.

Até 1958, o Brasil era um ponto de interrogação no mundo, frequentemente ligado às zombarias da Disney. A infeliz derrota de 1950 nos fragilizou a ponto de Nelson Rodrigues denunciar o complexo de vira-latas como um paradigma brasileiro. A imortal vitória na Suécia transformou a nossa imagem diante do mundo, e o país experimentou uma euforia jamais vista: numa só tacada, vieram à luz a Bossa Nova, o Cinema Novo, o Teatro Brasileiro de Comédia, o futebol brasileiro, o Concretismo, o desenvolvimento à vista, a reforma gráfica nos jornais começada pelo Jornal do Brasil (com Janio de Freitas, ele mesmo) e os sinais de que finalmente o país daria certo.

Entre 1958 e 1970, Pelé deu as cartas no futebol. Fez centenas de gols, liderou o Santos à gloria mundial – lotando o Maracanã com 250 mil torcedores em dois dias – e escreveu boa parte das melhores histórias da Seleção Brasileira.

Ao lado do gênio Garrincha, Pelé disputou 40 partidas com a camisa amarela. Nunca perdeu um jogo.

Há muitos dados que poderiam caber aqui, mas tudo é pequeno diante da despedida do Rei. Ele está para o esporte assim como Miles Davis está para o jazz, Pablo Picasso para as artes plásticas, Saramago para a literatura e Bob Dylan para a canção. Gente que, diante de tanta gente espetacular, teve em si as vírgulas para sobressair.

Ademir da Guia, Dicá, Rivellino, Zico, Sócrates, Falcão, Messi, Maradona, Di Stéfano, Didi, Gerson, Dirceu Lopes, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, Cruyff, Paulo Cezar Caju, Platini, Puskás e tantos monstros do futebol mundial, jogadores colossais, ficam todos no pódio com a prata. O ouro é do Rei. Quem tiver dúvidas, deixe de lado a teimosia e se delicie no YouTube.

Para fechar, gostaria de recontar uma história testemunhada por meu querido amigo, o sociólogo Marcelo Rodrigues Lessa , que por muitos anos foi vizinho de Altair, lateral esquerdo do Fluminense, campeão mundial de 1962 pela Seleção. Durante anos, a filha de Altair teve um sério problema de saúde que exigia uma caríssima medicação trazida do estrangeiro. Por anos a fio, Pelé bancou a importação regular dos remédios. Esta é apenas uma de centenas de iniciativas que jamais ganharam as páginas dos jornais porque, claro, a prioridade é das notícias ruins, muitas vezes manobradas.

Há pouco, Lula e Gilberto Gil se manifestaram sobre a passagem de Pelé. Torcedores comovidos ocupam o Museu do Futebol em São Paulo e o Maracanã, no Rio. Noticiários do mundo inteiro anunciam a relevância do Rei. Populares lamentam nos ônibus e trens.

Vai-se embora um homem que desafiou definições, conquistou o planeta e escreveu uma história vitoriosa. Humano, errou e acertou, acertou muito mais do que seus detratores. Um homem que jamais foi visto em público com agressividade, falta de educação e elegância. Um homem negro que ganhou a admiração e o respeito de milhões de homens brancos, negros, amarelos, de todas as matizes e diversidades. Um homem que encantou o olhar adolescente de meu pai.

Um homem que, a seu modo, mudou o mundo.

@pauloandel

Ainda sobre futebol, apedrejamentos e reflexão (por Paulo-Roberto Andel)

Nesta manhã de domingo triste – meu amigo Caninha se foi -, parei para ler perfis diversos, admiráveis e desconhecidos, todos teorizando sobre a Copa do Mundo. Especialmente os que tentaram fazer um mergulho, digamos, mais intelectualizado sobre o tema.

Para meu gosto e análise pessoal, entre desabafos e decepções naturais, também li um festival de besteiras sobre o assunto. Besteiras colossais, aliás.

O futebol não é apaixonante apenas no Brasil, mas no mundo todo. A Copa do Mundo para a Terra. É um fato. E quem nutre paixão pelo esporte mais popular do planeta não é “alienado” nem vive de “ilusão” por conta dos sentimentos que desenvolveu. Muitas vezes o futebol é bálsamo para aliviar as pancadas diárias na sofrida vida brasileira.

Para quem viveu o Maracanã de verdade até 2010 e vive o esporte, explicar essa paixão no Brasil não é simples. Há uma enorme complexidade em torno do tema, que teorias acadêmicas distantes não dão conta de cobrir. O que dá para dizer é que foi uma febre nos primeiros 25 anos do século XX que nunca mais passou.

Portanto, falarei aqui como o que sou: um torcedor. É apenas o meu relato pessoal e só.

Embora sempre tenha pertencido à maioria pobre da população brasileira, tive uma criação digna, passando por boas escolas, tendo como estudar. Passei muitas dificuldades, mas caminhei até à universidade pública, bem ao lado do Maracanã, para minha alegria

Durante boa parte da minha vida, 25 anos, vivi no bairro mais misturado do Brasil: Copacabana. Lá, vi e conheci de tudo, porque todas as classes sociais interagem de alguma forma, com a quase exceção de parte dos milionários da Avenida Atlântica. Havia interação na escola pública que frequentei, no grupo de escoteiros que fiz parte por muitos anos, mas o único lugar em que realmente sentia integração total era no futebol – de praia, da vila onde estudei, da quadra que alugávamos com trocados no Corpo de Bombeiros.

Quando meu pai começou a me levar ao Maracanã, logo percebi que as pessoas não eram exatamente iguais às de Copacabana (e olhe que lá era tudo misturado). Havia uma mistura única. Várias vezes, ele comprava na bilheteria ingressos extras, três ou quatro, e distribuía para os garotos que pediram dinheiro para comprar um. Eles pulavam enlouquecidos, felizes, se abraçavam e subiam a grande rampa do Maracanã com suas roupas simples, às vezes sem chinelos e isso me emociona porque me leva a mais de quarenta anos atrás.

Eram crianças alienadas ou crianças de posse e total vivência de sua única alegria?

Os melhores momentos de minha vida com meu pai foram no Maracanã, sentado ao lado dele, espremido numa multidão. Cheio de pessoas diferentes, de todos os jeitos, de todas as cores, de todas as classes. Juntos, lamentamos grandes gols dos adversários e comemoramos muito os nossos. Vimos lindos espetáculos de bandeiras e muito, muito pó de arroz no ar. Não era só o jogo, mas chegar cedo, ver a multidão se aproximando, mais de cem mil pessoas pobres e ricas, pretas e brancas, gordas e magras, gays e heterossexuais, todas reunidas em torno do gramado para apreciar arte, num tempo em que tínhamos craques a granel.

Vendo um filme arrebatador, ou uma peça espetacular de teatro, ou ainda um show no inesquecível Canecão, você chegava a quinhentas, mil ou duas mil pessoas reunidas. Por vários motivos, nestes palcos sagrados e fundamentais, não havia a devida mistura social da cidade do Rio. No Maracanã, sim, e com cinquenta ou setenta vezes mais gente. Dá para compreender a dimensão? Isso a cada domingo durante quase sessenta anos, desde 1950.

Gostaria de lembrar que dois dos maiores atores brasileiros de todos os tempos eram completamente apaixonados por futebol: Sérgio Britto e Ítalo Rossi. Se fosse fazer uma lista de músicos, passaria o dia escrevendo, então rapidamente me lembro de João Nogueira, Cartola, João Gilberto e Ciro Monteiro, só para começar.

No Maracanã a gente se sentia gente de verdade, integrada, mesmo que o próprio estádio tivesse sido construído com certos apartes – casos da geral e da arquibancada, por exemplo -, mas eles não deram certo. Ali se vivia o único local do Rio de Janeiro onde o riso, o grito e a lágrima do homem pobre tinham o mesmo tamanho do cidadão rico. O único local. Nem o Carnaval, outro palco espetacular, tinha tanta oferta a preços populares.

Completamente louco por futebol, passei a ler todos os jornais possíveis em casa diariamente. Isso me levou às notícias políticas, de cotidiano, da cidade, de arte e cultura, isso com doze anos de idade. Foi o futebol que abriu espaço para meus outros interesses culturais, que não são poucos – vão de Estatística a botequins. E muitos anos depois de estar com meu pai de mãos dadas no Maracanã, foi o futebol que me abriu as portas para ser um escritor publicado, e consequentemente podendo publicar duas dezenas de livros sobre outros assuntos, no que sou eternamente grato.

Monstros sagrados das letras como Eduardo Galeano, Nelson Rodrigues, Vinicius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade e tantos outros celebraram o futebol em suas obras. É impossível crer que o fizeram por alienação.

Por outro lado, como em qualquer estrato da sociedade, o futebol carrega problemas em seu entorno e até mesmo nas vísceras. Há quem prefira abominá-lo por isso. Eu prefiro procurar nele o que tem de melhor e, na minúscula parte que me cabe, criticar e denunciar o que considero errado e injusto.

O futebol me deu sensação de pertencimento a grupos, me trouxe amigos, me fez ir a veículos de rádio e TV ao vivo que eu jamais imaginaria. O futebol me permitiu passar horas conversando com personalidades como Gilberto Gil e Maria Bethânia. Conheci lugares, viajei e mergulhei tanto em estádios confortáveis como em verdadeiros muquifos para ver jogos com milhares de torcedores ou uns cinco, dez.

Anos depois de publicar meus primeiros livros, passei a produzir obras de outros escritores, em vários casos de futebol. É alienação ou produção?

Por fim, gostaria de dizer o seguinte: o Brasil não vai melhorar em nada porque a Seleção Brasileira é eliminada da Copa do Mundo e então o povo “retorna à realidade”. Diferente de criticar a atuação, apedrejar o futebol não acrescenta nada ao grande debate que todos esperam para que o país saia desse lodaçal. Pelo contrário: o futebol é um dos grandes símbolos da identidade brasileira e deve ser valorizado.

É certo que alguns jogadores famosos estão desalinhados da realidade brasileira e parecem despreocupados com seu povo. Só que eles passam e o esporte fica. Aí está há mais de 120 anos fincado no coração dos brasileiros. E é bom que se diga: mais de 90% dos jogadores de futebol no Brasil não ganham dois salários mínimos mensais.

Tanto faz se é numa arena moderna ou num campinho minúsculo. O futebol une as pessoas, integra, gera convivências e afetos e, num país onde mais de 70 milhões de pessoas oscilam entre a precarização e a miséria, muitas vezes ele é o único momento de alegria – às vezes até de paz. Podem ter certeza: em muitas vezes, o caldo social brasileiro não entornou de vez porque lá estava o futebol ajudando a acalmar os ânimos, em muitas esferas.

Em vez de posts empolados e com teorias confusas, muitos intelectuais contribuiriam para a discussão sobre futebol fazendo exatamente o que fazem com suas temáticas preferidas: pesquisando e estudando em vez de chutar – muito mal, por sinal.

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Paulo-Roberto Andel, escritor e estatístico carioca, é autor/coautor de aproximadamente 40 livros físicos e digitais sobre futebol, poesia, crônicas, humor e política. Edita o site Panorama Tricolor, o blog otraspalabras!, colabora com o Correio da Manhã e o Museu da Pelada. Sobre o Fluminense, seu time de coração, publicou 20 livros.

Dia de Seleção (por Paulo-Roberto Andel)

Quinta, dez pras duas. Lanchei, suei, chorei, tomei banho, jantei bem e fiquei pensando. Marina parou de responder o WhatsApp, deve ter adormecido. Ela trabalha amanhã, ficarei sozinho. Nos últimos tempos, o que eu mais faço é ficar sozinho. As pessoas estão nos smartphones, geralmente muito ocupadas.

Desde aquele dia de muitos anos atrás, com o mar de papel picado que vi na rua em 1978, Brasil 0 x 0 Argentina, lá se foi uma vida. Quarenta e quatro anos.

Vários amigos daquele tempo estão longe ou infelizmente mortos. Meus pais se foram. Tanta, tanta gente. Tem saudade, melancolia e tristeza também.

Nunca é só um jogo, mas jogos e jogos e jogos que vão se acumulando. O garoto Ardiles é um respeitável setentão. Beckenbauer também. Sepp Maier.

Leão, Nelinho, Amaral, Edinho. Jorge Mendonça e Toninho foram embora. Coutinho, Telê, Valdir Peres, o espetacular Sócrates.

Minha vida é longe de ser tranquila, mas nela o futebol é uma presença permanente. É muito bom. Sem o futebol, tudo ia ser muito mais difícil.

A gente vai contando o tempo em Copas. O Sarriá já ficou longe, o México também. A divertida Copa da Itália no Edifício Pampeiro – o Brasil massacrou a Argentina, acertou três bolas na trave e foi eliminado. A Holanda foi eliminada no mesmo dia. Eu era calouro da UERJ.

Sei muito bem que a Copa no Qatar foi um erro, que merece todas as críticas, que não podemos tolerar uma série de coisas. A gente sabe. O mundo tem que melhorar. E as pessoas que se consideram “mais politizadas” precisam aprender que há muita gente politizada apaixonada por futebol, e que sabe melhor do que ninguém onde estão os baixos mundos do esporte. Ninguém é evoluído politicamente por desprezar uma paixão que mobiliza bilhões de pessoas.

São duas da manhã. Eu sinto saudades da Copa da Argentina, não pela ditadura horrenda daquele país, mas por causa de Tarantini, Fillol e Mário Kempes, da fantástica Holanda e do Brasil. Eu tenho saudades de Lato e Trésor. Saudades de colar os escudinhos nos botões, de jogar amistosos com Fred e Floriano, o Luís Fernando também.

O Brasil vai entrar em campo e rememorar os grandes heróis dos anos 1930 e da Copa de 1950 – seleção que sofreu e sofreu muito, sem justiça. Voltar no tempo em que nem Copa havia, como no Sul-americano de 1919 nas Laranjeiras. São muitas histórias numa só.

Daqui a algumas horas eu não vou apenas ligar a TV e ver a estreia do Brasil na Copa do Mundo diante da Sérvia. Não. Mais do que isso, o que vou fazer é pedir ao tempo uma esmola, uma migalha, um golinho dos melhores anos da minha vida. Tempo, esse marcador implacável que sempre vence. Quando somos crianças, o mundo é nosso.

Em 1978 eu tinha uma coleção de tampinhas de Coca-Cola com as carinhas dos jogadores. Ainda não tinha uma mesa de botão. Minha mãe me deu dinheiro para comprar uma cartolina verde, acho que dois cruzeiros. Fiz as linhas do gramado com caneta Bic azul e régua. Na falta de um transferidor, eu fiz as meias-luas e o círculo central com a base de um castiçal que até hoje está aqui em casa. Era um campo pobre, simples, mas bem bonito e desenhado. Posso vê-lo agora com o papel picado sendo jogado pelas janelas de Copacabana.

Agora deu para entender o que eu estou procurando às duas e meia da manhã?

@pauloandel

Brasil 2 x 3 Itália, 40 anos depois (por Paulo-Roberto Andel)

Tudo ainda está muito vivo em minha memória. Eu tinha treze anos e o mundo pela frente. Desde 1981 o mundo se curvava ao talento da Seleção Brasileira, lotada de craques e com atuações inesquecíveis.

Acordei cedo e fiquei na expectativa do jogo. Pela primeira vez eu não iria ver uma partida da Copa em casa. Meu amigo Ivan, também meu vizinho de prédio, me convidou para ver em sua casa. Éramos nós dois mais a irmã dele, a prima e a mãe.

Começou tenso, porque a Itália logo marcou um gol numa cabeçada de Paolo Rossi, mas o Brasil também deu o troco com um jogadaço de Sócrates, o Doutor, a fera cerebral do Brasil com seus toques geniais de primeira e de calcanhar. Gritamos no empate mas estávamos tensos. Por outro lado, o Brasil tinha acabado de dar um baile na poderosa Argentina, o que aumentava nossa confiança.

Houve um branco, a Itália se aproveitou e fez 2 a 1. Paolo Rossi outra vez. Ficamos em silêncio, mas havia muito tempo ainda. Tínhamos a melhor seleção do mundo, precisávamos ter calma e confiança.

No intervalo comemos biscoito e tomamos Coca-Cola. A cada mordida e gole, dava para sentir certa apreensão. O Brasil não perdia um jogo há um ano e meio, era o favorito, brigava de igual para igual. A gente ia empatar o jogo.

Atacávamos, mas o gol não saía. Eles respondiam, tínhamos medo. Acompanhamos tudo em silêncio frente à pequena televisão. E foi aí que Falcão puxou a bola na frente da área e marcou um golaço! Explodimos. Nosso silêncio desabou em meio à comemoração. Os fogos explodiram na vizinhança. Copacabana inteira não gritou pelo gol, mas deu um urro que misturava alívio, dor e esperança.

Rimos e nos abraçamos. O Brasil se encaminhava para as semifinais da Copa da Espanha.

O problema é que o roteiro seria totalmente diferente das nossas expectativas. Veio um escanteio. Uma bola de longe chutada torta e – como assim? – acabou em gol. Gol. O terceiro gol. Gol da Itália. Paolo Rossi de novo, logo ele que tinha o nome parecido com o meu, me dando um castigo daqueles.

Da saída do meio de campo até o último apito de Abraham Klein, a gente só fez ruídos para respirar. Sabíamos o que nos esperava. A janela oferecia um silêncio de cinco mil cemitérios numa segunda-feira à noite. Ficamos tão congelados que nem pulamos quando Zoff fez grande defesa em cabeçada de Oscar, nem quando a Itália marcou o quarto gol, que acabou anulado.

Quando o jogo acabou, tive a reação que uma criança teria num dia de feriado: chamei o Ivan para irmos jogar bola na Lagoa. Ele topou. Combinamos de nos encontrar na rua em dez minutos. Então me despedi da prima, da irmã e da mãe, todas muito silenciosas, e fui rapidamente em casa, onde o silêncio de meus pais era também profundo. E depois de tantos silêncios, entendi que a mais profunda das tristezas nem sempre vem com sons.

Pensando na casa do meu amigo e na minha, aí chorei sozinho no elevador Atlas branco para dez passageiros. Os oito andares pareciam quinhentos. Me recompus, estava sozinho, ninguém me notou na portaria. Logo encontrei o Ivan e fomos chamar mais amigos para o futebol na casa de cada um – os telefones eram raros. Sozinho, pensei: perdemos 1982 mas vamos ganhar 1986. Sonho de menino.

Juntamos uma turma e fomos para a Lagoa a pé. A rua estava deserta. Não havia carros nem ônibus. Não havia pedestres. Nas portarias, não se via os porteiros. Éramos um grupo de garotos atravessando uma Copacabana fantasma, como se tivesse sido abandonada por seu povo. Descemos a Tonelero, atravessamos o túnel, seguimos pela Pompeu Loureiro e tudo era o silêncio de desolação, mas a gente carregava para sempre o amor pelo futebol.

Quarenta anos depois, eu continuo perseguindo o futebol. Demorou, mas vi o Brasil ganhar duas Copas do Mundo. Vi milhares de jogos e dezenas de milhares de jogadores. O futebol ainda é muito importante na minha vida, é uma presença diária. Mas o que penso daquela tarde de quarenta anos atrás é que, de algum jeito, aquilo mudou o jogo que tanto amo e a mim mesmo para sempre.

O futebol ensina muitas coisas. Não se pode vencer todas. Nem sempre o melhor vence. Nem sempre o melhor é tão melhor. Às vezes, o pior é muito melhor do que podemos imaginar. A Itália naquele dia foi melhor e depois se tornou uma merecida campeã. O Brasil perdeu, mas o sonho daquela seleção que encantou o mundo por um ano e meio foi tão forte que, hoje, quarenta anos depois, seu desenho de beleza e poesia ainda está entre nós. O Brasil de 1982, a Holanda de 1974 e a Hungria de 1954 são provas vivas de que há seleções condenadas à eternidade mesmo sem título.

Assim, volto ao velho elevador Atlas e me sinto livre para o choro, o mesmo dos meus treze anos.

@pauloandel

Rincón, garra e talento

Magrinho, ele era homem de frente. Um senhor jogador de futebol. Com o tempo, foi ficando mais forte e passou para a armação. Veterano, virou volante. As mudanças de posição não lhe tiraram o brilho e a eficiência.

Os quarentões se lembram da sova que a Colômbia aplicou na Argentina dentro de casa, fato raríssimo e inesquecível. Era o time de Higuita, de Valderrama mas principalmente de Rincón. Um jogadoraço que não poupou garra e disposição aliados a um talento raro, que acertou muito mas também falhou, claro. Esperava-se mais da Seleção Colombiana? É claro, mas não se pode desprezar o brilho daquele time.

Já campeão no Palmeiras mas sem êxito no Real Madrid – melhor dizendo, sua contratação não pode ser deixada de lado, pois foi uma vitória – Rincón desembarcou no Corinthians e no time alvinegro escreveu o tope de sua carreira: bicampeão brasileiro e campeão mundial de clubes no maravilhoso Maracanã de antigamente. Dividiu as glórias com uma turma da pesada: Marcelinho, Ricardinho, Edílson, Vampeta, alguns destes campeões no do mundo pelo no Brasil em 2002. Rincón era o líder, o capitão. Dividia como se fosse um zagueirão, tinha o pulmão de um jovem da base e atacava como a fera que foi. Não deixou pedra sobre pedra.

Tinha personalidade forte mas a alternava com momentos de extrema simpatia. Para alguns de seus companheiros de TV, já na condição de comentarista, Rincón foi um lorde. Em suma, um craque de muitos ângulos e facetas.

Seu nome está na galeria de grandes jogadores estrangeiros que, jogando por aqui, remetem ao que foi o nosso melhor futebol. Rincón senta praça na cavalaria de Sorín, Pedro Rocha, Forlán, Darío Pereyra, Conca, Petkovic e outros gringos que tinham aquele verde & amarelo nos pés.

Muito antes do justo e razoável, Rincón foi embora. Um segundo de equívoco e a vida escorre. Diante do inevitável, fica a celebração de seu sorriso invencível ao erguer a taça de campeão do mundo pelo Corinthians. Os que o viram em ação nos gramados sabem como ninguém: ele juntou garra e talento como poucos. Que assim continue, onde quer que esteja.

@pauloandel

Dia 16 de julho de 1950

Há exatos 70 anos e alguns minutos, o Rio vivenciava o maior velório de sua história. Muitos cariocas cometeram suicídio, inclusive no Maracanã, palco de Brasil 1 x 2 Uruguai. É um assunto tido como tabu.

Destroçados para sempre, salvo raras exceções, os jogadores brasileiros experimentaram a morte em vida. Alguns sofreram muito, outros até o fim de suas trajetórias.

O peso mais cruel coube a Barbosa, um dos grandes goleiros da história do futebol brasileiro, num exemplo típico de casuísmo presente no cotidiano brasileiro.

Incrivelmente, os uruguaios campeões não escaparam de destinos cruéis: abandonados à própria sorte pelos dirigentes, que se mandaram antes da decisão, comemoraram o título fazendo uma vaquinha para comprar sanduíches no hotel. Obdulio Varela, o líder do time, foi andando pelos bares do Flamengo e Zona Sul, bebeu como nunca, abraçou brasileiros chorosos e se penitenciou para sempre: ignorou holofotes, afastou-se do futebol e teve um resto de vida miserável, assim como vários de seus companheiros.

E foi da dolorosa derrota em 1950 que nasceu a maior potência da história do futebol. Dos exageros daquela tarde vieram as sementes que, vinte anos depois, floresceram na conquista da Taça Jules Rimet, depois de três títulos mundiais.

Há setenta anos, nasceu uma ferida que jamais cicatrizou – e é irônico que dela tenha vindo um caminho para monumentais vitórias.

Enquanto a Seleção de 1950 não tiver a devida reabilitação e reconhecimento, haverá uma lacuna, um hiato indevido.

A memória de Moacir Barbosa merece isso. As vidas que foram desperdiçadas naquele 16 de julho de 1950, porque inventaram que era matar ou morrer, merecem isso. Não é preciso uma Copa do Mundo para saber reconhecer os próprios heróis.

Aquele silêncio do Maracanã abarrotado ainda rasga o ventre dos que amam o futebol, mesmo os que sequer eram nascidos quando tudo aconteceu.

@pauloandel

Os heróis de 1958, 62 anos depois

Houve um tempo em que o Brasil era figurante nas Copas do Mundo, mas tudo mudou com a espetacular Seleção de Didi, Nilton Santos, Garrincha, Pelé e outras feras.

Quase todos os heróis daquela conquista estão mortos, mas a história é eterna. Vivos, Pelé e Zagallo são legendas do nosso futebol.

A carta de Tite para os tricampeões mundiais em 1970

“Tenho viva na lembrança a memória de estar no carro com Parreira, em 2016, a caminho de um encontro com Zagallo. Além do respeito e carinho, também buscava calma e ensinamentos. Escutei relatos que, desde o início de sua carreira como técnico, Zagallo falava sobre temas como a organização da equipe e o estudo profundo – e por longos períodos – de treinamentos e estratégias.

Recentemente, assisti mais uma vez a todos os jogos da Seleção de 70 – confesso que apenas partes da vitória contra a Romênia (3×2) – e pude observar, refletir, opinar mais uma vez… Ou como definiu a poeta Leda Martins, se “toda história é sempre sua invenção”, posso então contar minha história, minha verdade sobre a Seleção de 70.

Tinha nove anos de idade e tenho a vívida lembrança de jogar bolinha de gude enquanto a Seleção disputava a semifinal, contra o Uruguai. Ouvia tudo pelo rádio e, quando o chute de Clodoaldo encontra a rede, largo tudo e saio correndo, vibrando com o gol, talvez imaginando tê-lo feito.

A Seleção Brasileira de 1970 contava com atletas diferenciados e de altíssimo nível: Pelé, Tostão, Gérson, Rivellino, Jair, Clodoaldo e outros mais. Qualidades técnicas e cognitivas. Costumo dizer que essa equipe está em uma prateleira à parte de todas as outras equipes.

É também verdade que após revisitar o tricampeonato no seu aniversário de 50 anos, reforço a qualidade de seu técnico a cada partida assistida. Zagallo é o responsável por adaptar a equipe aos melhores atletas, potencializando-os individualmente e coletivamente enquanto equipe. O “Velho Lobo” é moderno desde 1970, quando respondeu a uma pergunta dos tempos de hoje, um desafio contemporâneo para os técnicos.

Aquele time reunia, na fase ofensiva, criatividade e efetividade. Foram 19 gols marcados em seis jogos. Na fase defensiva havia solidez e organização. Afora os limites humanos, exceção claro a Pelé, conforme a necessidade e/ou a possibilidade, a equipe encantava, competia e vencia. A Seleção das Seleções, bem simples assim!
Lembro de Rivellino relatando como Zagallo o convenceu a jogar como ponta esquerda (externo esquerdo), com liberdade de movimentação quando com a bola (um flutuador), e sem bola preocupado com a recomposição defensiva posicional pela esquerda. Exemplo de liderança transformacional.

Estive também com Gérson antes da Copa do Mundo de 2018. Ele me contou histórias a respeito da equipe e aquilo foi fascinante. Posicionamentos, relações, inteligência do atleta nas percepções da posição e função exercida. Por exemplo, se lembram do gol que me referi no começo do texto? O gol de empate de Clodoaldo contra Uruguai, ao final do primeiro tempo na semifinal da Copa.

Orientação de Gérson, marcado individualmente, para Clodoaldo. Uma troca de função que liberava Clodoaldo para as ações de armação ofensiva enquanto ele, Gérson, permaneceria mais posicional. Percepção e inteligência! E, além de todas as qualidades já exaltadas, um planejamento com preparação física da equipe em alto nível, excelência.

Liderança, carisma e emoção. Marcas de um mestre chamado Zagallo. Desde o famoso bordão “vocês vão ter que me engolir” passando pelo aviãozinho na comemoração de um gol ao brilho no olhar, por vezes lágrimas, que até hoje se evidenciam quando se fala em Seleção Brasileira.

Títulos? Muitos. Se minha pesquisa estiver correta foram 15, sendo Tetracampeão Mundial. Todos menores que o respeito, consideração, virtudes humanas e qualificação profissional conquistados.

Inconfidência. Em uma das conversas que tive com Zagallo afirmei, sinceramente: “Vim aqui além da visita amiga, buscar conselhos e aprender”. Zagallo me olhou sorrindo, com um ar gracioso e devolveu: “Tu já tem experiência e conhecimentos suficientes”.

Zagallo foi mais uma vez de grande sabedoria, sensível para me encorajar e, ao mesmo tempo, sendo humilde no trato humano.

Zagallo sabe que Mestre não ensina, inspira!

Muito obrigado, Seleção de 70.

Muito obrigado, Mestre Zagallo.”

Os tricampeões mundiais, 50 anos depois

Passado meio século que se completa hoje, chega a ser risível que a Seleção Brasileira tenha embarcado para a Copa do México sob absoluto descrédito. Ok, os jogos finais de preparação não foram bons, a confusão com a saída de João Saldanha era viva e, para piorar, os tempos no Brasil não tinham nada de tranquilo. Mas, ainda assim, vendo a quantidade de craques que o Brasil tinha à disposição na Copa, no mínimo era para se desconfiar da chance de sucesso.

A campanha maravilhosa de 1970, com seis vitórias em seis jogos, incluídos três campeões mundiais, não deixa dúvidas. E se o Brasil foi espetacular em 1958 e 1962, mesmo, em 1970 o auge do nosso futebol foi alcançado pela junção da excepcional condição técnica com a capacidade física: todos os seis adversários foram derrotados nos dois quesitos.

Nestes tempos de pandemia, as reprises dos jogos têm sido uma constante, o que ajuda a entender o fascínio dos mexicanos por aquele time, bem como de torcedores pelo mundo afora. E ajudam a desfazer falácias, por exemplo, a respeito de Félix, que cumpriu atuações espetaculares, e de Clodoaldo, com jogadas maravilhosas. O Brasil ganhou a Copa de ponta a ponta, sem um passo em falso sequer, e mesmo quando passou por momentos mais delicados como o primeiro gol do Uruguai nas semifinais, ou ainda o empate da Itália na final, a Seleção Brasileira jamais se abateu e manteve sua autoridade. A lição vinha de longe, doze anos antes, com Didi carregando a bola calmamente depois do gol da Suécia em 1958, para depois comandar o baile do nosso primeiro título mundial.

Cinquenta anos depois, as jogadas da Seleção no México continuam vivas demais na memória popular. Todas são reconhecidas pelos fãs de futebol, e muitas têm a assinatura de Pelé no auge de sua carreira. Deixando o goleiro tcheco Viktor desesperado com um quase gol do meio de campo, ou o uruguaio Mazurkievski a ver navios com o espetacular drible de corpo, Pelé foi tão monumental quanto nos passes para os gols de Jairzinho contra a Inglaterra e de Carlos Alberto Torres contra a Itália. Duas bombas poderosas criadas pela elegância do Rei do Futebol.

Louvar a campanha brasileira em 1970 é reconhecer que, no México, mostramos o melhor futebol de todos os tempos, com talento e resultados. Nunca mais superamos aquele momento, mesmo tendo conquistado mais Copas. Ninguém superou, aliás, mas o nosso encanto é também o sonho de, um dia, voltar a ver uma Seleção Brasileira tão poderosa e qualificada quanto aquela. Por longo tempo ainda tivemos muitos craques mas, por diversas razões, o estoque foi diminuindo, a essência do futebol brasileiro se perdeu e hoje, meio século depois, ainda nos encantamos com o futebol, mas ele não é nada perto do que já foi um dia. Não há como pensar num jogador brasileiro em 2020 que possa ser comparado aos campeões de 1970.

Eram tempos muito difíceis para o Brasil, mas o nosso futebol ajudou a aliviar as almas cansadas de milhões de brasileiros sofridos. Os campeões de 1970 ecoam em nossas mentes diariamente, seja pelos comentários de Gérson, pelas crônicas certeiras de Paulo Cezar Caju e Tostão – que outra seleção do mundo teve dois craques cronistas de alto nível? -, pelas aparições de Rivellino na TV. E, claro, por causa de Pelé. É dia de exaltá-los ainda mais, pelo que fizeram, pelo que representam e pela lucidez que nos resta. A Seleção de 1970 é nossa melhor referência e talvez só tenhamos paz no futebol quando, um dia, formos capazes de repeti-la ou, ao menos, de nos aproximarmos dela.

Félix, Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo, Gérson e Pelé; Jairzinho, Tostão e Rivellino. E Paulo Cezar. E Marco Antônio. E Roberto Miranda. E Joel Camargo, Leão, Baldocchi, Fontana, Zé Maria…

Há cinquenta anos, vivemos um sonho que não termina.

Foto: Orlando Abrunhosa.

Retratos de uma Copa do México

Revendo Brasil e Peru, 1970.

Tudo era bonito ali. Os uniformes, as placas vintage dos anunciantes, a bola.

Do jogo nem se fala.

E o Peru tinha um timaço com Cubillas e Chumpitaz, mas o Brasil poderia ter feito sete ou oito sem susto, tamanha a quantidade de gols perdidos.

Não é difícil entender o encanto pela Seleção de 1970. Antes, havíamos ganho em 1958 e 1962 com dois super times espetaculares, mais os destaques de Pelé e Didi na Suécia, assim como Garrincha no Chile. No México, não: lá era o time, era uma conjunção.

Ninguém é louco de não reconhecer o lugar de Pelé no topo, mas o Brasil era coletividade o tempo todo. E a beleza daquele coletivo, associada aos enormes talentos individuais, resultou num time do sonhos que até hoje tentamos repetir, sem sucesso, mesmo tendo vencido mais outros dois Mundiais. Daquele jeito que foi a campanha de 1970, nunca mais.

Ironicamente Didi, o monstro dos monstros, ficou à beira do campo nos 4 a 2; afinal, era o treinador peruano. Espectador privilegiado, ele viu seus sucessores comerem a bola.

Eu era pequeno, mal tinha dois aninhos e só fui ver o álbum de figurinhas do meu pai em 1973 ou 74, mas toda aquela atmosfera me soa muito familiar.

Era o Brasil, era a vitória de ponta a ponta.

Que timaço!

@pauloandel

A máquina laranja

Colaboração de Leonardo Baptista
batistaleonardo668@gmail.com

Muito se discute sobre o futebol que, de vez em tempos, vem à tona encantando o mundo com passes certeiros, dribles e uma função tática reconfortante para os que assistem, capaz de calar até mesmo a mais acalorada discussão em mesa de bar sobre como se deve ou não jogar o esporte bretão. Porém, muito do que se fala pouco se imagina sobre como se sentiram os fãs e torcedores que tiveram contato pela primeira vez na história com um futebol como esse.

Estamos falando, é claro, da famosa laranja mecânica de 1974, que não começou naquele ano, tampouco terminou, mas que é referência ainda hoje em toda seleção que se destaca pelo toque de bola e futebol virtuoso; a seleção holandesa se destaca como revolucionária apenas quatro anos depois de um Brasil tricampeão mundial ocupar este “trono” de inventores de uma nova forma de jogar futebol. Ainda a Alemanha Ocidental supercampeã, que seria seu algoz na fatídica final da Copa de 1974, não seria tão bem lembrada pelo seu jeito de jogar: o carrossel holandês, como foi chamado, ao ficar com o vice do Mundial, mostrou que naquela edição em específico trazia algo que ia muito além das quatro linhas.

Não é necessário procurar muito para encontrar relatos de jogadores que enfrentaram aquela seleção totalmente horrorizados, pelo fato de não saberem o que fazer ou como agir diante de tal espetáculo dentro de campo, um futebol que vinha das bases holandesas multicampeãs em torneios de clubes, comandada por Rinus Michels e liderada (como se não pudesse faltar) por um craque bem ao estilo da época – Johan Cruijff -, que deixava os espectadores tão embasbacados quanto os jogadores que a enfrentavam, com toque de bola, marcação no campo adversário, zagueiros atacando, atacantes defendendo, três, quatro holandeses em cima de cada adversário que tentava ao mínimo ficar com a bola, sem entender como ou quem era o time que os atropelava com uma sutileza e a sensação de facilidade como se praticassem outro esporte.

Logo ao início da Copa um susto: o Uruguai, tradicional e poderoso em competições foi massacrado pela inovadora seleção, que nunca havia tido destaque no cenário mundial quando se fala em seleções. Naquele jogo as próprias palavras do meia uruguaio Pedro Rocha descreviam o sentimento dos adversários frente a
à seleção de Cruijff:

“Por duas vezes, em campo, quis chamar a minha mãe: a primeira, com 17 anos, na minha estreia no clássico Peñarol e Nacional, em pleno Centenário. Na segunda, com 32 anos, quando enfrentei a Holanda na Copa de 1974. Quando peguei a bola pela primeira vez, quatro jogadores vieram para cima de mim e me tiraram a bola. Não entendi nada, mas na segunda vez, a cena se repetiu, e foi assim o jogo todo. Ali, eu quis a minha mãe”.

E foi assim que o mundo viu, de fato, a “sombra laranja” que assolava a Europa sendo tricampeã consecutiva do campeonato continental (1971,1972,1973). Daquele momento em diante o futebol como era jogado pela seleção holandesa seria chamado de “futebol total”, e não seria por menos, pois nunca antes havia se visto forma tão bela de jogar futebol. Mesmo o lendário Brasil tricampeão do mundo, que tinha causado espanto similar, parecia apático diante daquela Holanda e, não por menos em um jogo belíssimo, o próprio Brasil de Rivellino e Jairzinho sucumbiu aos holandeses.

Coube à Alemanha Ocidental parar o carrossel holandês através de um futebol frio, tático, físico e objetivo. Mas a derrota na final não aconteceria sem a mágica dar seu último e maravilhoso suspiro naquela competição. Ao iniciar o jogo, a Holanda com seu toque de bola e movimentação em segundos chegou à área alemã, que não teve outra opção senão cometer um pênalti, cobrança feita e 1 a 0 para os holandeses. Nunca antes ou depois, na história da maior competição do maior esporte do mundo, uma final começou com uma seleção pegando pela primeira vez na bola ao fundo de sua rede. Foi assim que a Holanda deu sua cartada final, e os alemães enfim conseguiram a virada.

Muito se discute sobre como o “futebol total” impactou o mundo em sua época e depois dela. Essa filosofia se perpetuou pelos campos de futebol do mundo, principalmente da Espanha, onde Cruijff se sagrou campeão como treinador, e é dito como o precursor da filosofia de jogo que lá é praticada até hoje, sendo essa a filosofia da seleção espanhola campeã do mundo em 2010 e, pasmem, até a seleção alemã campeã em 2014 teve como referência em seu trabalho o “futebol total”, de quem fora algoz quarenta anos antes.

É complicado afirmar, de fato, qual a maior seleção dentre as que não ganharam a copa, se o Brasil de 1982 e 1986, a Hungria de 1954 e muitas outras, mas é fato dizer que em 1974 especificamente, o ouro da taça não reluziu mais do que o laranja do carrossel holândes. Em 1974 nem tudo que reluzia naquela Copa era ouro, mas laranja.

Aquele Gordon Banks

Brasil e Inglaterra na TV há pouco. Meio século depois, o jogão da Copa do México ainda é muito falado, com razão.

Dez entre dez comentaristas cravam como grande lance a defesa de Gordon Banks, com razão.

O Brasil levou uma bola no travessão. É do jogo.

Agora, o nosso gol é um clássico eterno do melhor futebol do mundo: Tostão deixa três ingleses de bobeira e cruza lindamente; Pelé deixa outros dois com um toquinho colossal, enjoado; finalmente Jairzinho ajeita e solta a bomba.

Estava rediviva a mística de 1958 e 1962.

Os uniformes eram lindos de morrer, achado maravilhoso de Ibrahim Sued. Até as placas da Esso na linha de fundo eram charmosas. Os caracteres no placar na tela da televisão. Tudo.

As imagens da Copa de 1970 estão muito vivas para quem gosta de futebol. Compreende-se: foi a primeira que vivos com os próprios olhos dentro de casa. O time era o maior de todos os tempos. Todos os craques voltariam para o Brasil e viveriam aqui, muitos ainda jogando várias temporadas.

Jairzinho, Gerson, Tostão, Pelé e Rivellino. Podia ser o quinteto de Miles Davis em “Kind of blue”. O MPB4 cantando “Roda Viva” com Chico Buarque. Uma mesa em Paris com Hemingway e seus pares. Mas é o nosso melhor futebol, com as nossas lindas cores, fazendo os olhos de milhões de torcedores brilharem, dando uma réstia de alegria para um país com portões fechados.

Três anos depois do tri, os garotos de quatro ou cinco anos ficavam embasbacados com as figurinhas dos heróis da bola. Só de ouvir falar nos tricampeões do mundo, muitos se apaixonaram pelo futebol para sempre. Taí a coluna que não deixa mentir.

@pauloandel

Ainda sobre 1982

Na era do caos pelo Covid19, as reprises são abundantes nos canais esportivos. Na semana passada, com a campanha do Brasil na Copa de 1982, vieram à tona enormes discussões sobre o que seria a verdade do time de Telê Santana no Mundial da Espanha. Para muitos, um engodo. Para outros, abaixo do esperado. Para alguns, tudo muito discutível, mesmo que seja um dos times mais respeitados da história das Copas do Mundo, ao lado de outras admiráveis não campeãs como a Hungria de 1954 e a Holanda 1974/78.

Importante pontuar que as retransmissões foram feitas sem as análises e narrações originais, que dariam muito do clima da época, mas há muito além disso.

Primeiro: aquela foi a última vez em que a Seleção Brasileira era realmente popular. Praticamente todos os seus jogadores atuavam no Brasil. Os campeonatos regionais e o brasileiro reuniam com facilidade públicos de 50, 80 ou 100 mil pessoas. Era um time identificado com seu povo.

Segundo: Telê Santana vai para a Seleção Brasileira depois que o Palmeiras, time que treinava à época, massacrou o poderoso Flamengo nas quartas de final de 1979 em pleno Maracanã numa atuação arrebatadora. Ele se torna o treinador exclusivo e a Seleção é chamada de “permanente”, passando a se apresentar e jogar mensalmente. Em pouco tempo Telê resgata a paixão pelo futebol depois do fiasco da Copa América de 1979. Entre 1980 e 1982 a Seleção faz grandes partidas, dá exibições e chega à Espanha como a favorita ao título. Naquele período, o Brasil sofreu apenas duas derrotas: uma para a URSS, no começo do trabalho, e outra para o Uruguai, na final do Mundialito de 1981, torneio realizado naquele país em comemoração do cinquentenário da primeira Copa do Mundo (com um ano de atraso).

Terceiro: a credibilidade da Seleção tinha fundamento. Em 1981, o Brasil fez uma excursão à Europa e bateu três potências: Inglaterra (1 a 0), Alemanha (2 a 1) e França (3 a 1). Aliás, na primeira Era Telê o Brasil venceu a Alemanha, que seria vice-campeã mundial, por três vezes, uma delas por 4 a 1. O time era cantado e decantado por toda a imprensa esportiva mundial, sem exceções. E a base do time vinha de timaços como São Paulo, Atlético e Flamengo.

Tudo isso gerou uma enorme expectativa que na Espanha não se confirmou. Há muitos motivos mas, descontando-se a estreia contra a URSS, sempre complicada e nervosa, a Seleção passou com muita facilidade pelos seus três adversários a seguir. Se Escócia e Nova Zelândia eram fácies de bater, o mesmo não se pode dizer da Argentina, que sempre é um osso duríssimo de roer. A vitória por 3 a 1 foi inconteste. Quatro vitórias em quatro jogos, ainda que sem o brilho de quem costumava oferecer shows – mas todos sabemos que, na Copa, é diferente. Com seis gols nas duas primeiras partidas, o Brasil superou a estatística empacada desde 1954.

O jogo contra a Itália era muito perigoso, mas muitos italianos reconheciam a superioridade brasileira e a vantagem do empate para os então tricampeões mundiais. Só que a Itália jogou como nunca, esteve à frente do marcador em boa parte do jogo e, no fim, conseguiu sua vitória em uma jogada até inesperada (o peteleco de Tardelli se converter num passe para a finalização qualificada de Paolo Rossi). Os italianos foram melhores e souberam alcançar o resultado. O timaço brasileiro, com exceção de bons momentos de Sócrates e Falcão (por sinal, autores dos gols), fez uma de suas piores partidas desde que o trabalho iniciara em 1980.

Por muito tempo, certa empáfia atribuiu aos italianos a pecha de “zebra”. Ledo engano: um time com Zoff, Scirea, Cabrini, Tardelli, Antognioni, Altobelli e Paolo Rossi jamais poderia ser uma zebra. Fez uma primeira fase sem vitórias, mas mostrou força ao derrotar os argentinos. E contra o Brasil arrancou para o título merecido.

Desde então, nenhuma outra derrota brasileira numa Copa do Mundo deixou o país tão triste quanto essa do Sarriá. A relação mudou para sempre. O Brasil fechou as portas por 24 horas. Não foi a derrota em um jogo, mas a de um encanto regular do futebol brasileiro por mais de dois anos. Muito mais do que a retransmissão de uma partida onde tudo deu errado contra um grande adversário. E custou caro ao futebol mundial, com a obsessão pelo chamado futebol-força.

Pelo menos, a reprise de Brasil 2 x 3 Itália serve para tirar de vez a culpa exclusiva de Serginho pela eliminação. Ele não foi bem, mas definitivamente não deveria ter sido o bode expiatório. Waldir Peres, que falhou contra a URSS, mostrou muita segurança no resto da competição e não teve culpa nos gols. Feras como Éder e Zico estiveram apagadas. Edinho e Roberto eram dois jogadoraços, mas é difícil cravar que resolveriam sozinhos a parada contra os italianos. É certo: Luizinho, um craque, jogou mal a Copa. Leandro e Júnior, craques, cederam generosos espaços de contra-ataque. A Seleção na Espanha jamais foi a mesma que havia encantado o mundo nos dois anos anteriores, mas sua imagem anterior era tão poderosa que prevaleceu.

Os campeões de 1994 e 2002 realizaram partidas até piores do que os derrotados na Espanha, mas a vitória final apaga os erros. Não é preciso tirar-lhes o brilho para elogiar a Era Telê na CBF. Tivemos brilho também em 1938 e 1950, tínhamos craques em 1966 mas o fracasso foi grande. A Seleção de 1982 mantém o respeito porque foi muito vista em seu auge ao vivo e na TV.

Ao ser recebido para a coletiva após a derrota para a Itália, Telê Santana foi aplaudido de pé por mais de duzentos jornalistas. Se isso não tiver significado nada, talvez os torcedores do São Paulo em 1992/1993 possam explicar melhor.

@pauloandel

Didi, o craque da Copa do Mundo de 1958

Colaboração do jornalista Luiz Paulo Silva

Reproduzo abaixo matéria da revista Manchete, de 1958, do saudoso jornalista Ney Bianchi, ao fim da Copa do Mundo daquele ano, enaltecendo as atuações de Didi, que foi considerado o craque do mundial. Teve até eleição entre os jornalistas que cobriram o evento e Didi ganhou disparado (1.350 votos). Detalhes: 1) Pelé não aparece entre os dez melhores; 2) Gilmar ficou em quarto (235); 3) Garrincha e Nilton Santos ficaram em sétimo e oitavo (com 130 e 123 votos, respectivamente); 4) Fontaine, o francês que marcou 13 gols naquele mundial, ficou em nono, com apenas 103 votos.

Eis a matéria, abaixo:

CONSAGRADOR E DEFINITIVO:

DIDI, O “CRAQUE DO MUNDO DE 58”

Estocolmo, junho (de NEY BIANCHI e JÁDER NEVES, enviados especiais)

Didi está consagrado como o maior jogador da Copa do Mundo de 1958. Equivale a dizer: é o maior astro do futebol mundial, na atualidade. A seu respeito, muita coisa tem sido escrita, reportagens inteiras. Quando, ao término das oitavas de finais Didi foi citado como o craque das eliminatórias, já havia nos afirmado:

— O que interessa é ganhar a Copa do Mundo.

Agora, quando foi consagrado como “o craque do mundo”, repetiu o refrão, mudando apenas o tempo do verbo:

— O que interessava era ganhar a Copa do Mundo.

“UMA PÉROLA NEGRA, RARA E BRILHANTE”

Gabriel Hannot não se cansou de escrever para o seu diário “L’Equipe”:

— Este homem é, em verdade, uma pérola negra muito rara e valiosa, que todo amante do bom futebol deve procurar ver e relembrar para todo o sempre. Não é muito comum aparecer um jogador de tais virtudes, em qualquer parte do mundo. Didi é, a um tempo, artista, malabarista e jogador de futebol. Um passe seu de cinquenta metros equivale a meio gol. E, quando chuta, suas bolas fazem como o mundo. Giram, giram, giram. E traçam irremediavelmente uma parábola fatídica para o melhor dos arqueiros…”

“VALE A PENA PAGAR PARA VER DIDI”

Ainda nos tempos em que não havia otimismo por aqui, com respeito à conquista da Copa, os jornais suecos se ocupavam de Didi, elogiando-o. Agora ocupam-se dele prevenindo. O “Svenska Dagen” foi um dos que escreveram:

— Qualquer “ticket”, por mais caro que seja, vale a pena ser pago, só para que possamos ver Didi jogar. Não sabemos quando virá à Suécia, outra vez, um craque de tal valor.

A verdade é essa: Didi jamais jogou tanto, em toda a sua vida, o que é, em síntese, também o caso de Gilmar, que atingiu o pleno da sua maturidade esportiva. Mas também ele nunca teve tão grande vontade de vencer. Já dissemos: rezava, quando tocavam o hino nacional, nos estádios. E olhava o céu, longe…

“DEFINITIVO: O CRAQUE DO MUNDO”

A própria enquete que o “Press Club” da Copa fez para apontar o melhor jogador da Copa foi definitiva. Didi mereceu a grande maioria dos votos de todos os jornalistas presentes, destacando-se como um craque excepcional. Eis, em síntese, a distribuição desses votos:

DIDI (Brasil)…………… 1.350 votos

Kopa (França)..………… 456

Skoglund (Suécia)…..… 436

Gilmar (Brasil)….….…. 235

B. Wright (Inglatterra)… 134

Greg (Irlanda)…………. 132

Garrincha (Brasil)…….. 130

Nilton Santos (Brasil)… 123

Fontaine (França)……… 103

Rahn (Alemanha).………. 97

E outros, menos votados, valendo acrescentar que todos os jogadores brasileiros receberam votos.

Um canhão chamado Nelinho

Um dos maiores laterais direitos de todos os tempos, Nelinho marcou muitos gols, disputou duas Copas do Mundo e dominou o futebol mineiro por mais de uma década, atuando por Atlético e Cruzeiro. Dono de um chute fortíssimo, acertou uma bola fora do Mineirão num duelo com o lateral Toninho, também da Seleção e jogador de Fluminense e Flamengo.

Download gratuito do livro digital “Pedacinhos da Copa”

O escritor Paulo-Roberto Andel, decano de publicações sobre o Fluminense F. C., disponibilizou gratuitamente seu mais novo e-book, intitulado “Pedacinhos da Copa”, onde relata suas impressões e lembranças a respeito do Mundial da Rússia.

 

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