Morreu Jongbloed, um dos poucos goleiros a jogar duas finais de Copas do Mundo. Eu me lembro do Taffarel e do Schumacher.
Sua trajetória foi marcada por fatos inusitados. Por exemplo, não era cotado para ir à Copa de 1974, mas acabou sendo não apenas convocado como titular.
Nos anos 1960, ele já fazia algo que hoje é exigência para um bom goleiro: jogava com os pés. E como o treinador da Holanda era Rinus Michels, diferente pela própria natureza, acabou sentando praça numa das maiores equipes de todos os tempos.
Sua convocação para a Seleção Holandesa parecia tão inesperada que, segundo reza a lenda, estava pescando quando soube que disputaria o Mundial da Alemanha. Aliás, Jongbloed adorava jogar e depois treinar times, mas não era muito ligado em futebol como espectador.
Jogando com a camisa número 8 e sem usar luvas, ressalte-se.
Em 1978 era titular na primeira fase, depois perdeu a posição mas a recuperou a tempo com a contusão de Schrijvers, foi à final e esteve a uma bola na trave do título mundial.
Sendo holandês, em mais de uma ocasião esnobou propostas do Ajax.
Já veterano, viveu a tragédia de ver o filho morto em campo por um raio. E ele mesmo teve um infarto em campo, mas se recuperou a tempo de viver mais quarenta anos.
Nós, garotos de Copacabana, que vivemos o primeiro sonho de uma Copa do Mundo, começamos na Argentina 1978. Curtimos Jongbloed como também Sepp Meyer e, claro, Leão Goleirão – era mesmo.
Como o tempo não perdoa, um dos garotos daquele tempo chora a morte de seu goleiro de botão. É que as feras da infância nunca envelhecem: elas permanecem no imaginário de torcedores que, embora sintam no corpo as marcas do caminho, continuam com dez anos de idade.
Por isso, jamais se esquecem de um time laranja, cheio de malucos que trocavam de posição e um goleiro de camisa amarela, sem luvas e que jogava com os pés.
Ah, sim, um dos poucos a vencer o Brasil numa Copa.
Agarra Jongbloed!
@pauloandel