Mais bagunça das Copas União: 1987/1988

Campeão do campo, campeão do jogo, campeão sem cruzamento, campeão moral, briga na Justiça, decisão do STF… sobre a Copa União de 1987, muito já foi dito.

Quase 30 anos depois de seu conhecido imbroglio, há quem bata no peito e ateste a verdade.

O curioso é que, no dia da decisão do Módulo Verde entre Flamengo e Internacional, nem mesmo jornalistas do Rio de Janeiro, palco da batalha final, tinham absoluta certeza sobre o desfecho da competição.

De São Paulo, idem.

Jornal do Brasil, 13/12/1987 – capa

Jornal do Brasil – 13/12/1987 – Página 62


Folha de São Paulo, 14/12/1987 – capa

Folha de São Paulo, 14/12/1987 – Capa

Jornal do Brasil, 08/02/1988 – Caderno de Esportes

Então viria a segunda Copa União em setembro de 1988. E quem disse que haveria paz no futebol brasileiro?

Folha de São Paulo, 03/09/1988 – Caderno de Esportes

Folha de São Paulo, 03/09/1988 – Caderno de Esportes

Folha de São Paulo, 03/09/1988 – Capa

 

 

 

Valtencir, uma estrela solitária (por Paulo-Roberto Andel)

Valtencir Pereira Senra, nascido em Juiz de Fora, é o terceiro jogador que mais vezes vestiu a camisa do Botafogo, tendo jogado pelo clube da Estrela Solitária em 453 partidas entre 1967 e 1976, ficando abaixo apenas dos mitológicos Garrincha e Nílton Santos.

Foi bicampeão carioca em 1967 e 1968, além de campeão brasileiro em 1968. Jogou uma vez pela Seleção, numa vitória por 4 a 1 sobre a Argentina em 1968, fazendo um gol.

Originariamente lateral esquerdo, passou para a zaga quando da chegada de Marinho Chagas ao clube, também jogando como lateral direito.

Ao deixar o Botafogo, teve uma breve passagem pelo futebol venezuelano e, a seguir, foi para o Colorado do Paraná (que tempos depois se fundiria com o Pinheiros, dando vida ao Paraná Clube). Lá, infelizmente encontraria a morte precoce, aos 31 anos, em pleno campo: num jogo entre sua equipe, o Colorado, e o Grêmio Maringá, Valtencir dividiu uma bola com o meio-campista Nivaldo, da equipe maringaense, quando foi atingido com uma joelhada involuntária e sofreu uma ruptura na coluna cervical. Socorrido às pressas, não resistiu e morreu antes de chegar ao hospital.

Abalado com a morte do colega de profissão, Nivaldo foi internado em estado de choque na mesma unidade hospitalar. Desesperado, anunciou o fim de sua carreira, mas foi persuadido pelos colegas do Maringá e acabou voltando atrás. O jovem jogador depois teria uma trajetória de sucesso em times do Paraná, com destaque para o Atlético.

Sobre Valtencir.

Sobre Nivaldo.

Nivaldo em 2014

Nelson Rodrigues, sobre Barbosa (por Paulo-Roberto Andel)

O tempo e a eternidade

Amigos, o velho Barbosa está fora do Brasil. Mas não importa e explico: — a ausência do verdadeiro craque é tão ativa, militante e absorvente como a presença viva. Só o perna de pau consegue ser esquecido. Um Barbosa, não. Está na longínqua e quase inexistente Escandinávia e continua sendo fato, continua sendo notícia. Ausente dá uma sensação de presença física.

O velho Barbosa! Digo “velho” e já retifico: — não é velho coisa nenhuma. Amigos, não existe a menor relação entre Barbosa e a sua idade. Ou melhor: — idade e pessoa não coincidem no arqueiro vascaíno. Ele tem o quê? Uns 37, 38 anos. Para as outras atividades, o sujeito pode ter isso ou mais, impunemente. Mas o tempo, no futebol, é rapidíssimo. Um minuto vale um mês ou mais. E, aos 37 anos, o indivíduo é gagá para a bola, e insisto: — o indivíduo baba de uma velhice irremediável. A própria bola, o refuga e trai. E Barbosa continua notícia, continua fato pelo seguinte: — porque é eterno.

E quando Barbosa joga acontece apenas isto: — ele esfrega a sua eternidade na cara da gente. Há dias, escrevi, aqui mesmo, que se trata da eternidade mais viçosa já ocorrida no futebol brasileiro. No comum dos mortais, a vida é uma luta corpo a corpo contra o tempo. O sujeito olha a folhinha e toma um susto ao verificar que estamos em 59. 1959! É o caso de perguntar: — “Já?” Sim, amigos: — Já! Para Barbosa o problema de folhinha e de relógio não existe. É o homem sem tempo, que esqueceu o tempo, que vive sem o tempo, muitíssimo bem. Há os que rosnam: — “Barbosa pinta os cabelos!” De fato, tem já cabelos brancos. Aí o único detalhe de velhice na sua figura ágil, elástica, acrobática.

O problema do arqueiro, porém, não se resume ao desgaste físico. Não. Ele sofre um constante, um ininterrupto desgaste emocional. Debaixo dos três paus, parado, dá ideia de um chupa-sangue que não faz nada, enquanto os outros se matam em campo. Ilusão! Na verdade, mesmo sem jogar, mesmo lendo gibi, o goleiro faz mais do que o puro e simples esforço corporal. Ele traz consigo uma sensação de responsabilidade que, por si só, exaure qualquer um. Amigos, eis a verdade eterna do futebol: — o único responsável é o goleiro, ao passo que os outros, todos os outros, são uns irresponsáveis natos e hereditários. Um atacante, um médio e mesmo um zagueiro podem falhar. Podem falhar e falham vinte, trinta vezes num único jogo. Só o arqueiro tem que ser infalível. Um lapso do arqueiro pode significar um frango, um gol, e, numa palavra, a derrota. Vejam 50. Quando se fala em 50, ninguém pensa num colapso geral, numa pane coletiva. Não. O sujeito pensa em Barbosa, o sujeito descarrega em Barbosa a responsabilidade maciça, compacta da derrota. O gol de Ghiggia ficou gravado, na memória nacional, como um frango eterno. O brasileiro já se esqueceu da febre amarela, da vacina obrigatória, da espanhola, do assassinato de Pinheiro Machado. Mas o que ele não esquece, nem a tiro, é o chamado “frango” de Barbosa.

Qualquer um outro estaria morto, enterrado, com o seguinte epitáfio: — “Aqui jaz Fulano, assassinado por um frango.” Ora, eu comecei a desconfiar da eternidade de Barbosa quando ele sobreviveu a 50. Então, concluí de mim para mim: “Esse camarada não morre mais!” Não morreu e pelo contrário: — está cada vez mais vivo. Nove anos depois de 50, ele joga contra o Santos, no Pacaembu. Funcionou num time de reservas contra um dos maiores, senão o maior time do Brasil. E foi trágico, amigos, foi trágico! Começa o jogo e, imediatamente, Pelé invade, perfura e, de três metros, fuzila. Fosse outro, e não Barbosa, estaria perguntando, e até hoje: — “Por onde entrou a bola?” Barbosa defendeu e com que soberbo descaro! Daí para frente, a partida se limitou a um furioso duelo entre o solitário Barbosa e o desvairado ataque santista. Foi patético, ou por outra — foi sublime. E porque, na sua eternidade salubérrima, ainda fecha o gol, eu faço de Barbosa o meu personagem da semana.

Publicado na Manchete Esportiva, 30/5/1959, e também em “A Pátria de Chuteiras”, 2013, página 72

Dadinho e Alcino, reis do Remo (da Redação)

Alcino e Dadinho

Dadinho, com 163 gols é o maior artilheiro da história do Clube do Remo, e três vezes artilheiro do campeonato paraense.

Paulista, começou a carreira no Itabuna, no anos de 1978, tendo defendido diversos outros clubes em sua carreira: Saad-SP, Santa Cruz, o extinto Pinheiros (hoje Paraná Clube), Inter de Porto Alegre, Ceará, ABC e Paysandu.

A história de Dadinho também é marcada no grande rival do Remo, o Paysandu: ele foi o autor do gol do título brasileiro do Papão na Série B em 1991.

Em 2011, o artilheiro morava em Indaiatuba-SP com a esposa e dois filhos, trabalhando fora do futebol, numa concessionária de veículos, na parte de monitoria do sistema de câmeras de segurança da loja.

O segundo maior artilheiro da história do Remo é o carioca Alcino “Motora” (Alcino Neves dos Santos Filho), com 158 gols. Começou no Madureira, depois também atuando pela Portuguesa de Desportos, Grêmio, Atlético Goianiense, Bangu, Rio Negro-AM, Internacional de Limeira e Pinheirense-PA. Foi tricampeão paraense entre 1973 e 1975.

Vindo de uma juventude difícil, chegando mesmo a ser preso e condenado no Rio de Janeiro, Alcino ganhou a torcida azul por sua garra, irreverência e pelo estilo que depois seria conhecido anos depois por bad boy. Faleceu em 2006, numa situação muito difícil na cidade paraense de Ananindeua, onde morava de favor em um sítio.

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Luiz Fumanchu (por Paulo-Roberto Andel)

Do tempo em que o futebol tinha pontas e enchia os estádios brasileiros, um jogador de apelido curioso marcou época nos anos 1970, tendo jogado por três grandes clubes do Rio de Janeiro e dois de Pernambuco durante a carreira.

Jorge Luiz da Silva, o Fumanchu, começou sua carreira no Castelo do Espírito Santo, a seguir se transferindo para o Vasco. Ao chegar ao time profissional, foi emprestado para o Sport do Recife, voltou, foi titular e depois acabou negociado com Santa Cruz, onde encontraria aquele que seria seu parceiro de ataque em Nunes. Em 1978 os dois foram para o Fluminense; ambos foram negociados com o futebol mexicano (Fumanchu com o América do México, Nunes com o Monterrey) e depois se encontraram no Flamengo.

Com o fim da carreira de jogador no ano de 1985, Fumanchu se formou como treinador de futebol, mas nunca exerceu o ofício. Seu destino era outro: virou radialista e, há muitos anos, milita na imprensa esportiva do futebol capixaba.

A origem do apelido é graciosamente contada pelo próprio Fumanchu, numa matéria publicada pelo jornal O Dia em 2015: “Ganhei o apelido no Vasco, depois de assistir a um filme de caratê no Largo da Cancela, em São Cristóvão. Gostei tanto que voltei a pé para São Januário dando pontapés e golpes na rua e me apelidaram. Mas zanguei e foi aí que pegou mesmo”, lembra o velho atacante: “Hoje agradeço, pois meu nome de batismo é comum. Se não fosse Fumanchu talvez não seria conhecido como sou até hoje”. Confira a íntegra aqui.

Fumanchu em ação pelo Fluminense contra o Vasco

Marcando quatro gols na vitória do Santa Cruz sobre o Campinense por 6 a 0

Fumanchu e Nunes juntos contra o Flamengo em 1978

Ói o Trem! (da Redação)

 

Fundado em 01 de janeiro de 1947 pelos ferroviários Bellarmino Paraense de Barros, Benedito Malcher, os irmãos Osmar e Arthur Marinho, Walter e José Banhos, além de outros, o Trem Desportivo Clube é um dos alicerces do futebol do Amapá.

Tendo sua sede situada num dos mais importantes bairros de Macapá, a capital do estado, o Trem Desportivo Clube já foi por duas vezes campeão amapaense. E também tem uma longa história no antigo Copão da Amazônia, tendo sido pentacampeão de 1985 a 1989.

O nome do clube  é uma homenagem ao bairro onde foi fundado, bem como a profissão exercida por seus fundadores, todos eles ferroviários. Este, por sua vez , recebeu o nome no início do século XIX. Naquela época, foram encontrados na Avenida Feliciano Coelho de Carvalho vestígios de alguns trilhos de trem que possivelmente serviram como meio de transporte do material para a construção da cidade.

Sobre o bairro do Trem – CLIQUE AQUI.

Momentos de dificuldade e superação – CLIQUE AQUI.

Ouça o hino do Trem: