Colaboração de Alberto Lazzaroni
Senhores, isso tudo aconteceu no século passado. Eram os idos dos anos 1970. O ano ao certo eu não sei. Mas, querem saber? Isso é o que menos importa. Só sei que, no melhor estilo Gil Gomes “Meninos, eu vi!”
Era o clássico do bairro. Não tinha mais aonde colocar gente no estádio da A.A. XV de Novembro da Vila Carmari. Mavile x Flamengão. Muita rivalidade em campo. O alviverde contra o rubro-negro. E o melhor: o vencedor levaria o trofeu de melhor time do bairro.
Eu estava muito feliz pois meu pai havia me levado para ver o jogo e só de estar ali com ele, era mesmo motivo para muita alegria. Torcíamos pelo Mavile que era realmente um timaço. O craque era ninguém menos que meu primo, o Verinho. Que jogadoraço! Ditava o ritmo no meio de campo. Além dele, havia também na meiúca o cerebral Beto Minhoca e o artilheiro Índio, além dos sempre eficientes Luizinho e Nelson Bacalhau. Estávamos confiantes na vitória.
O jogo começa brigado e o Flamengão, como esperado, vinha com o claro intuito de segurar o ímpeto do alviverde. E, num lance fortuito, abre o placar. Pronto. Não fez mais nada a não ser pressionar a arbitragem para que o jogo acabasse logo. Não deu certo. O Mavile apertava e num bate e rebate, o artilheiro Índio empata entrando literalmente com bola e tudo. Mal o Flamengão dá a saída, o Mavile retoma a bola e entrando pela direita em diagonal, como um raio, Ju vira o jogo.
Explosão da torcida. Vibração total. Não havia tempo para mais nada e o juiz apita o fim do jogo. Tumulto generalizado. Empurra empurra com a equipe do Flamengão, que tanta cera havia feito, querendo agora que a partida continuasse. Nada feito. O juiz irredutível disse que o jogo havia acabado e os atletas do Mavile correram para a mesa à beira do campo para pegar o trofeu. Mas, que trofeu? Ele não estava mais lá.
– Como pode? – todos se perguntavam.
Nisso, veio um grito. Tá aqui, dentro da sede. Venham!
E foi aquele corre-corre para pegar o troféu. Chegando lá, um funcionário do clube, sede do evento, não queria liberá-lo. Disse que haveria uma nova partida. Foi devidamente “convencido” a fazê-lo.
Os jogadores do Mavile então saem pela rua desfilando com orgulho ostentando o trofeu conquistado. Mas não havia acabado. Numa última e desesperada tentativa, vem de lá um diretor do Flamengão e segura o trofeu, puxando-o para si. Puxa daqui, puxa dali, finalmente o diretor solta o desejado objeto e os atletas alviverdes comemoram como se fosse mais um gol.
No entanto, algo inusitado havia acontecido. O trofeu era formado pela escultura de um jogador chutando uma bola. Na disputa por ele, o braço do jogador do trofeu foi arrancado. Silêncio inicial e perplexidade. Nada muito duradouro. Alguém grita: vai sem braço mesmo!
Carnaval fora de época. Lá se foram eles, sambando e cantando em direção à praça São Jorge, mais especificamente ao local de comemoração de todas as vitórias: a padaria do Seu Tomás. Agora, era só esperar a chegada da bateria do Bloco do Caixote e comemorar até o dia clarear. E o amanhã? Responda quem puder.
Muito bom recorda essa época de ouro, parabéns isso é.muito importe, pois so quem tem passado como os nossos tem lindas histórias para contar.
Oh lembrança boa…Verinho, ninguém te esquece…virou enredo do bloco do caixote. Beto minhoca não vi jogar mas o alemão,jogador de seleção,era reserva dele…dizem!!! Bons tempos…