Perto da cabeceira da cama, encontro um botão do Flu.
Basta um segundo e o futebol dá mil voltas na minha cabeça.
O botão tem vida própria, muito além da mesa de jogo. Ele te leva ao Maracanã, a São Januário, ao Andaraí.
Um gol de Robertinho, de Parraro, de Cano ou até um inédito de Alexandre Jesus.
O botão navega pela grande nuvem de pó de arroz na arquibancada. Abre um bandeirão gigantesco. Vira um super-herói como Ézio, ou viaja 60 anos no tempo para incorporar Waldo, 80 para Romeu Pelicciari ou ainda um século para reviver Welfare, o tanque tricolor.
O sonho que um botão proporciona pode virar cena de cinema dos aspirantes, com um golaço de ninguém menos do que Paulo Cezar Saraceni, fera tricolor que deixou os gramados para mergulhar em câmeras e ação. E torcendo pelo amigo, Mário Carneiro testemunharia o grande gol da geral.
Um botão do Fluminense para atravessar o tempo, recordar histórias maravilhosas e outras terríveis, porque a vida é imperfeita.
Ah, o botão: ele pode ser Telê Santana, Brant, Jair Marinho ou Doval. Pode ser Preguinho, Pinheiro ou Cléber, pode ser Vander Luiz ou Ângelo.
O botão, em campo ou sob simples admiração, é uma vida. Ele é o futebol em riste, a alegria, a saudade.
A saudade.