Internacional de Limeira, 1986 (por Paulo-Roberto Andel)

Dia 03 de setembro de 1986. Uma noite inesquecível para o futebol paulista e brasileiro. Depois de um campeonato disputadíssimo e das semifinais, Palmeiras e Internacional de Limeira decidiram o título do Paulistão diante de quase 80 mil pessoas no Morumbi, 90% delas palmeirenses.

O Palmeiras era tido como favorito natural, apesar de estar na fila de conquistas desde 1976. Tinha investido forte para quebrar o jejum, contando com jogadores consagrados como Lino, Jorginho, Edmar, Mirandinha e Éder. O que ninguém sabia era que a Inter, montada sem estrelas mas com ótimos jogadores, iria crescer como nunca para a decisão.

Pensando com mais calma, dava para perceber que o time alvinegro de Limeira não seria vida fácil: tinha feito um excelente segundo turno no campeonato paulista, contava com o excelente treinador Pepe e, nas semifinais, havia deixado o Santos pelo caminho. Definitivamente, a Inter não era favas contadas.

A primeira partida da decisão havia sido um empate sem gols, o que se repetiu no primeiro tempo da partida de volta – ambas no Morumbi, contrariando a ética futebolística. Resignada, a Inter aguentou a injustiça e botou seu bloco na rua. Logo fizeram dois gols, um com o saudoso Kita e outro com o ponta Tato. O placar de 2 a 0 bateu firme no senso comum e silenciou o Morumbi. Mais tarde o Palmeiras descontou com o zagueiro Amarildo de cabeça, após escanteio cobrado por Éder, dando novos tons ao jogo: a Inter recuou, procurando contra-ataques, e o Palmeiras foi desesperadamente em busca do empate. Kita perdeu uma chance com o gol vazio, e no último minuto o Palmeiras desperdiçou numa cabeçada de Mendonça, ídolo do Botafogo.

Pela primeira vez em 84 anos um time do interior paulista conquistava o campeonato estadual. Para muitos, uma infeliz lembrança daquela noite tinha sido a bola mal recuada pelo lateral Denys, provocando o segundo gol da Inter de Limeira, mas o grande jogo do time campeão não pode ser creditado apenas a uma falha do adversário. Lá estavam Gilberto Costa, o veterano zagueiro Bolívar, mais os atacantes Lê e Tato, nomes de respeito do nosso futebol.

A querida e simpática Inter de Limeira realizou uma grande campanha no ano de 1986. Conseguiu uma façanha que, quase quatro décadas depois, ainda é das maiores em nosso futebol.

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INTER DE LIMEIRA 2 x 1 PALMEIRAS

Local: Estádio Cícero Pompeu de Toledo, Morumbi;
Data: 3 de setembro de 1986;
Público: 78.564;
Renda: Cz$ 2.443.660,00;
Árbitro: Dulcídio Vanderlei Boschilia;

Gols: Kita 4’, Tato 8’ e Amarildo 29’ do 2ºT;

Inter de Limeira: Silas; João Luiz, Juarez, Bolívar e Pecos; Manguinha, Gilberto Costa e João Batista (Alves); Tato, Kita e Lê (Carlos Silva). Técnico: Pepe.

Palmeiras: Martorelli; Diogo (Ditinho), Marcio, Amarildo e Denis; Lino (Mendonça), Gerson Caçapa e Jorginho; Mirandinha, Edmar e Eder. Técnico: José Luiz Carbone.

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