Dinizismo assina supremacia tricolor (por Robertinho Silva)

Os números estatísticos da partida entre Fluminense e Botafogo comprovam a superioridade tricolor. A equipe comandada por Fernando Diniz teve mais posse, finalizou mais vezes sem se preocupar com os riscos que a postura ofensiva poderia oferecer. O Botafogo recheado de desfalques adotou uma postura mais defensiva, postura também adotada por outros clubes (América Mineiro, Juventude e Flamengo) sem muito sucesso. Isso porquê o Time de Guerreiros conseguiu encontrar espaços na defesa do time do português Luís Castro, que adotou um 5-4-1.

O Time de Guerreiros fez uma partida muito próxima da perfeição. Preencheu bem os espaços, jogou com intensidade, marcou no campo de ataque, fez um jogo vertical e de muita aproximação entre os setores. Um verdadeiro nó tático. O herói deste domingo foi o zagueiro Manoel.

Na humilde opinião deste que vos escreve, o Botafogo tentou jogar mais recuado, preencher os espaços entre as linhas, e apostava em uma transição rápida para surpreender o adversário. A ideia inicial até era boa, mas na prática, esbarrou nos expressivos méritos do Fluminense, que executou muito bem a ocupação de espaço, na pressão ofensiva e na recomposição defensiva.

O Fluminense assumiu os riscos dessa postura mais agressiva, diante de um oponente que saiu fortalecido de uma situação muito mais controversa na rodada passada diante do Internacional. O “Dinizismo” é 8 ou 80. Com certeza em algum momento fez o coração do torcedor acelerar e quase ter um infarto naquelas saídas de bola perigosíssimas. Porém, já fez o torcedor abrir um largo sorriso quando a jogada foi bem executada, vide a jogada que resultou em gol contra o Palmeiras no Allianz Parque.

As ressalvas que alguns da crônica esportiva especializada tinham com relação a Diniz, muito era por conta dos resultados. As boas ideias do técnico, nunca foram condizentes com os resultados. Em 2019, o treinador deixou o Fluminense perto da zona do rebaixamento no Brasileiro. O torcedor tricolor se cansou de ver, um time com 90% de posse, 30 finalizações, e a derrota no final.

Acredito que o que mudou foi que agora o treinador consegue ser ofensivo e ter um pouco mais de equilíbrio e consistência. O Fluminense joga em um 4-2-3-1, com saída de bola bem construída, tendo como ponto alto a aproximação entre os jogadores. Um jogo posicional, físico e de muita obediência tática. As melhores chances do Tricolor carioca surgiram nos momentos em que todo o time se aproximou do setor onde estava a bola e deu opção de passe para quem estava com ela.

O Botafogo teve raras oportunidades de contragolpe no jogo. O lado esquerdo tricolor ainda tem uma certa fragilidade, visto Caio Paulista ter muita vocação ofensiva, atua quase como um ponta, e por ali acaba surgindo espaços pro adversário. Não foi por acaso que a chance mais clara de gol do escrete de Luís Castro surgiu justamente de uma bola longa no lado direito de ataque. Fato é que o Glorioso tinha superioridade numérica no ataque, mas não conseguiu usar esse ponto a seu favor.

As entradas de John Kennedy e Matheus Martins nas vagas de German Cano e Ganso deram mais mobilidade ao Fluminense. O gol saiu aos 36 minutos do segundo tempo pelo zagueiro Manoel, que recebeu passe de Caio Paulista após lançamento primoroso do volante André

A sensação que o Tricolor sai de campo é que o resultado poderia ter sido maior, dado o volume de jogo que teve. Diniz tem participação efetiva no excelente rendimento do meia Nonato, e na grande atuação de Jhon Árias. Como se afinaram no meio de campo Ganso e Gustavo Nonato na meia cancha. Vale destacar também a atuação de Luiz Henrique. A despedida do camisa 11 do Fluminense teve mais uma vitória e mais uma boa apresentação da jovem promessa no Brasileirão. Diniz recuperou o sorriso desse garoto, e o jovem sairá pela porta da frente, deixando saudade nos corações tricolores.

Foto: Vitor Silva/BFR