A sinergia vascaína (por Robertinho Silva)

Os torcedores do Vasco têm dado show nas arquibancadas. A sinergia entre time e torcida tem sido o ponto alto da campanha do time de São Januário. Para se ter uma noção, na temporada passada o Gigante da Colina somou 49 pontos em 38 jogos, enquanto que nessa temporada, o clube soma 30 pontos em apenas 14 jogos, é vice-líder e a sete pontos do quinto colocado.

A torcida parece ter compreendido o momento do clube e demonstra apoio incondicional onde quer que o Vasco jogue. Dentro de campo, um time de operários, que amam a disputa e não fogem da luta. As atuações não são brilhantes, mas são eficazes, o que falta de inspiração, sobra de transpiração.

Após a última vitória sobre o Operário por 3 a 0, o meia Nenê falou dessa sinergia entre clube e torcida; “A gente parece que é um só. Eles enxergam nossa vontade de ganhar o jogo. A gente está vendo que eles estão dando a vida por nós apoiando o tempo inteiro. Realmente muito feliz com essa vitória de hoje. Eram três pontos muito importantes para a gente seguir o nosso caminho e seguir a passos largos para o nosso objetivo.’’

A torcida do Vasco também deu show em São Januário com a faixa “Respeito, Igualdade e Diversidade” em homenagem a causa LGBTQI+.

Embora tenha conseguido o placar de 3 a 0 sobre o Operário, o Vasco passou por momentos de aflição na partida. O time paranaense criou chances perigosas, obrigando o goleiro Thiago Rodrigues a fazer boas defesas. Neste momento, foi que o torcedor cantou a plenos pulmões e jogou junto com o time. Os vascaínos fizeram arte sem instrumentos se valendo apenas da batida do coração.

O Gigante da Colina vem fazendo o que dele se espera, ainda mais se tratando de uma das maiores disputas de todos os tempos na Série B. O nível técnico da competição não tem sido dos melhores, mas tem sobrado emoção, garra, disputas acirradíssimas.

A boa fase vascaína tem alguns ingredientes que acho que valem a pena salientar. O primeiro deles, é a mudança de perfil do elenco em relação ao ano passado. Em 2021, havia um grande número de jogadores que tinham status no futebol, boas passagens por outros clubes. Mesmo que eles não estivessem no auge de suas performances, existia uma ideia que tudo sairia ao natural e o Vasco conseguiria o acesso. Neste ano, muitos jogadores nunca tiveram oportunidades em clubes grandes, muitos estão em busca de um destaque em cenário nacional.

O segundo ingrediente é o fato de alguns jogadores deste atual elenco serem torcedores vascaínos desde a infância, casos do zagueiro Anderson Conceição, do volante Yuri Lara e do lateral Weverton.

O último ponto de destaque para mim, é o fato de a maioria desses jogadores do Vasco terem experiência de já terem jogado a Série B. Incorporaram com facilidade a postura que a competição exige.

Acredito que todos esses fatores, podem ajudar o Vasco a conseguir o acesso.
O Gigante da Colina está no caminho certo. No embalo da torcida, tem tudo pra conseguir esse acesso.

Foto: Daniel Ramalho/CRVG

Dinizismo assina supremacia tricolor (por Robertinho Silva)

Os números estatísticos da partida entre Fluminense e Botafogo comprovam a superioridade tricolor. A equipe comandada por Fernando Diniz teve mais posse, finalizou mais vezes sem se preocupar com os riscos que a postura ofensiva poderia oferecer. O Botafogo recheado de desfalques adotou uma postura mais defensiva, postura também adotada por outros clubes (América Mineiro, Juventude e Flamengo) sem muito sucesso. Isso porquê o Time de Guerreiros conseguiu encontrar espaços na defesa do time do português Luís Castro, que adotou um 5-4-1.

O Time de Guerreiros fez uma partida muito próxima da perfeição. Preencheu bem os espaços, jogou com intensidade, marcou no campo de ataque, fez um jogo vertical e de muita aproximação entre os setores. Um verdadeiro nó tático. O herói deste domingo foi o zagueiro Manoel.

Na humilde opinião deste que vos escreve, o Botafogo tentou jogar mais recuado, preencher os espaços entre as linhas, e apostava em uma transição rápida para surpreender o adversário. A ideia inicial até era boa, mas na prática, esbarrou nos expressivos méritos do Fluminense, que executou muito bem a ocupação de espaço, na pressão ofensiva e na recomposição defensiva.

O Fluminense assumiu os riscos dessa postura mais agressiva, diante de um oponente que saiu fortalecido de uma situação muito mais controversa na rodada passada diante do Internacional. O “Dinizismo” é 8 ou 80. Com certeza em algum momento fez o coração do torcedor acelerar e quase ter um infarto naquelas saídas de bola perigosíssimas. Porém, já fez o torcedor abrir um largo sorriso quando a jogada foi bem executada, vide a jogada que resultou em gol contra o Palmeiras no Allianz Parque.

As ressalvas que alguns da crônica esportiva especializada tinham com relação a Diniz, muito era por conta dos resultados. As boas ideias do técnico, nunca foram condizentes com os resultados. Em 2019, o treinador deixou o Fluminense perto da zona do rebaixamento no Brasileiro. O torcedor tricolor se cansou de ver, um time com 90% de posse, 30 finalizações, e a derrota no final.

Acredito que o que mudou foi que agora o treinador consegue ser ofensivo e ter um pouco mais de equilíbrio e consistência. O Fluminense joga em um 4-2-3-1, com saída de bola bem construída, tendo como ponto alto a aproximação entre os jogadores. Um jogo posicional, físico e de muita obediência tática. As melhores chances do Tricolor carioca surgiram nos momentos em que todo o time se aproximou do setor onde estava a bola e deu opção de passe para quem estava com ela.

O Botafogo teve raras oportunidades de contragolpe no jogo. O lado esquerdo tricolor ainda tem uma certa fragilidade, visto Caio Paulista ter muita vocação ofensiva, atua quase como um ponta, e por ali acaba surgindo espaços pro adversário. Não foi por acaso que a chance mais clara de gol do escrete de Luís Castro surgiu justamente de uma bola longa no lado direito de ataque. Fato é que o Glorioso tinha superioridade numérica no ataque, mas não conseguiu usar esse ponto a seu favor.

As entradas de John Kennedy e Matheus Martins nas vagas de German Cano e Ganso deram mais mobilidade ao Fluminense. O gol saiu aos 36 minutos do segundo tempo pelo zagueiro Manoel, que recebeu passe de Caio Paulista após lançamento primoroso do volante André

A sensação que o Tricolor sai de campo é que o resultado poderia ter sido maior, dado o volume de jogo que teve. Diniz tem participação efetiva no excelente rendimento do meia Nonato, e na grande atuação de Jhon Árias. Como se afinaram no meio de campo Ganso e Gustavo Nonato na meia cancha. Vale destacar também a atuação de Luiz Henrique. A despedida do camisa 11 do Fluminense teve mais uma vitória e mais uma boa apresentação da jovem promessa no Brasileirão. Diniz recuperou o sorriso desse garoto, e o jovem sairá pela porta da frente, deixando saudade nos corações tricolores.

Foto: Vitor Silva/BFR