Num momento terrível como esse, sem fazer julgamentos antecipados, o drama de Jobson já era visível de longe. Muito longe.
O craque precisava mais do que talento com a a bola nos pés, desde jovem.
Os clubes, cada vez mais preocupados em produzir, lucrar, naming rights, “gestão”, “trabalho” e outras quinquilharias da gramática, na verdade são menos profissionais do que as manchetes e as coletivas de TV sugerem. Muito mais gado do que gente, muito mais números do que nomes.
Muitas vezes se fala que as divisões de base têm a missão de “moldar caráteres” ou “forjar homens”.
Quantas vezes estamos vendo o mesmo problema? Carreiras jogadas na lama, drogas, confusões, acidentes automobilísticos, mortes.
Longe de paternalismos ou passar a mão na cabeça de quem comete crimes.
Se foi o caso de Jobson, que a lei seja estritamente cumprida.
Mas não é de se pensar que, enquanto ainda sentimos a bordoada dos 7 a 1, num país onde a cada dia cada manchete é uma outra bordoada, continuamos jogando talentos e talentos fora pela total incapacidade de lapidá-los?
Até 1958, perdíamos para outras escolas de futebol. Desde 2002, perdemos para nós mesmos. E nossa indiferença. Afinal, o mercado é livre.
O caso de Jobson é marcante. Uma decomposição a céu aberto, que poderia ter sido evitada. Por ele mesmo e pelos que lucraram financeriamente com sua efêmera carreira.