Jobson e a derrocada anunciada (da Redação)

Dias depois de ter se envolvido em um novo acidente de trânsito com o óbito de seu cunhado, Jobson volta à prisão.

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É o triste fim de uma das carreiras mais promissoras do futebol brasileiro, impulsionada há oito anos. Na verdade, esse fim já tinha acontecido antes.

E a repetição de um velho problema nosso: uma quantidade expressiva de jovens que possuem enorme qualidade técnica, mas advindos de situação de extrema carência e, num súbito, transformados em ídolos, formadores de opinião, com salários astronômicos na conta e sem o menor preparo para administrar a nova vida, até que a carreira desaba (às vezes literalmente) e, com ela, a própria vida do jogador.

Esta postagem é relativa a uma notícia divulgada hoje, dia 06 de junho, mas se não fosse a data poderíamos localizá-la em décadas e décadas de futebol brasileiro. Jogadores vencidos pelo alcoolismo, pela perda da fama, por diversos problemas extracampo, crimes até. Aqui a situação é a de Jobson, também envolvido com crimes, mas poderíamos falar mais atrás de Garrincha. Ou de Pompéia, o Constellation. Ou de Perivaldo. Ou de uma lista gigantesca de nomes promissores e consagrados. Bruno é outro no sistema carcerário, por exemplo.

O que dizer daqueles que permaneceram no anonimato e, depois do futebol, ainda jovens, ficaram completamente sem rumo? Em dados de 2016, 80% dos jogadores de futebol no Brasil ganhavam até mil reais por mês. A fortuna é uma ilusão para muito poucos jogadores de futebol.

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Jobson ainda tinha muito a fazer. A cabeça não ajudou. Há quem diga que isso é problema de cada um, mas a verdade é que no futebol brasileiro o jogador ainda é tratado como gado. Os clubes têm – ou deveriam ter – a obrigação de formar não apenas atletas, mas homens – uma vez que nas próprias divisões de base, já se sabe que nem todos terão êxito profissional.

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Imagem: Bruno de Lima

Era para ter sido tudo muito diferente com Jobson (da Redação)

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Num momento terrível como esse, sem fazer julgamentos antecipados, o drama de Jobson já era visível de longe. Muito longe.

O craque precisava mais do que talento com a a bola nos pés, desde jovem.

Os clubes, cada vez mais preocupados em produzir, lucrar, naming rights, “gestão”, “trabalho” e outras quinquilharias da gramática, na verdade são menos profissionais do que as manchetes e as coletivas de TV sugerem. Muito mais gado do que gente, muito mais números do que nomes.

Muitas vezes se fala que as divisões de base têm a missão de “moldar caráteres” ou “forjar homens”.

Quantas vezes estamos vendo o mesmo problema? Carreiras jogadas na lama, drogas, confusões, acidentes automobilísticos, mortes.

Longe de paternalismos ou passar a mão na cabeça de quem comete crimes.

Se foi o caso de Jobson, que a lei seja estritamente cumprida.

Mas não é de se pensar que, enquanto ainda sentimos a bordoada dos 7 a 1, num país onde a cada dia cada manchete é uma outra bordoada, continuamos jogando talentos e talentos fora pela total incapacidade de lapidá-los?

Até 1958, perdíamos para outras escolas de futebol. Desde 2002, perdemos para nós mesmos. E nossa indiferença. Afinal, o mercado é livre.

O caso de Jobson é marcante. Uma decomposição a céu aberto, que poderia ter sido evitada. Por ele mesmo e pelos que lucraram financeriamente com sua efêmera carreira.

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