Bloco das Piranhas: o Carnaval da Bola (da Redação)

Mais do que um zagueiro dos bons, Moisés Matias de Andrade era o típico carioca: zombeteiro, irreverente, bem humorado, amante das praias e das ruas.

Autor de pérolas como “Zagueiro que se preza não ganha o (prêmio) Belford Duarte” e “Da medalhinha pra baixo é tudo joelho”, ele fez época no futebol brasileiro dos anos 1970, jogando pelos grandes clubes cariocas e também pelo Corinthians (onde foi campeão em 1977).

Depois, foi um personagem muito ligado ao Bangu, como jogador e treinador, num tempo de grande destaque da equipe alvirrubra, sendo vice-campeão carioca e brasileiro em 1985.

O futebol carioca vivia uma de suas melhores épocas, entre os anos 1970 e 1980, recheado de craques, prestígio e com o Maracanã muitas vezes lotado. Os jogos eram empolgantes, as rivalidades eram saudáveis e o torcedor tinha prazer em acompanhar as partidas.

Moisés faleceu em 2008, e é um patrimônio esquecido da cidade do Rio de Janeiro que precisa ser resgatado. Uma de suas criações tem a ver com o Carnaval: o Bloco das Piranhas, que desfilava em Madureira, composto por jogadores de futebol e celebridades, todos vestidos de mulher. No Bloco das Piranhas, Dé O Aranha, Luisinho Lemos, Joel Santana, Alcir Portela e Brito eram nomes certos a cada folia.

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Uma das grandes celebrações de rua entre os anos 1970 e 1990, que infelizmente não teve sequência – dependia muito dele, Moisés, que era o líder e promotor do bloco. O retrato de um futebol mais simples, do povo, antes da era dos supersalários, seguranças e assessores de imprensa.

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A magia do rádio e a Série C do Brasileirão (da Redação)

Passando pelas cinco regiões do Brasil, a nova série inédita Série C apresenta um novo olhar da cultura brasileira através do Campeonato Brasileiro Série C.

Acompanhando os mais diversos times da Série C, a produção da Raccord, mostra, através do esporte mais popular do Brasil, as contradições, o sincretismo, a popularidade e riqueza do povo que recebeu a Copa do Mundo em 2014. O jogador, o presidente, os treinadores e, claro, os torcedores, são personagens que ajudam a retratar as peculiaridades desta competição que é considerada passagem obrigatória para qualquer time recém-criado que pretenda se juntar às seletas equipes do futebol brasileiro.

Personalidades como o cantor Raimundo Fagner, o rapper MV Bill, Flávio Gomes, Hugo Giorgetti, Juca Kfouri e o cineasta Halder Gomes fazem seus comentários sobre o enorme universo que existe em torno do campeonato. Retratando as mais diversas culturas do país, a série contou com a presença de times que representam as cinco regiões do Brasil: Águia de Marabá (Marabá | PA); Juventude (Caxias do Sul | RS), Cuiabá (Cuiabá | MT), Fortaleza (Fortaleza | CE), Madureira (Rio de Janeiro | RJ), Portuguesa (São Paulo | SP) e Salgueiro (Salgueiro | PE).

Fora de campo – o futebol como ele é (da Redação)

O futebol tinha tudo para ser um dos maiores meios de inclusão social mas infelizmente encontra-se o oposto dessa possibilidade por ser um dos meios mais vil e excludente mas paradoxalmente continua apaixonante e cada vez mais com adeptos e seguidores (torcedores) pelo mundo.

O documentário “Fora de Campo” produzido pelo SESCTV mostra essa crua realidade, onde a paixão e sonho de ser jogador de futebol é usada para alimentar o grande negócio que o futebol tornou-se. Um filme de Adirley Queiroz e Tiago Mendonça.

Ambientado na segunda divisão do Distrito Federal, o documentário trata do proletariado do futebol, enfocando um jogador em atividade, Maninho, personagem mais forte e complexo, mas também outros já aposentados. Um deles fez carreira na Grécia, outro foi ídolo do Vila Nova, há os que vagaram, clube em clube, raros com alguma expressão. Não estão em jogo os gols, os lances ou a mitologia dos boleiros. Está em campo, exatamente, o trabalho. Não sem sonhos. Não sem memórias. Não sem orgulho de conquistas e lutas que, talvez pequenas para nós, são a fonte da vida para eles. A utilização do título é cinematográfica e futebolística. O fora de campo no cinema é um conceito que extrapola a noção de fora de quadro (ainda parte do campo), pois, para além de se relacionar com o não-visível, leva em conta aspectos da ordem do mundo extra fílmico. No futebol, seria quem está de fora, não apenas das quatro linhas, mas da imagem do futebol.

A incrível “barca” rubro-negra de 1980 (da Redação)

Em 06 de dezembro de 1980, terminado o Campeonato Carioca (vencido pelo Fluminense) e no período de férias do futebol, os jornalistas William Prado e João Saldanha criticavam a lista de dispensas feita pela diretoria do Flamengo.

Dentre os jogadores citados, ninguém menos do que Nunes, que seria no ano seguinte o artilheiro da decisão do Mundial Interclubes contra o Liverpool, além de Lico e Adílio, grandes destaques da temporada seguinte, considerada a maior da história do clube da Gávea.

Nenhum deles saiu, mas outros jogadores de ponta como Rondinelli e Júlio César acabariam negociados. E Carpegiani tornaria-se o treinador campeão, substituindo Cláudio Coutinho, que faleceria dias antes da final em Tóquio.

 

 

 

Conversa com JH – o filme (da Redação)

O filme conta o que há por trás da realização de uma biografia, a partir da relação de biógrafo e biografado.

“Conversa com JH” conta a experiência de João Havelange e Ernesto Rodrigues durante a produção do livro “Jogo Duro – A história de João Havelange”.

Os muitos conflitos e obstáculos enfrentados que lidam com a apropriação da história de uma outra pessoa e como ela vê a si mesma no mundo.

A biografia, lançada em 2007, contou com mais de 140 entrevistas de profissionais do futebol, de todos os países do mundo.

Os conflitos culminam ao ponto que Ernesto cumpre seu compromisso de mostrar os originais para o ex-presidente da Fifa.

De brinde, cenas do inesquecível jornalista Geneton Moraes Neto, falecido há um ano.

País: Brasil

Categoria do filme: Longa metragem

Gênero: Documentário

Duração: 93 min.

Ano: 2013

Produtora: Bizum Comunicação

Sinopse: “Conversa com JH” é um mergulho inédito e desconcertante nas fronteiras éticas, psicológicas e profissionais da relação entre biógrafos e biografados, a partir da experiência vivida por Ernesto Rodrigues durante a produção e a finalização de seu livro “Jogo Duro – A história de João Havelange”.

Lançamento do livro tricolor ameaçado de destruição na Justiça (da Redação)

Nesta terça-feira, dia 14/11, o escritor Paulo-Roberto Andel realiza uma noite de autógrafos de seu livro “Duas vezes no céu – os campeões do Rio e do Brasil”.

A obra se refere à trajetória vitoriosa do time do Fluminense em 2012, quando conquistou o campeonato carioca e o tetracampeonato brasileiro.

Desde 2014, o livro sofre um processo judicial que chama a atenção pela brutalidade desmedida: um funcionário do Fluminense, Nelson Nunes Peres do Santos, vulgo Nelson Perez, entrou com uma ação requerendo R$ 50.000,00, a busca, apreensão e DESTRUIÇÃO de todos os exemplares de “Duas vezes”, alegando que o autor da obra manipulou uma foto que seria de sua autoria e exclusivamente sua. No entanto, Nelson omitiu seu vínculo empregatício para a Justiça: é funcionário CLT do Fluminense e, pela Lei Pelé, o titular dos direitos patrimoniais de qualquer foto tirada em campo é o Fluminense. Não bastasse isso, o funcionário cometeu uma atitude hedionda, que é a ambição pela destruição de livros, sem contar o pedido de Justiça gratuita que fez, alegando ser fotógrafo freelancer, ganhando apenas R$ 1.500,00 mensais.

O escritor foi contratado pela editora e, por isso, não teria como fazer qualquer manipulação, dado que tinha um contrato para ceder seus originais e, em troca, receber 10% do preço de capa de cada exemplar. A editora assumiu toda a produção e contratou o artista gráfico Guis Saint-Martin, que fez uma aquarela inspirado numa bandeira de torcida organizada.

Em outubro passado, o Fluminense entrou na Justiça requerendo a condição de assistente do escritor e de sua editora à época, a 7Letras, na direção contrária de seu funcionário e afirmando categoricamente que, além de ter realizado a ação com meio ilícitos, não comunicou o clube, que é o proprietário da foto. O caso está na 15ª Vara Cível da Cidade do Rio de Janeiro.

Paulo é um dos escritores de futebol mais publicados sobre um clube no Brasil. Entre autorias e coautorias, publicou onze livros sobre o Fluminense. Há dias, disponibilizou gratuitamente seus livros “Roda Viva” – volumes I e II NESTE LINK.

 

LANÇAMENTO DO LIVRO “DUAS VEZES NO CÉU”

PAULO-ROBERTO ANDEL

TERÇA, 14/11 – A PARTIR DAS 18:30 H

CASA VIEIRA SOUTO – PRAÇA DA CRUZ VERMELHA, 9 – CENTRO – A 20 METROS DO INCA (ESTACIONAMENTO A 100 METROS, NA RUA HENRIQUE VALADARES, 71)

140 PÁGINAS

PREÇO: R$ 25,00 (SÓCIOS DO CLUBE TÊM DESCONTO de 20%)

 

Rua Tenente Possolo, 15: Jornal dos Sports (da Redação)

Em 1957, o primeiro jornal de esportes do país estava com tudo, e Mário Filho inaugurava uma espetacular sede na Rua Tenente Possolo, número 15, nas imediações da Cruz Vermelha, Centro do Rio.

O suntuoso prédio, com sua vistosa e elegante fachada cor de rosa, passou a abrigar todos os setores do jornal: administração, publicidade, redação e gráfica. A sede própria foi inaugurada em 21 de outubro daquele ano (nesse dia, o JS não foi publicado). No dia seguinte, saiu normalmente.

Ali, o Jornal dos Sports ficou por décadas, até a longa agonia da empresa, outras mudanças de endereço, do próprio nome e o fim. Na Tenente Possolo, foi registrada diariamente por décadas a época mais brilhante da história do futebol brasileiro.

Hoje, quem passa pela calçada nem pode imaginar quão marcante era a experiência de ver a sede do JS. O endereço de ouro da imprensa esportiva do Brasil virou um estacionamento. O letreiro colorido talvez lembre em alguma coisa o querido placar eletrônico do Maracanã, o primeiro, inaugurado nos anos 1970. E só.

Leia sobre o Jornal dos Sports no depoimento do jornalista Waldemar Costa

Jornal dos Sports na Wikipedia

Fotos: P. R. Andel.

Cadê o Zico? (da Redação)

Em 02 de fevereiro de 1983, o Botafogo enfrentava o Colorado do Paraná no Maracanã pelo Campeonato Brasileiro.

Dada a saída para o segundo tempo, com o placar em 0 a 0, um fato inusitado aconteceu: sem que o árbitro Gilson Cordeiro percebesse, o time paranaense havia recomeçado a partida com dez jogadores e… sem o goleiro Zico, que ficara do lado de fora dando entrevistas.

Tão logo perceberam, os jogadores botafoguenses tentaram a todo custo chutar para gol, em vão. Finalmente Zico irrompe o campo e dispara para a grande área, sem autorização do árbitra. Narrando o jogo, o locutor Galvão Bueno mostra sua indignação.

Três anos antes, jogando pelo time do Cascavel, campeão paranaense de 1980, Zico foi o protagonista da partida por uma razão mais nobre: ele marcou um dos gols de seu time na vitória por 3 a 1, vencendo o veterano goleiro Joel Mendes, a quem substituiria mais tarde jogando pelo rival.

Zico jogou pelas seguintes equipes: Cascavel-PR, Colorado-PR, Pinheiros-PR, Grêmio Maringá-PR, CSA-AL, ASA de Arapiraca-AL, Sport de Campo Mourão-PR, Matsubara-PR, Nove de Julho de Cornélio Procópio-PR.

O Fla-Flu em três actos (da Redação)

 

Um curta metragem com direção de Henrique Castelo Branco e argumento de Paulo-Roberto Andel, realizado em 2013, levando um dos maiores clássicos do futebol mundial para o universo lúdico do jogo de botão, baseado em três grandes decisões entre Fluminense e Flamengo.

Wright, Pomeroy, Carioca 1993 etc. (da Redação)

Em 1993, Fluminense e Vasco decidiram o Campeonato Carioca.

Na primeira partida, o Vasco saiu vitorioso por 2 a 0, com dois frangos que encerraram a trajetória do goleiro Ricardo Pinto nas Laranjeiras, e jogava por um empate no segundo jogo. Eurico Miranda, sempre ele, já proclamava o  time da Colina como campeão, mas o Tricolor venceu o segundo combate por 2 a 1, numa partida de arbitragem conturbada de José Roberto Wright, e que também dirigira o primeiro jogo da decisão. Irritadíssimo, EM gritou a plenos pulmões que JRW jamais apitaria a terceira partida. Foi escalado Daniel Pomeroy, cujo trabalho recebeu muitas – e merecidas – críticas na decisão do campeonato, que terminou com um empate em 0 a 0 e levando o Vasco ao bicampeonato estadual.

Conturbações à parte, os três jogos da grande decisão de 1993 levaram quase 180 mil pagantes ao Maracanã, e certamente mais de 200 mil torcedores presentes. Definitivamente, eram outros tempos.

Todo juiz é ladrão; Cabelada, não! (por Paulo-Roberto Andel)

Nesta quinta-feira começa a campanha de crowdfunding para financiar o documentário “Todo juiz é ladrão; Cabelada, não!”, com direção de Leandro Araújo.

Abaixo, o texto da campanha em sua página.

CLIQUE AQUI PARA VER A CAMPANHA NO FACEBOOK

Luiz Carlos Gonçalves, o Cabelada, foi um dos árbitros mais populares e folclóricos da história do futebol carioca. Cunhou o bordão “Todo juiz é ladrão, Cabelada não!”

Cabelada tem tantas histórias incríveis que decidimos fazer um documentário sobre ele. A ideia é contar com muito bom-humor os “causos” da época de árbitro e da vida boêmia, com imagens de acervo de TV, notícias de jornal, áudios de rádio, fotos antigas, além de entrevistas com:

– Ex-jogadores
– Dirigentes de clubes cariocas
– Personalidades do samba
– Jornalistas esportivos
– Amigos e familiares

O filme já começou a ser produzido com recursos pessoais e já temos até teaser trailer. Mas para dar prosseguimento a este projeto precisamos levantar mais uma graninha. Por isso vamos lançar um financiamento coletivo no Catarse.

O financiamento coletivo funciona assim: cada um contribui com o quanto puder na página do filme no site do Catarse. Dependendo do valor da contribuição você terá direito a uma ou mais recompensas. Teremos link para ver o filme online, livros, DVD e muito mais.

A arrecadação começa nesta quinta ao meio-dia. Chame a galera para apoiar. Convide ao menos três amigos para esse evento e nos ajude a fazer o documentário do Cabelada acontecer!

Equipe:
Leandro Araújo – direção e pesquisa
Maria Fernanda Quintela – câmera
Fabricio Barros – câmera
Yanieska Shanah Genaro – Fotografia e som
Victor Viana – entrevista

“Confesso que perdi”, livro de Juca Kfouri (da Redação)

 

Testemunha vida de grandes casos da vida brasileira nos últimos 50 anos, passado pelo esporte e a política, o jornalista Juca Kfouri lança seu livro de memórias, “Confesso que perdi”.

Sócrates, CBF, Diretas Já, ditadura militar-empresarial, Corinthians, Revista Placar, Revista Playboy, Máfia da Loteria Esportiva e muito mais.

Uma degustação em PDF pode ser baixada CLICANDO AQUI.

Aymoré Moreira, uma legenda (da Redação)

Aymoré Moreira (à direita) ao lado de seu irmão Zezé Moreira (este com a camisa do America)

 

Aymoré Moreira nasceu em Miracema, no Estado do Rio de Janeiro em 24 de janeiro de 1912 .

O ex-treinador deu início à sua carreira futebolística como goleiro na década de 1930.

Ainda como jogador, ele defendeu o extinto Sport Clube Brasil, o Botafogo (RJ), e o Palestra Itália (atual Palmeiras).

No final da década de 1930, Aymoré Moreira começou sua história dentro da Seleção Brasileira como goleiro.

Após formar-se em educação física em 1948, ele iniciou sua carreira de técnico de futebol, tendo dirigido alguns dos principais clubes brasileiros -São Paulo, Santos, Corinthians, Portuguesa, Palmeiras Flamengo, Cruzeiro, Vitória e Bahia.

Depois de vencer a Copa do Mundo de 1962, Aymoré trabalhou como técnico no futebol de Portugal e da Grécia.

Ele fazia parte de uma família que deu ao futebol brasileiro mais dois técnicos: Zezé Moreira (que também dirigiu a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1954 – e morreu, no Rio de Janeiro, no dia 10 de abril de 1998) e Ayrton Moreira (que comandou o Cruzeiro na década de 1960, durante uma das melhores fases da história do time mineiro).

A primeira participação de Aymoré Moreira no comando técnico da seleção brasileira aconteceu em 1953.
Em 61, ele assumiu novamente o cargo e permaneceu até 1963. Depois do fracasso do Brasil na Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra, Aymoré foi chamado novamente para comandar a reformulação do futebol brasileiro, que culminaria com o tricampeonato mundial no México, em 1970.

Em 1968, ele foi substituído pelo jornalista e técnico João Saldanha. Aymoré é o técnico que mais dirigiu a seleção brasileira depois de Mario Jorge Lobo Zagallo.

No total, o treinador participou de 61 jogos oficiais à frente da seleção.

Em 57 anos de carreira, Aymoré dirigiu três gerações de jogadores brasileiros: Zizinho e Ademir Menezes (década de 1950); Pelé, Garricha e Zagallo (década de 1960); Rivellino, Tostão e Clodoaldo (final dos anos 1960).

Desde 1979 ele morava em Salvador.

Ao falecer aos 86 anos em 26 de julho de 1998, Aymoré deixou mulher e dois filhos, Sheyla e Éder Moreira.

Marcelo Rezende (1951-2017) (da Redação)

Para milhões de pessoas, a última imagem de Marcelo Rezende é a do apresentador de programas policiais. No entanto, antes disso ele foi um dos grandes jornalistas esportivos de seu tempo, cujo auge foi na chefia de redação da Revista Placar no Rio de Janeiro.

Em outubro de 1982, com a participação direta de Marcelo Rezende, a revista publicou aquela que foi sua mais impactante investigação: a do esquema da Máfia da Loteria Esportiva, que pode ser lida CLICANDO AQUI.

 

A mesma revista publicou uma matéria a respeito do tema um ano depois. CLIQUE AQUI.

Um perfil muito interessante de Marcelo está NESTE LINK.

E ainda um divertido bate bola com ninguém menos do que João Saldanha, seu ex-companheiro de redação, numa edição do programa Roda Viva da TV Cultura, falando sobre homossexualidade no futebol em 1986.

Almir Pernambuquinho (da Redação)

Almir Morais de Albuquerque, o Almir Pernambuquinho, nasceu em Recife, em 28/10/1937, vindo a falecer no Rio de Janeiro em 06/02/1973.

Um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro, de personalidade forte e explosiva, com justa fama de encrenqueiro, protagonizou algumas das maiores polêmicas do futebol de sua época. Envolveu-se em diversas brigas, normalmente provocadas por ele mesmo. Entre essas brigas, destacam-se uma batalha campal entre os jogadores do Brasil e do Uruguai em partida realizada em 1959 entre as seleções dos dois países e, principalmente, a briga provocada por ele na final do Campeonato Carioca de 1966.

Almir morreu assassinado, em 1973, aos 36 anos, numa briga no bar Rio-Jerez, em frente à famosa Galeria Alaska, em Copacabana, no Rio de Janeiro. Segundo testemunhas, ao ver que alguns atores-bailarinos do grupo Dzi Croquettes, ainda maquiados depois de uma apresentação, estavam sendo achincalhados por um grupo de portugueses, o jogador interveio em defesa de atores. Houve uma discussão, Almir agrediu um dos portugueses, e começou um tiroteio no calçadão da avenida Atlântica. No final, Almir estava morto, com uma bala na cabeça.

Seu livro “Eu e o futebol” é um marco da literatura esportiva do Brasil.

CLIQUE AQUI.

A confusão às vésperas do Brasileiro de 1987 (da Redação)

A poucos dias do início da Copa União, guerra entre os clubes: o alijado Bangu, através de Castor de Andrade (ele mesmo!) entraria com uma ação na Justiça para embargar a competição.

SOBRE CASTOR DE ANDRADE

LIVRO SOBRE CASTOR DE ANDRADE

Dirceu Lopes, um gênio cruzeirense (por Paulo-Roberto Andel)

Baixinho, veloz e cracaço, ele marcou época como um dos melhores jogadores do futebol brasileiro e multicampeão pelo Cruzeiro, ao lado de outra fera: Tostão.

No final de carreira, teve uma breve passagem pelo Fluminense (nos últimos suspiros da grande Máquina Tricolor), encerrando no Uberlândia.

Entre 1967 e 1975, o meia disputou 19 partidas pela Seleção Brasileira, venceu 12, empatou seis e perdeu apenas uma. Foram quatro gols marcados e o título da Copa Rio Branco de 1967.

No último dia 03 de setembro, Dirceu Lopes Mendes completou 71 anos. Parece que foi outro dia que ele encantou o Brasil.

Colaborou Bruno Steinberg

No meio do caminho havia um Luxemburgo (por Zeh Augusto Catalano)

 

Fim de semana de eliminatórias. Vários jogos interessantes para serem vistos e outras peladas inaceitáveis sendo transmitidas. O Sportv teve a pachorra de transmitir Bélgica x Gibraltar, na quinta-feira. Um nove a zero muito equilibrado.

Hoje à tarde, me preparei para assistir a uma partida decisiva. A Hungria, em casa, precisava desesperadamente vencer Portugal para seguir com chances mínimas de ir à Copa da Russia. Durante um primeiro tempo pavoroso, a coisa mais interessante que aconteceu foi uma cotovelada desclassificante de um atacante húngaro no Pepe, o sanguinário beque português nascido no Brasil. Foi devidamente premiado com um vermelho da cor de sua camisa e liquidou ali as parcas chances de sua seleção.

Zapeei. Parei em França x Luxemburgo, só esperando para ver de quanto a França já goleava. Aparece o placar. Seis do segundo tempo, zero a zero. Resolvi assistir até onde ia aquilo.

Ia entrar para história.

Luxemburgo se fechou com duas linhas de cinco jogadores  na cabeça de sua área e na sua intermediária. A França, lotada de craques e certa da vitória contra um indigente do futebol, foi rodando bolinhas para os lados e fazendo cruzamentos inócuos. E o tempo passando. Deschamps, técnico dos Bleus, piorou a situação substituindo errado. Sacou a nova estrela do Barcelona, Mbappé, talvez o único que se salvasse do sapato alto. O jogo acontecia em Toulouse, longe de ser um grande centro do futebol. Ao perceber o que se passava, a torcida local, de muda, passou a cantar a Marselhesa, tentando chamar os brios do time pelo patriotismo. Não adiantou.

Luxemburgo fez uma partida impecável. Segurou a França na bola. Cometeu pouquíssimas faltas e não fez cera. Surpreendentemente, ao retomar a bola, contra-atacava consistentemente. No meio do segundo tempo, num lance em que seu melhor jogador, o número sete Rodrigues, entrava sozinho para marcar o gol, o bandeira assinalou um impedimento de ruborizar flamenguistas. Rodrigues, que fez um partidaço, nascido em Portugal, joga num clube de Luxemburgo e certamente vai aparecer rapidamente em algum clube maior, tal o nível de sua atuação. No final do jogo, passou em velocidade por dois marcadores e chutou uma bola na trave de Lloris.

Resumo da atuação de uma França surpreendida pela dificuldade que encontrou, durante os três minutos de descontos a França não conseguiu sequer cruzar uma bola na área ou chutar a gol. Final melancólico para a seleção da casa e início de uma grande e merecida festa da equipe visitante.

O futebol segue sendo o único esporte a dar chance a um adversário tão inferior. A bola pune o sapato alto. Não foi a primeira e nem será a última vez em que isso acontece. E a França, pode chorar lágrimas de sangue por estes dois pontos jogados no lixo. No Luxo.

Vamos apoiar o Gavião! (da Redação)

O Gavião Kyikatejê Futebol Clube é um clube profissional de futebol brasileiro.

Tem como característica marcante sua raiz indígena – anteriormente formado totalmente por indígenas, hoje um time misto – e destaque em ser o primeiro time de um povo tradicional a disputar a divisão principal de um estadual, no ano de 2014.

E precisa de apoio para poder disputar a segunda divisão do futebol paraense, visando o acesso.

Confira no link abaixo.

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Waldir Amaral, um craque do rádio (da Redação)

Nascido em 17/10/1926, o locutor goiano Waldir Amaral foi um dos pioneiros na transformação das jornadas esportivas radiofônicas, fazendo da narração de futebol um verdadeiro espetáculo auditivo.
Waldir iniciou sua carreira na rádio Clube de Goiânia. No Rio de Janeiro, passou pelas rádios Tupi, Mauá, Continental, Mayrink Veiga, Nacional e Globo. Nesta última, por sinal, permaneceu de 1961 a 1983.

Ao lado de Mário Luiz, um dos diretores da Rádio Globo, Waldir foi o mentor intelectual da famosa vinheta “Brasil-sil-sil!”, gravada pelo radialista Edmo Zarife durante as Eliminatórias da Copa do Mundo para 1970, para levar a seleção à frente, e que está no ar até hoje.

Alguns de seus bordões fizeram história no rádio brasileiro:

“Tem peixe na rede do…” (Ele dizia se referindo ao time que levava gol do adversário)

“Choveu na horta do…” (Ele dizia se referindo ao time que fazia gol no adversário)

“É fumaça de gol” (Ele dizia quando surgia uma oportunidade de gol)

“Caldeirão do Diabo” (A grande área)

“Indivíduo competente” (O autor do gol)

“O visual é bom, Roberto tem bala na agulha” (Quando o jogador ia bater uma falta)

“Estão desfraldadas as bandeiras do Botafogo” (Logo após um gol)

“Deixa comigo” (Dizia logo após a vinheta do sue nome)

“O relógio marca” (Ele dizia quando dava o tempo de jogo)

Waldir faleceu em 1997, a dez dias de completar 71 anos de idade. Em sua homenagem póstuma, a rua Turf Club, situada no bairro do Maracanã em frente à lateral da UERJ, passou a se chamar Radialista Waldir Amaral. Nela, fica a sede a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ)

Craques do rádio: Jorge Curi e Waldir Amaral na sala do Maracanã

Senna, Senna! (por Paulo-Roberto Andel)

Em 01 de maio de 1994, o Brasil estava em choque: pela manhã, acontecera o acidente que resultou na morte de Ayrton Senna, um dos maiores ídolos do esporte mundial.

Por ser uma rodada de jogos no futebol brasileiro naquele dia com imenso apelo, e tendo sido confirmado o óbito pouco antes do tradicional horário das partidas, as mesmas foram mantidas.

No Maracanã abarrotado, aconteceu uma das mais lindas homenagens a Senna: as torcidas de Vasco e Flamengo cantaram juntas o nome do ídolo. Uma página eterna de civilidade e respeito a um gigante do esporte, morto muito antes do justo e razoável.

O clássico terminou empatado em 1 a 1.

Matéria do Globoesporte:

O dia 1º de maio de 1994 foi de luto em todo Brasil e em grande parte do mundo, pelo menos para os fãs de Ayrton Senna, que perdeu a vida após um acidente fatal em sua Willians na curva Tamburello, em Ímola, durante a manhã no Grande Prêmio da Itália de Fórmula 1. Nessa mesma data, algumas horas depois, Flamengo e Vasco se preparavam para se enfrentar pelo terceiro turno do Campeonato Carioca. Maracanã lotado, com mais de 120 mil pessoas. Mas, durante a homenagem oficial da Federação de Futebol do Estado do Rio (Ferj), o minuto de silêncio se transformou em algo inimaginável: as duas torcidas cantaram a mesma música, juntas.

Uma multidão dividida pela metade nas cores, mas unida pela dor e pelo lamento de ter perdido um ídolo, tricampeão do mundo. Para algumas pessoas que estiveram no Maracanã naquele dia, talvez o placar de 1 a 1 após o apito final tenha sido esquecido, mas o canto “Olê, olê, olê, olá, Senna, Senna!”, com as duas torcidas batendo palmas ao mesmo tempo, foi inesquecível.

Antes mesmo de entrar no estádio, torcedores e jogadores se mostravam consternados e lembravam de momentos da carreira de Senna. Faixas, até uma bandeira homenageavam o piloto.

Naquela mesma tarde, São Paulo e Palmeiras se enfrentaram no Morumbi pelo Campeonato Paulista. A homenagem a Ayrton Senna foi também comovente.

As cotas de TV e as dívidas dos grandes cariocas (da Redação)

Tema recorrente nos últimos tempos, a questão das receitas e dívidas dos clubes de futebol é fruto de longos debates em tempos que o esporte e o business tornaram-se inseparáveis.

No caso particular do  futebol carioca, muito se fala sobre as gestões e a administração financeira dos clubes. Por muito tempo, todos viveram verdadeiras cirandas administrativas. Hoje, cada um a seu modo e receitas disponíveis, estão lutando contra o problema.

Alguns dados abaixo, produzidos a partir do excelente blog de Cássio Zirpoli no Diário de Pernambuco, e também de matéria de Daniel Mundim no Globoesporte, ajudam a entender as manchetes atuais sobre o tema.

A principal receita dos clubes cariocas (e brasileiros) advém das cotas de TV pagas pela emissora que detém a exclusividade dos direitos de transmissão das partidas no Brasil.

Diário de Pernambuco – CLIQUE AQUI

Globoesporte – CLIQUE AQUI.

Uma avaliação de 2016 – CLIQUE AQUI

 

 

O primeiro placar eletrônico do Maracanã, em 1979 (por Paulo-Roberto Andel)

Em 11/02/1979, Flamengo e America disputavam um clássico no Maracanã pelo Campeonato Carioca. Numa partida em que não foi brilhante, o Rubro-Negro goleou o Diabo por 4 a 0; no entanto, o grande destaque da tarde ficou por conta da estreia do placar eletrônico do Maracanã, o mais moderno do Brasil à época, e que se tornaria um verdadeiro ícone gráfico daqueles anos de ouro do futebol do Rio.

Coube ao ponta-direita Reinaldo “Ratão” (assim apelidado por conta de seu espesso bigode) marcar o primeiro gol do novo placar.

Os golaços que não decidiram (por Paulo-Roberto Andel)

Cinco grandes gols de partidas decisivas, marcados pelos times que não foram campeões nas ocasiões, mas deixaram suas marcar eternas para o imaginário estético do futebol.

Ézio, em 1991, na final do Campeonato Carioca contra o Flamengo, que venceu por 4 a 2.

 

Pita, pelo Santos, na primeira partida da final do Campeonato Brasileiro de 1983, sendo 1 a 0 para o Santos na primeira parta e 3 a 0 Flamengo (campeão) na segunda

 

Henrique, pelo Figueirense, na primeira partida da final da Copa do Brasil de 2007, vencida pelo Fluminense depois de 1 a 1 no primeiro jogo e vitória tricolor por 1 a 0 no segundo

 

Mandzukic, pela Juventus, na final da Champions League de 2017, vencida pelo Real Madrid por 4 a 1

 

Neto, pelo Guarani, na primeira partida da final do Campeonato Paulista de 1988, vencido pelo Corinthians (1 a 1 no primeiro jogo e 1 a 0 Timão, na prorrogação da segunda partida)

Tempos de OPG, CBF e… tabelas (da Redação)

Em plena efervescência em 18/08/1987, o futebol brasileiro ainda discutia seu campeonato que começaria em pouquíssimo tempo. Curiosamente, numa reunião com o Ministro da Educação… enquanto o Clube dos 13 batia no peito e divulgava a tabela da competição que iria fazer por conta própria.

O presidente da CBF era o eterno cartola Otávio Pinto Guimarães, tendo como seu vice o inenarrável Nabi Abi Chedid.

E ainda uma crônica sempre esperta do gênio João Saldanha sobre a importância dos clássicos no futebol do Brasil.

Melodia da bola (da Redação)

Falecido nesta manhã (04), Luiz Melodia foi um dos mais talentosos artistas da MPB nos últimos 50 anos. Surgido em meados da década de 1960, finalmente se firmou com seu antológico disco de 1973. Desde então, alternou uma carreira com grandes sucessos populares e alguns momentos de recolhimento, mas sempre mantendo um público fiel à sua obra.

Em entrevista ao site Gafieiras – CLIQUE AQUI, Melodia falou de sua paixão pelo futebol e de sua vontade de ter sido jogador profissional:

“Acho que o futebol era o que vencia a minha cabeça. Porra! Era o que mais eu estava a fim, até porque toda a garotada… Independentemente de música, também era louco para ser um profissional, velho! E tinha muitos que treinavam no São Cristóvão, que era pertinho lá do São Carlos, do morro. Lembro do Murilo, que era um craque, Tic-Tac, de toda rapaziada de lá. Jogavam bola mesmo! Ourinho, Cutelo…”

Era um torcedor fanático do Vasco da Gama.

Esses onze aí (por Paulo-Roberto Andel)

“ESSES ONZE AÍ : UM FILME PANFLETÁRIO, A FAVOR DO FUTEBOL”
Super-8
Direção: Geneton Moraes Neto e Paulo Cunha
Local e ano de realização: Recife, 1978
Imagens: Lima
Participação: Juliana Cuentro
Entrevistas: Zagalo, Nunes, Givanildo, Palhinha.

O filme faz a defesa da alegria do futebol, em contraposição aos que o apontavam como fator de alienação. Era ano de Copa do Mundo. Entre avanços e recuos, o Brasil respirava a abertura lenta, gradual e segura, sob o governo do General Ernesto Geisel. O texto diz, a certa altura: O futebol não é a cartolagem corrupta, nem a política rasteira da CBD nem o sonhos dos treze pontos – transformado em assalto semanal aos bolsos já vazios. O futebol é o coração pulsando de raiva, é o grito na garganta. O nosso futebol é a verdadeira estética da fome (….) A bola nunca foi o desatino brasileiro. O muro que divide a geral da arquibancada é que é o “x” do problema (…) O culpado por esse Brasil salário-minimo não é o futebol. Quem apagou a luz não foi Pelé. As ditaduras se acabam. A camisa dez fica.

Premiado no II Festival de Cinema do Recife:

“Melhor Filme – primeiro lugar, por unanimidade do júri; “Melhor Filme Pernambucano” – Prêmio Miranda Falcão, instituído pelo Diário de Pernambuco; Troféu Fundarpe ( Voto popular ); Melhor Diretor: Medalha de Ouro de Kodak: Geneton Moraes Neto, por “Esses Onze Aí” e “A Flor do Lácio é Vadia” ( Diário de Pernambuco / 05/12/1978 ).

Renato Sá, o demolidor de invencibilidades (por Paulo-Roberto Andel)

Os recordes de invencibilidade no futebol brasileiro pertencem ao Botafogo e ao Flamengo, cada um com 52 partidas.

Em 1978, o Botafogo teve sua série interrompida pelo Grêmio, que o venceu por 3 a 0 no Maracanã com grande exibição de Renato Sá, marcando dois gols.

No ano seguinte, o Flamengo perderia sua invencibilidade ao enfrentar o Botafogo, e quem era o algoz rubro-negro? O mesmo Renato Sá, que marcou o único gol daquela partida. Um demolidor de invencibilidades.

Olê, olê, olê, Olá! (da Redação)

No começo da temporada carioca de 2005, o time da rua Bariri aprontou em pleno Maracanã.

23/01/2005 – 17h58

Flamengo dá vexame na estréia do Estadual
Do Pelé.Net
No Rio de Janeiro

A política do “não investimento” do Flamengo sofreu um duro golpe na tarde deste domingo. Depois de dispensar mais de uma dúzia de jogadores e contratar apenas quatro para compor o elenco, o Rubro-Negro apanhou por 3 a 0 para o Olaria, no Maracanã, na estréia do Campeonato Estadual. Os gols, todos marcados no primeiro tempo, foram de Edvaldo e William (2).

O catastrófico resultado deve provocar mudanças na Gávea. Inconformada, a torcida protestou contra a diretoria e clamou pela contratação de atletas de renome. Uma das primeiras mudanças pode ser a troca de treinador. Júlio César Leal seria convidado a assumir o cargo de diretor técnico e um novo profissional assumiria o comando da equipe.

Curiosamente, o Olaria tem sido o algoz recente do Flamengo. Nas três últimas partidas entre os clubes, o time do subúrbio saiu vencedor (2 a 0 em 2003 e 1 a 0 em 2004). Essa foi a primeira vez na história que a agremiação da Rua Bariri marcou três gols no adversário em um mesmo jogo.

A vitória garantiu aos comandados de Arthurzinho a liderança do Grupo B, com três pontos. Já o atual campeão do estadual fica na lanterna e acumula a segunda derrota consecutiva do ano (quinta-feira havia perdido por 1 a 0 para o Volta Redonda).

Na segunda rodada da Taça Guanabara, o Flamengo enfrenta o Madureira, às 16h, em Conselheiro Galvão. Por sua vez, no mesmo dia, o Olaria enfrenta a Cabofriense, às 20h30, no estádio Alair Corrêa.

O jogo

Atuando com sete jogadores formados em suas divisões de base, o Rubro-Negro começou a partida errando diversos passes e proporcionando contra-ataques ao Olaria. Em um deles, aos 6min, William recebeu na ponta direita, mas finalizou sem perigo ao gol de Diego.

Passada a ansiedade inicial, o time da Gávea dominou a intermediária adversária, mas só arrematou aos 14min. Marcos Denner lutou e a bola sobrou para Dimba. Contudo, o camisa 9 teve dificuldade para dominar e, pressionado pelos zagueiros, chutou fraco à direita da baliza.

A morosidade da partida só foi interrompida aos 24min, com o gol do Olaria. França cruzou da esquerda, Edvaldo subiu mais que Fabiano e cabeceou no canto esquerdo.

Inconformada com a apatia da equipe, a torcida rubro-negra começou a apupar os jogadores aos 30min. Aos 34min, Da Silva arrancou pelo meio e achou Dimba na ponta direita. Ele cruzou e Jarró conseguiu jogar pela linha de fundo. Na cobrança de escanteio, Júnior pegou de peixinho, mas Marcos Leandro conseguiu fazer a defesa.

Em erro clamoroso de marcação do Flamengo, aos 39min, William recebeu livre na entrada da área, mas demorou e o arremate acabou bloqueado por Fábio. Porém, na continuidade da jogada, a bola foi alçada na área, aos 41min, e o mesmo William, de novo em cima de Fabiano, subiu mais que a zaga e marcou o segundo.

Sem qualquer arrumação, o clube da Gávea deu continuidade ao seu primeiro tempo dos horrores e sofreu o terceiro gol dois minutos depois. William aproveitou cruzamento de Léo da esquerda e, de primeira, não deu chances de defesa ao goleiro.

Ante o resultado catastrófico, a torcida do Flamengo voltou suas baterias para o presidente Márcio Braga e exigiu a contratação de jogadores.

Acreditando numa virada quase utópica, os jogadores rubro-negros voltaram do vestiário mais dispostos. A 1min, Júnior cruzou, mas Marcos Denner desperdiçou a chance. Temerário com a reação dos aficionados, Márcio Braga deixou o Maracanã ainda antes dos cinco minutos.

Aos 5min, Fabiano falhou grotescamente e Edvaldo chutou com força. Atento, Diego saltou e defendeu sem dar rebote. A equipe rubro-negra quase diminuiu aos 9min. Da Silva arriscou da entrada da área e Marcos Leandro espalmou.

Dois minutos depois, André Santos cruzou e Dimba cabeceou rente à trave. A chuva de gols perdidos pelo camisa 9 continuou aos 14min. André Santos, que entrou bem no lugar de Júlio Moraes, assistiu Zinho. O meia chutou, o goleiro rebateu e o atacante, dentro da pequena área, arrematou por cima do travessão.

Com um a mais depois da expulsão de Léo, o Flamengo pressionou. Aos 22min, Dimba cobrou falta e o goleiro do Olaria espalmou. Um minuto depois, Ibson recebeu na área, mas chutou fraco e facilitou a intervenção de Marcos Leandro. Já quase sem tempo hábil para a reação, Júnior, aos 30min, chutou da entrada da área e o camisa 1 rival conseguiu impedir o primeiro gol flamenguista.

Esperando a estréia do Fluminense, que aconteceria às 18h, a torcida tricolor aproveitou-se da humilhação do rival para entoar o tradicional “olé”. Aos 38min, Dimba acertou a trave. Na última chance de o vexame ser diminuído, Adrianinho chutou forte e Marcos Leandro defendeu.

FLAMENGO: Diego; Fábio (Adrianinho), Thiago, Fabiano e Júlio Moraes (André Santos); Da Silva, Júnior, Ibson e Zinho; Marcos Denner (Bruno) e Dimba; Técnico: Júlio César Leal

OLARIA: Marcos Leandro; Domício, Betinho (Fabão), Berg e Jarró; Marcelo Souza (Valtinho), Júlio César, França (Dedeco) e Léo; William e Edvaldo; Técnico: Arthurzinho

Local: Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Árbitro: Wagner Tardelli
Assistentes: Dibert Pedrosa e Elson Passos Sena Filho
Cartões amarelos: França (O), Da Silva (F), Léo (O), William (O), Júnior (F)
Cartão vermelho: Léo (O)
Gols: Edvaldo, aos 24min; William, aos 41min e aos 43min do primeiro tempo

Canal 001 (da Redação)

Uma singela homenagem ao eterno Canal 100, a fábrica de sonhos de cinema de futebol.

Gênero: Ficção
Diretor: Caco Ciocler, Julio Pecly
Elenco: Elias Andreato, Fabio Herford, Jeferson Carvalho, Vitor Carvalho, Zezé Antônio
Duração: 8 min
Ano: 2009
Formato: Vídeo
País: Brasil
Local de Produção: RJ
Cor: Colorido
Sinopse: Uma homenagem ao canal 100

Sobre o diretor Julio Pecly

 

Campo Grande, campeão da Taça de Prata de 1982 (da Redação)

Era tudo muito diferente há 35 anos atrás. As séries A e B do campeonato brasileiro eram interligadas, de modo que dois times tinham acesso direto no mesmo ano, através da disputa por fases. Quem não subia para a Taça de Ouro tinha a chance de vencer a Taça de Prata, e o Campo Grande a conquistou de forma gloriosa. Foi o último título do clube, que hoje luta pela sobrevivência.

Neste 13 de junho o Campo Grande completa exatos 77 anos. Que venham muitos outros pela frente,

Da página Memórias do Futebol Carioca, reproduzimos a publicação abaixo:

Títulos Inesquecíveis – Campo Grande, campeão da Taça de Prata de 1982. Pedido feito por: Igor Lima.

O Campo Grande, pequeno e tradicional clube do Rio de Janeiro, sagrou-se campeão da 3ª edição da Taça de Prata (a 5ª edição do Campeonato Brasileiro da 2ª Divisão) em 1982, o seu maior título conquistado até hoje.

Esta edição teve a participação de 48 equipes de todo o país, que totalizaram 362 gols em 133 jogos, com uma média de 2,72 gols por partida. O torneio concedia 4 vagas aos vencedores da 2ª fase para a série A do mesmo ano (a Taça de Ouro), onde subiram o América-RJ, o Atlético-PR, o Corinthians-SP, e o São Paulo-RS, que por isto mesmo não participaram das fases finais desta competição.

Os 4 cariocas que disputaram o torneio:

• América F.C.
• Volta Redonda F.C.
• Campo Grande A.C.
• Americano F.C. (Olaria A.C., que havia se classificado na Taça de Bronze de 1981, teve que ceder a sua vaga ao time de Campos por ter sido rebaixado no Campeonato Carioca de 1981)

Nesta época, o Campusca vivia uma de suas melhores fases, com os bailes e as piscinas sempre cheias, assim como a arquibancada do estádio Ítalo del Cima. Inaugurado em abril de 1960, o maior patrimônio do Galo da Zona Oeste, como também é chamado, foi construído em um terreno doado pela família Del Cima. A decisão da Taça de Prata, em abril de 1982, contra o CSA de Alagoas, marcou a história do estádio. O time havia perdido o primeiro jogo, em Maceió, por 4 a 3, e vencido o segundo, em casa, por 2 a 1. Assim, houve a necessidade de uma terceira partida, e, por ter a melhor campanha, o Alvinegro voltou a jogar em seus domínios. E desta vez, diante de 16.842 torcedores, não deixou dúvidas de que merecia a faixa de campeão ao golear o rival por 3 a 0 e encerrar a competição com 78% de aproveitamento, obtidos com 11 vitórias, três empates e apenas duas derrotas em 16 jogos. Décio Esteves comandou o time na conquista.

O time-base era formado pelos seguintes jogadores: Ronaldo, Marinho, Pirulito, Mauro e Ramírez; Serginho, Lulinha e Pingo; Tuchê, Luisinho das Arábias e Luís Paulo. O artilheiro da competição foi Luisinho das Arábias, do Campo Grande, com 10 gols. Além disso, vale frisar que o Campo Grande teve o melhor ataque da competição, com 39 gols.

Estatísticas do Campo Grande:

• 16 Jogos
• 11 Vitórias
• 3 Empates
• 2 Derrotas
• 39 Gols Pró
• 13 Gols Sofridos

Campanha:

1ª Fase
24/01, Campo Grande 2×0 Americano (Ítalo del Cima)
28/01, Campo Grande 3×0 Portuguesa (Ítalo del Cima)
31/01, Uberaba 1×1 Campo Grande (João Guido)
03/02, América-MG 0x2 Campo Grande (Independência)
07/02, Campo Grande 3×1 Comercial-MS (Ítalo del Cima)

2ª Fase
17/02, Campo Grande 2×2 Volta Redonda (Ítalo del Cima)
20/02, Atlético-PR 2×1 Campo Grande (Couto Pereira)

Oitavas-de-Final
27/02, Goiás 0x0 Campo Grande (Serra Dourada)
06/03, Campo Grande 4×0 Goiás (Ítalo del Cima)

Quartas-de-Final
14/03, River-PI 2×3 Campo Grande (Albertão)
20/03, Campo Grande 4×0 River-PI (Ítalo del Cima)

Semifinais
28/03, Campo Grande 4×0 Uberaba (Ítalo del Cima)
04/04, Uberaba 0x2 Campo Grande (João Guido)

Finais
11/04, CSA 4×3 Campo Grande (Rei Pelé)
18/04, Campo Grande 2×1 CSA (Ítalo del Cima)
20/04, Campo Grande 3×0 CSA (Ítalo del Cima)

Dados sobre o última partida:

Data: 25/04/1982
Local: Estádio Ítalo Del Cima (Campo Grande AC)
Ãrbitro: Airton Domingos Bernardoni (RS)
Auxiliares: Valdir Luís Louruz (RS) e Sílvio Luís de Oliveira (RS)
Cartões amarelos: Luisinho (CGAC), Américo e Jerônimo (CSA)
Renda: Cr$ 4.858.200,00
Público: 15.567 pagantes

Campo Grande: Ronaldo; Marinho, Pirulito, Mauro e Ramírez; Serginho, Lulinha, Pingo (Aílton); Tuchê, Luisinho e Luís Paulo; Técnico: Décio Esteves

CSA: Joseli; Flávio, Jerônimo, Fernando e Zezinho; Ademir, Zé Carlos (Josenílton), Veiga; Américo (Freitas), Dentinho e Mug; Técnico: Jorge Vasconcellos

Gols: Luisinho aos 30′ e 60′ e Lulinha aos 44′

Mais informações sobre a competição aqui:

http://www.rsssfbrasil.com/tablesae/br1982l2.htm (em inglês)

Foto: Equipe do Campo Grande, campeã da Taça de Prata de 1982.

Acervo: http://anotandofutbol.blogspot.com.br/. Fontes: Globoesporte.com, Wikipédia, http://colunasports.blogspot.com.br/, http://campograndeac.no.comunidades.net/ e http://www.bolanaarea.com/.

@campuscaoficial

Sarriá no JB, 35 anos depois (da Redação)

Daqui a menos de um mês, completam-se 35 anos da fatídica derrota da Seleção Brasileira para a Itália na Copa do Mundo da Espanha, que alijou um dos maiores times da nossa história de um título mundial.

O tempo deu o devido valor àquele time; no entanto, aqui trazemos o calor das análises e crônicas daquele momento, publicadas no maior jornal do País.

 

 

Jobson e a derrocada anunciada (da Redação)

Dias depois de ter se envolvido em um novo acidente de trânsito com o óbito de seu cunhado, Jobson volta à prisão.

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É o triste fim de uma das carreiras mais promissoras do futebol brasileiro, impulsionada há oito anos. Na verdade, esse fim já tinha acontecido antes.

E a repetição de um velho problema nosso: uma quantidade expressiva de jovens que possuem enorme qualidade técnica, mas advindos de situação de extrema carência e, num súbito, transformados em ídolos, formadores de opinião, com salários astronômicos na conta e sem o menor preparo para administrar a nova vida, até que a carreira desaba (às vezes literalmente) e, com ela, a própria vida do jogador.

Esta postagem é relativa a uma notícia divulgada hoje, dia 06 de junho, mas se não fosse a data poderíamos localizá-la em décadas e décadas de futebol brasileiro. Jogadores vencidos pelo alcoolismo, pela perda da fama, por diversos problemas extracampo, crimes até. Aqui a situação é a de Jobson, também envolvido com crimes, mas poderíamos falar mais atrás de Garrincha. Ou de Pompéia, o Constellation. Ou de Perivaldo. Ou de uma lista gigantesca de nomes promissores e consagrados. Bruno é outro no sistema carcerário, por exemplo.

O que dizer daqueles que permaneceram no anonimato e, depois do futebol, ainda jovens, ficaram completamente sem rumo? Em dados de 2016, 80% dos jogadores de futebol no Brasil ganhavam até mil reais por mês. A fortuna é uma ilusão para muito poucos jogadores de futebol.

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Jobson ainda tinha muito a fazer. A cabeça não ajudou. Há quem diga que isso é problema de cada um, mas a verdade é que no futebol brasileiro o jogador ainda é tratado como gado. Os clubes têm – ou deveriam ter – a obrigação de formar não apenas atletas, mas homens – uma vez que nas próprias divisões de base, já se sabe que nem todos terão êxito profissional.

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Imagem: Bruno de Lima

Luisinho Lemos (da Redação)

Luiz Alberto Silva Lemos, mais conhecido como Luizinho Lemos ou Luizinho Tombo, é o maior artilheiro da história do America F.C., com 311 gols. É irmão dos também atacantes Caio Cambalhota e César Maluco.

No Brasil, marcou 434 gols, afora os que assinalou jogando no exterior. Marcou época no futebol carioca dos anos 1970 e 1980. Passou por Flamengo, Internacional, Palmeiras, Botafogo e outras equipes.

É o terceiro artilheiro da história do Maracanã, ficando atrás apenas de Roberto Dinamite e Zico.

A FAMÍLIA LEMOS E SEUS ARTILHEIROS

Mais bagunça das Copas União: 1987/1988

Campeão do campo, campeão do jogo, campeão sem cruzamento, campeão moral, briga na Justiça, decisão do STF… sobre a Copa União de 1987, muito já foi dito.

Quase 30 anos depois de seu conhecido imbroglio, há quem bata no peito e ateste a verdade.

O curioso é que, no dia da decisão do Módulo Verde entre Flamengo e Internacional, nem mesmo jornalistas do Rio de Janeiro, palco da batalha final, tinham absoluta certeza sobre o desfecho da competição.

De São Paulo, idem.

Jornal do Brasil, 13/12/1987 – capa

Jornal do Brasil – 13/12/1987 – Página 62


Folha de São Paulo, 14/12/1987 – capa

Folha de São Paulo, 14/12/1987 – Capa

Jornal do Brasil, 08/02/1988 – Caderno de Esportes

Então viria a segunda Copa União em setembro de 1988. E quem disse que haveria paz no futebol brasileiro?

Folha de São Paulo, 03/09/1988 – Caderno de Esportes

Folha de São Paulo, 03/09/1988 – Caderno de Esportes

Folha de São Paulo, 03/09/1988 – Capa

 

 

 

Valtencir, uma estrela solitária (por Paulo-Roberto Andel)

Valtencir Pereira Senra, nascido em Juiz de Fora, é o terceiro jogador que mais vezes vestiu a camisa do Botafogo, tendo jogado pelo clube da Estrela Solitária em 453 partidas entre 1967 e 1976, ficando abaixo apenas dos mitológicos Garrincha e Nílton Santos.

Foi bicampeão carioca em 1967 e 1968, além de campeão brasileiro em 1968. Jogou uma vez pela Seleção, numa vitória por 4 a 1 sobre a Argentina em 1968, fazendo um gol.

Originariamente lateral esquerdo, passou para a zaga quando da chegada de Marinho Chagas ao clube, também jogando como lateral direito.

Ao deixar o Botafogo, teve uma breve passagem pelo futebol venezuelano e, a seguir, foi para o Colorado do Paraná (que tempos depois se fundiria com o Pinheiros, dando vida ao Paraná Clube). Lá, infelizmente encontraria a morte precoce, aos 31 anos, em pleno campo: num jogo entre sua equipe, o Colorado, e o Grêmio Maringá, Valtencir dividiu uma bola com o meio-campista Nivaldo, da equipe maringaense, quando foi atingido com uma joelhada involuntária e sofreu uma ruptura na coluna cervical. Socorrido às pressas, não resistiu e morreu antes de chegar ao hospital.

Abalado com a morte do colega de profissão, Nivaldo foi internado em estado de choque na mesma unidade hospitalar. Desesperado, anunciou o fim de sua carreira, mas foi persuadido pelos colegas do Maringá e acabou voltando atrás. O jovem jogador depois teria uma trajetória de sucesso em times do Paraná, com destaque para o Atlético.

Sobre Valtencir.

Sobre Nivaldo.

Nivaldo em 2014

Nelson Rodrigues, sobre Barbosa (por Paulo-Roberto Andel)

O tempo e a eternidade

Amigos, o velho Barbosa está fora do Brasil. Mas não importa e explico: — a ausência do verdadeiro craque é tão ativa, militante e absorvente como a presença viva. Só o perna de pau consegue ser esquecido. Um Barbosa, não. Está na longínqua e quase inexistente Escandinávia e continua sendo fato, continua sendo notícia. Ausente dá uma sensação de presença física.

O velho Barbosa! Digo “velho” e já retifico: — não é velho coisa nenhuma. Amigos, não existe a menor relação entre Barbosa e a sua idade. Ou melhor: — idade e pessoa não coincidem no arqueiro vascaíno. Ele tem o quê? Uns 37, 38 anos. Para as outras atividades, o sujeito pode ter isso ou mais, impunemente. Mas o tempo, no futebol, é rapidíssimo. Um minuto vale um mês ou mais. E, aos 37 anos, o indivíduo é gagá para a bola, e insisto: — o indivíduo baba de uma velhice irremediável. A própria bola, o refuga e trai. E Barbosa continua notícia, continua fato pelo seguinte: — porque é eterno.

E quando Barbosa joga acontece apenas isto: — ele esfrega a sua eternidade na cara da gente. Há dias, escrevi, aqui mesmo, que se trata da eternidade mais viçosa já ocorrida no futebol brasileiro. No comum dos mortais, a vida é uma luta corpo a corpo contra o tempo. O sujeito olha a folhinha e toma um susto ao verificar que estamos em 59. 1959! É o caso de perguntar: — “Já?” Sim, amigos: — Já! Para Barbosa o problema de folhinha e de relógio não existe. É o homem sem tempo, que esqueceu o tempo, que vive sem o tempo, muitíssimo bem. Há os que rosnam: — “Barbosa pinta os cabelos!” De fato, tem já cabelos brancos. Aí o único detalhe de velhice na sua figura ágil, elástica, acrobática.

O problema do arqueiro, porém, não se resume ao desgaste físico. Não. Ele sofre um constante, um ininterrupto desgaste emocional. Debaixo dos três paus, parado, dá ideia de um chupa-sangue que não faz nada, enquanto os outros se matam em campo. Ilusão! Na verdade, mesmo sem jogar, mesmo lendo gibi, o goleiro faz mais do que o puro e simples esforço corporal. Ele traz consigo uma sensação de responsabilidade que, por si só, exaure qualquer um. Amigos, eis a verdade eterna do futebol: — o único responsável é o goleiro, ao passo que os outros, todos os outros, são uns irresponsáveis natos e hereditários. Um atacante, um médio e mesmo um zagueiro podem falhar. Podem falhar e falham vinte, trinta vezes num único jogo. Só o arqueiro tem que ser infalível. Um lapso do arqueiro pode significar um frango, um gol, e, numa palavra, a derrota. Vejam 50. Quando se fala em 50, ninguém pensa num colapso geral, numa pane coletiva. Não. O sujeito pensa em Barbosa, o sujeito descarrega em Barbosa a responsabilidade maciça, compacta da derrota. O gol de Ghiggia ficou gravado, na memória nacional, como um frango eterno. O brasileiro já se esqueceu da febre amarela, da vacina obrigatória, da espanhola, do assassinato de Pinheiro Machado. Mas o que ele não esquece, nem a tiro, é o chamado “frango” de Barbosa.

Qualquer um outro estaria morto, enterrado, com o seguinte epitáfio: — “Aqui jaz Fulano, assassinado por um frango.” Ora, eu comecei a desconfiar da eternidade de Barbosa quando ele sobreviveu a 50. Então, concluí de mim para mim: “Esse camarada não morre mais!” Não morreu e pelo contrário: — está cada vez mais vivo. Nove anos depois de 50, ele joga contra o Santos, no Pacaembu. Funcionou num time de reservas contra um dos maiores, senão o maior time do Brasil. E foi trágico, amigos, foi trágico! Começa o jogo e, imediatamente, Pelé invade, perfura e, de três metros, fuzila. Fosse outro, e não Barbosa, estaria perguntando, e até hoje: — “Por onde entrou a bola?” Barbosa defendeu e com que soberbo descaro! Daí para frente, a partida se limitou a um furioso duelo entre o solitário Barbosa e o desvairado ataque santista. Foi patético, ou por outra — foi sublime. E porque, na sua eternidade salubérrima, ainda fecha o gol, eu faço de Barbosa o meu personagem da semana.

Publicado na Manchete Esportiva, 30/5/1959, e também em “A Pátria de Chuteiras”, 2013, página 72

Dadinho e Alcino, reis do Remo (da Redação)

Alcino e Dadinho

Dadinho, com 163 gols é o maior artilheiro da história do Clube do Remo, e três vezes artilheiro do campeonato paraense.

Paulista, começou a carreira no Itabuna, no anos de 1978, tendo defendido diversos outros clubes em sua carreira: Saad-SP, Santa Cruz, o extinto Pinheiros (hoje Paraná Clube), Inter de Porto Alegre, Ceará, ABC e Paysandu.

A história de Dadinho também é marcada no grande rival do Remo, o Paysandu: ele foi o autor do gol do título brasileiro do Papão na Série B em 1991.

Em 2011, o artilheiro morava em Indaiatuba-SP com a esposa e dois filhos, trabalhando fora do futebol, numa concessionária de veículos, na parte de monitoria do sistema de câmeras de segurança da loja.

O segundo maior artilheiro da história do Remo é o carioca Alcino “Motora” (Alcino Neves dos Santos Filho), com 158 gols. Começou no Madureira, depois também atuando pela Portuguesa de Desportos, Grêmio, Atlético Goianiense, Bangu, Rio Negro-AM, Internacional de Limeira e Pinheirense-PA. Foi tricampeão paraense entre 1973 e 1975.

Vindo de uma juventude difícil, chegando mesmo a ser preso e condenado no Rio de Janeiro, Alcino ganhou a torcida azul por sua garra, irreverência e pelo estilo que depois seria conhecido anos depois por bad boy. Faleceu em 2006, numa situação muito difícil na cidade paraense de Ananindeua, onde morava de favor em um sítio.

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Luiz Fumanchu (por Paulo-Roberto Andel)

Do tempo em que o futebol tinha pontas e enchia os estádios brasileiros, um jogador de apelido curioso marcou época nos anos 1970, tendo jogado por três grandes clubes do Rio de Janeiro e dois de Pernambuco durante a carreira.

Jorge Luiz da Silva, o Fumanchu, começou sua carreira no Castelo do Espírito Santo, a seguir se transferindo para o Vasco. Ao chegar ao time profissional, foi emprestado para o Sport do Recife, voltou, foi titular e depois acabou negociado com Santa Cruz, onde encontraria aquele que seria seu parceiro de ataque em Nunes. Em 1978 os dois foram para o Fluminense; ambos foram negociados com o futebol mexicano (Fumanchu com o América do México, Nunes com o Monterrey) e depois se encontraram no Flamengo.

Com o fim da carreira de jogador no ano de 1985, Fumanchu se formou como treinador de futebol, mas nunca exerceu o ofício. Seu destino era outro: virou radialista e, há muitos anos, milita na imprensa esportiva do futebol capixaba.

A origem do apelido é graciosamente contada pelo próprio Fumanchu, numa matéria publicada pelo jornal O Dia em 2015: “Ganhei o apelido no Vasco, depois de assistir a um filme de caratê no Largo da Cancela, em São Cristóvão. Gostei tanto que voltei a pé para São Januário dando pontapés e golpes na rua e me apelidaram. Mas zanguei e foi aí que pegou mesmo”, lembra o velho atacante: “Hoje agradeço, pois meu nome de batismo é comum. Se não fosse Fumanchu talvez não seria conhecido como sou até hoje”. Confira a íntegra aqui.

Fumanchu em ação pelo Fluminense contra o Vasco

Marcando quatro gols na vitória do Santa Cruz sobre o Campinense por 6 a 0

Fumanchu e Nunes juntos contra o Flamengo em 1978

Ói o Trem! (da Redação)

 

Fundado em 01 de janeiro de 1947 pelos ferroviários Bellarmino Paraense de Barros, Benedito Malcher, os irmãos Osmar e Arthur Marinho, Walter e José Banhos, além de outros, o Trem Desportivo Clube é um dos alicerces do futebol do Amapá.

Tendo sua sede situada num dos mais importantes bairros de Macapá, a capital do estado, o Trem Desportivo Clube já foi por duas vezes campeão amapaense. E também tem uma longa história no antigo Copão da Amazônia, tendo sido pentacampeão de 1985 a 1989.

O nome do clube  é uma homenagem ao bairro onde foi fundado, bem como a profissão exercida por seus fundadores, todos eles ferroviários. Este, por sua vez , recebeu o nome no início do século XIX. Naquela época, foram encontrados na Avenida Feliciano Coelho de Carvalho vestígios de alguns trilhos de trem que possivelmente serviram como meio de transporte do material para a construção da cidade.

Sobre o bairro do Trem – CLIQUE AQUI.

Momentos de dificuldade e superação – CLIQUE AQUI.

Ouça o hino do Trem:

Morgadinho (da Redação)

Foi um dos maiores árbitros da história do futebol brasileiro, dirigiu e auxiliou grandes decisões, chegou ao quadro da FIFA quando isso era algo realmente relevante e marcou época no underground paulistano – a Boca do Lixo em tempos de liberdade sexual plena mas também do início da AIDS.

Seu grande talento na arbitragem não o eximiu de protagonizar confusões, chegando a expulsar PMs e até um cachorro de campo.

Seguia o estilo de Armando Marques como árbitro e, também por isso, acabou ganhando o apelido de “Pantera Cor de Rosa” (tinha um andar semelhante ao da personagem do desenho animado).

Teve um final de vida triste. Precisa ser valorizado à altura de sua contribuição para o esporte.

Roberto Nunes Morgado, o Morgadinho.

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Carioca de 1971: a visão de Oldemário Touguinhó (da Redação)

Há 46 anos, uma discussão se mantém no ar: o gol da final do Campeonato Carioca de 1971, vencida pelo Fluminense por 1 a 0 com um gol do ponta-esquerda Lula.

À época, com enorme manchetes e a crônica firme de alguns dos melhores textos da imprensa brasileira, casos de Armando Nogueira e João Saldanha por exemplo, estampou-se a versão de falta do lateral Marco Antônio sobre o goleiro Ubirajara Mota, sendo o Tricolor beneficiado por um erro crasso de José Marçal Filho. No entanto, além da discussão sobre aquela mesma falta, no mesmo lance Lula finalizou caindo porque supostamente sofrera pênalti de Mura.

A decisão de 1971 já provocou debates acalorados, análises profundas, livros e matérias.

Um dos maiores jornalistas da história do futebol brasileiro – e botafoguense de corpo e alma -, Oldemário Touguinhó assim escreveu na capa do Caderno B do Jornal do Brasil em 29 de junho de 1971, dois dias após a decisão:

America 6 x 1 Mixto: uma noite rara no Maracanã (por Paulo-Roberto Andel)

Em 22 de novembro de 1979, numa quinta-feira à noite, o America recebia o time do Mixto de Mato Grosso para uma partida pelo Campeonato Brasileiro daquele ano. Embora o tradicional time rubro ainda tivesse uma boa torcida presente à maioria de suas apresentações, esta contou com apenas 1.236 pagantes, num Maracanã deserto.

Depois de um primeiro tempo ruim, o Mecão acabou goleando o adversário (este com um uniforme muito parecido com o do Vasco da Gama) pelo placar de 6 a 1. O grande destaque da partida no segundo tempo foi o ponta-esquerda Silvinho. Era ainda o America de Uchoa, o eterno zagueiro Alex, o volante Merica, o meia Nelson Borges e o centroavante César.

Pela equipe de Mato Grosso, o destaque era o centroavante Bife, o maior artilheiro da história do futebol do Estado, com passagem pelos times do Porto e Belenenses de Portugal, tendo falecido em 2007 aos 57 anos. E também o veloz jogador Gonçalves.

Foi a maior goleada do America na história do Maracanã e também em jogos do time pelo Campeonato Brasileiro. Alijado da disputa nacional em 1987 por conta de sua bárbara exclusão da primeira divisão, não se recuperou até hoje. O Mixto ainda disputaria outros campeonatos brasileiros da primeira divisão até 1985.

Qual a razão do apelido de Bife, que se chamava José Silva Oliveira?

Segundo o historiador Reinaldo Queirós, o apelido do craque deu-se quando ele tinha 12 para 13 anos, já era um bom jogador entre a molecada e sua mãe era vendedora de marmitas para os soldados de um quartel. A entrega era em três viagens numa velha caminhonete de um tio. Bife viajava atrás segurando as marmitas para que a comida não derramasse. Em certo dia, as marmitas estavam muito cheirosas, ele então abriu uma e comeu o bife que ficava em cima do arroz e do feijão. Estava tão bom que comeu 15 bifes. Entrega feita, os soldados, famintos, “sorteados” pela ausência da preciosa mistura, chiaram com o sargento. Na entrega seguinte, o moleque foi detida e confessou. A mãe dele não foi destituída do fornecimento, o garoto continuou fazendo as entregas e nunca mais aprontou, mas ficou com o apelido de Bife.

Os clássicos cariocas precisam ser valorizados (por Paulo-Roberto Andel)

Hoje, quase às dez da noite, teremos o Fluminense enfrentando o Botafogo pela Taça Rio.

Descontadas as hipérboles, a luta do Tricolor neste momento é somar pontos para garantir a vantagem do empate no jogo semifinal. Já o Alvinegro está com a cabeça noutra competição. O primeiro resultado de tudo já sabemos: um público muito aquém do razoável para o mais antigo clássico do futebol brasileiro, por diversas razões.

Neste 2017, tivemos a estreia do Fluzão diante do Vasco para 11.043 torcedores pagantes. O time da Colina jogou para 8.088 pagantes diante do Botafogo. E o Fla x Flu onde ganhamos a Taça Guanabara teve 22.042 idem. Flamengo e Vasco, 5.484. Estes quatro clássicos tiveram 46.657 torcedores somados. Um número francamente ridículo se pensarmos no tamanho das torcidas dos grandes clubes cariocas, descontadas as hipérboles e piadas.

Ao se questionar sobre a franca decadência nos números presenciais, certa esfera modernista há de ressaltar a era da televisão (que salva os clubes, mas também lhes oferece uma adaga no pescoço), da arquibancada espalhada pelos bares e das torcidas organizadas do eu sozinho, em casa, diante da esmartevê. Sem dúvida os tempos mudaram e muito, mas isso não deve ou deveria significar o retrocesso quantitativo do público para os anos 1920 e 1930, quando Laranjeiras e São Januário eram os templos do futebol carioca e brasileiro.

Ok, não tem Maracanã. Ou tem, dependendo da cara do cliente. O fato é que nosso futebol foi francamente esvaziado com o passar dos tempos e, a cada dia que passa, não somente aumenta o número de pessoas que não se interessam por futebol como os estádios daqui ficam cada vez mais desinteressantes. No mínimo, deveria ser uma preocupação dos clubes de futebol, deixando de lado a monocultura das cotas da TV que, em muitos casos, vira limite do cheque especial para cobrir arroubos e barbeiragens administrativas.

Dos jogos que elenquei acima, o Fla x Flu teve o maior público. Era a decisão da Taça Guanabara, ainda com charme e nostalgia mesmo sem valer quase nada para a fase final da competição. É certo que poderia ter dado mais gente se não tivesse havido tanta confissão com liminares, proibições et cetera. Mas não deixo de pensar numa outra edição do clássico imortal, realizada há quase 30 anos, da devida maneira: num domingo às cinco da tarde no outrora maior estádio do mundo. O Rio de Janeiro foi tomado por uma tempestade monumental, a ponto de se duvidar que fosse possível a realização da partida. Só foram os gatos pingados feito eu; os degraus da arquibancada do Maracanã que ficavam além da velha cobertura de concreto pareciam riachos, com o pessoal espremido onde dava. Um jogo ruim, para 24.512 pagantes.

Não se pode vulgarizar os clássicos: eles precisam ser especiais, contando com grandes torcidas. O contrário faz com que todos percamos antes da bola rolar. É preciso resgatar ao menos parte da torcida que se perdeu nas telas e monitores da vida. Um espetáculo não existe sem plateia, um grande jogo não resiste sem torcidas.

O mundo mudou, já não é o mesmo, vivemos a bela Idade Média com smartphone, Uber e Tinder, mas não custa nada refletir nas palavras do primeiro parágrafo da crônica de João Saldanha, abaixo publicada.

Fergie time (por Zeh Catalano)

Post rapidinho sobre os jogos de um fim de tarde de domingo.

Para quem não conhece o termo que dá título ao post, ele refere ao eterno técnico do Manchester United, da Inglaterra, Sir Alex Ferguson, com perdão da palavra, um emérito cagão cujos times tinham o hábito de marcar gols nos descontos. A lista é quase interminável. Era irritante ver a constância com a qual isso acontecia.

Voltando ao Brasil e ao final de domingo, os canais de pay-per-view exibiam quatro zebras em sequência. Respectivamente: Ferroviária de Araraquara 1 x 0 Corinthians; Fluminense 1 x 3 Nova Iguaçu; Cruzeiro 1 x 1 Tombense; Gremio 1 x 1 Veranópolis.

Todos esses jogos tiveram cinco minutos de acréscimo.

Tudo uma enorme coincidência.

Nenhum dos times era treinado por Sir Alex. Nada mudou, apesar da colaboração de suas excelências.

Bangu: o dia em que Arthurzinho fez chover (por Paulo-Roberto Andel)

escudo bangu com fundo preto

Iniciando sua carreira no São Cristóvão e revelado pelo Fluminense, o Rei Arthur encarou uma pedreira: a busca por uma vaga na fenomenal Máquina Tricolor.

Deixando as Laranjeiras, teve uma temporada brilhante pelo Operário de Mato Grosso do Sul, depois no Bangu, Vasco, Corinthians e diversas outras equipes.

Um craque do meio de campo, com drible, arranque e visão de jogo, daqueles que o futebol brasileiro fabricava como ninguém.

Embora tenho conquistado diversos títulos em sua vida profissional, jogando em estádios abarrotados, para muitos a sua maior atuação foi numa tarde chuvosa de quarta-feira, feriado de 7 de setembro, no Maracanã enfrentando o Flamengo pelo primeiro turno do Campeonato Carioca de 1983, diante de apenas cinco mil torcedores (o que hoje pode ser um bom número, dependendo do jogo).

Na verdade, quem fez chover foi o próprio Arthurzinho, que marcou quatro gols na goleada por 6 a 2 imposta pelo Alvirrubro ao time rubro-negro, escrevendo seu nome ao lado de Nilo, Carvalho Leite, Russinho, Heleno de Freitas, Puskás e Marcelo, jogadores que também fizeram quatro tentos sobre o Flamengo numa mesma partida em toda a história.

O time da Gávea vivia uma crise desde a saída de Zico e uma derrota para o Botafogo por 3 a 0, também pelo carioca que derrubou a comissão técnica e a diretoria inteira do clube.

A conta ficou para o jovem goleiro Abelha, vindo da Ferroviária de Araraquara, substituto de Raul Plassmann e que fazia sua estreia justamente no Flamengo x Bangu. Foi extremamente criticado pela goleada. Felizmente a carreira de Abelha não foi arruinada: depois ele jogou no São Paulo e em outros clubes, tornou-se treinador de futebol e já escreveu até um livro, chamado “Treinamento de Goleiro – Técnico e Físico”.

Campeonato Estadual – Taça Guanabara
Local: Maracanã
Renda: Cr$ 4.282.400,00/ Público: 5.009 pagantes
Árbitro: Pedro Carlos Bregalda, auxiliado por João José Loureiro e José Inácio Teixeira

Bangu: Toinho; Gílson Paulino, Tecão (Jair), Fernandes (Índio) e Tonho; Mococa, Arturzinho e Mário; Marinho, Fernando Macaé e Ado; Técnico: Moisés

Flamengo: Abelha; Leandro, Marinho, Mozer e Ademar; Andrade, Vítor e Júnior; Robertinho, Baltazar (Peu) e Adílio; Técnico: José Roberto Francalacci

Bangu dá goleada histórica
Fonte: Jornal dos Sports

(Reprodução do site bangu.net)

Bem que o Bangu tentou dar de sete em comemoração ao dia da Independência do Brasil, mas acabou mesmo ficando nos 6 a 2 sobre o Flamengo, ontem à tarde, no Maracanã. Foi uma goleada histórica como histórica foi a atuação de Artur, que marcou quatro gols, um de pênalti, um de cabeça, um de rebote de goleiro e um antológico.

Para quem vem acompanhando o Flamengo, a goleada de ontem não surpreendeu tanto. O Goleiro Raul é que vinha impedindo derrotas e não deixou que o América marcasse mais de três. Ontem, Raul não jogou e, para complicar ainda mais, Abelha, contrariando o seu nome, falhou principalmente pelo alto.

A desarrumação é total, parece faltar motivação a alguns jogadores, outros demonstram precisar de um psicólogo. Além de uns dois convocados para a seleção que não se mostraram dispostos a arriscar uma contusão. O comando, sem força, devido às circunstâncias em que o clube se encontra, tudo indefinido, também não pode exigir o máximo. A confusão é tão grande que a cada jogo, é escalado um camisa 10. Ontem, foi a vez de Júnior.

Mas a goleada de ontem não pode ser creditada apenas a ruindade do Flamengo. O Bangu jogou e vem jogando muito bem, tanto que ganhou do América e do Goytacaz nos jogos anteriores. A tendência é crescer com Marinho Chagas na lateral e a consolidação da filosofia do técnico Moisés. O Time do Bangu está cheio de baixinhos, mas todos muito bons de bola. E um craque chamado Artur.

Ao contrário do time do Flamengo, que ainda não entendeu a necessidade de até morder os adversários, o do Bangu colocou tudo em campo. A técnica, velocidade, disciplina tática e o próprio coração. O seu único erro ontem, foi voltar atrasado para o segundo tempo, em três minutos. A troca de uniformes, devido ao campo enlameado, deve ter sido o motivo. Quando ao Flamengo, nem isso.

Castor não se ilude, vai reforçar o time

A goleada de 6 a 2 sobre o Flamengo não diminuiu o ânimo de Castor de Andrade de reforçar a equipe. Após a vitória, o dirigente disse que continua interessado na contratação de dois jogadores – um centroavante e um zagueiro – e que Marinho Chagas, que assina hoje seu contrato, deverá estrear brevemente no Bangu:

– Essa goleada não vai me iludir – disse o dirigente. Ainda quero mais reforços e vou agir rapidamente, a tempo de reforçar o time para o segundo turno. Nomes eu não digo, mas posso garantir que o Bangu terá grandes reforços muito em breve.

A situação de Marinho Chagas já está definida. Ele assina contrato hoje e, se tiver em condições até sábado, poderá até estrear contra o Botafogo. Mas essa é uma coisa pouco provável. O jogador, apesar de se sentir bem, ainda não decidiu se estreará mesmo:

– Vai depender dessa dorzinha, que sinto na região glútea. Se melhorar, eu jogo. Mas se continuar sentindo, vou pedir ao Moisés para dar um tempo e entrar só quando estiver bem. Afinal, depois de um resultado desses, não posso entrar em campo sem condições totais. O Bangu está armando um grande time e vai brigar pelo título.

Quem deverá voltar em breve é o lateral direito Rosemiro, que a cada vem melhorando muito. O lateral disse que na próxima semana pedirá a Moisés para treinar normalmente, já que se sente totalmente recuperado.

Na vibração, o prêmio é dobrado

A goleada de ontem pode ser considerada Histórica. Pelo menos, o vestiário do Bangu tinha o clima de um resultado inesquecível. O ambiente era de muita descontração e Castor de Andrade era um dos mais emocionados, tanto que anunciou um bicho de Cr$ 100 mil, alterando os seus planos, que era de pagar Cr$ 50 mil pela vitória.

Os jogadores se abraçavam e os torcedores lembravam que a última vez que o Bangu conseguiu golear o Flamengo foi em 1970, vencendo de 4 a 0. E, em tom de gozação, o supervisor Carlos Alberto Galvão lembrava, juntamente com Mário, o lance em que o Bangu marcou seu sexto gol, quando ele, Carlos Alberto, comemorando o gol, gritou para Mário mandar o time parar de fazer gols.

Como acontece em todos os jogos, Moisés se trancou na rouparia e só saiu para dar rápida entrevista. Apesar da goleada, o técnico não parecia de todo entusiasmado e só se descontraiu depois que Ademir Vicente, ex-jogador do Botafogo, Corinthians e do próprio Bangu, brincou com o treinador:

– Tá justificando o quê? – disse, ao ver o treinador dando entrevistas para um jornalista. – depois de uma vitória dessas não precisa justificar nada. Aliás, estou muito aborrecido com o senhor. Hoje, o Bangu podia ter dado de 10 a 1 no Flamengo. Uma goleada memorável. Quem foi que mandou o time parar de fazer de gols?

Após as palavras de Ademir Vicente, Moisés riu e fez alguns comentários sobre a partida:

– Ainda estou um pouco atônico, pois apesar dos 6 a 2 o jogo não foi tão fácil assim. Até marcarmos o quarto gol, o jogo estava duro e temi até por uma reação do Flamengo, que é um grande time. Felizmente, dessa vez, nós contamos também com a sorte e conseguimos transformar em gols quase todas as jogadas de perigo que criamos na área do Flamengo.

Para o jogo contra o Botafogo, sábado, Moisés não pretende alterar o time. A apresentação dos jogadores será hoje, à tarde, no Estádio Guilherme da Silveira. Segundo o Dr. Renato Pascoal, Fernandes e Tecão, que saíram contundidos, não deverão ser problemas para sábado.

O Destaque: Arturzinho, um gol de gênio

Aos 28 minutos do segundo tempo, Arturzinho dominou a bola no meio de campo e fingiu que ia dar para Fernando Macaé. Nesse instante, Mozer tentou fazer a linha de impedimento e foi o seu azar. Numa jogada de gênio, num dos gols que podem ser considerados como um dos mais belos já marcados no Estádio Mário Filho, Arturzinho partiu em direção ao gol, driblando, com um único toque, toda a defesa do Flamengo. Abelha saiu no desespero e Arturzinho, com um chute fatal, mandou a bola por cobertura e mesmo antes dela chegar as redes, ele já estava comemorando.

– É um gol raro. Nem mesmo os grandes jogadores estão acostumados a marcá-los. Fiz com a convicção de que poderia marcá-lo e dei sorte. Mas, volto a repetir, foi um lance muito difícil de acontecer.

No vestiário, Arturzinho foi o jogador mais festejado. Até mesmo a oração, que é feita após todas as partidas, independente de qualquer resultado, teve que esperar. Arturzinho, apontado como o pincipal destaque do jogo, demorou a sair de campo, tal o número de entrevistas que teve de dar às emissoras de rádios.

Depois, no vestiário, ele disse que o dia de ontem, em que assumiu a artilharia do Campeonato Estadual, ao lado de Luisinho do América, com 10 gols, após marcar quatro contra o Flamengo, poderia ter sido muito especial se fosse no domingo. Por isso seria duplamente especial.

– De qualquer maneira é uma data memorável, mas seria muito especial mesmo se fosse domingo, dia em que serei pai. Minha mulher está grávida e vai se internar na Clínica Jabour, onde terá uma cesariana, domingo. Por isso seria duplamente especial.

E um dos artilheiros do campeonato será ainda homenageado pelo Bangu. O supervisor Carlos Alberto Galvão informou no vestiário, logo após a partida, que Castor de Andrade já mandou fazer uma camisa, tamanho muito pequeno, para dar ao filho de Arturzinho. Como só saberá se a criança será menino ou menina após o parto, Castor mandou confeccionar apenas o nome do jogador na camisa, em cima do escudo. Mas mandará bordar o nome da criança, tão logo Arturzinho diga como se chamará.

Cinema: Os rebeldes do futebol (da Redação)

os rebeldes do futebol cartaz

Um dos maiores filmes já feitos sobre o esporte, “Os rebeldes do futebol” é um documentário onde, longe do brilho e do glamour, o ex-craque Eric Cantona conta a história de jogadores de futebol que resistiram. Num tempo em que o negócio do futebol parece corromper nossa relação com o esporte, o indomável Cantona está despertando consciências através do caminho traçado por jogadores que se opuseram ao poder e que se tornaram ícones da resistência, além de se destacarem pela suas habilidades no esporte.

Produtora/Production Company: ARTE France, 13 Productions Elenco/Cast: Eric Cantona, Mekloufi, Sócrates, Pasic, Caszely e Didier Drogba Cia.

Sobre torcida única no futebol do Rio de Janeiro (por Paulo-Roberto Andel)

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A decisão judicial em caráter liminar que impõe a torcida única nos clássicos disputados no Rio de Janeiro é, acima de tudo, um ato de eficácia mínima em relação ao problema dos confrontos criminosos vinculados ao nosso futebol.

O crescimento pelo interesse dos torcedores, que começa nos públicos de 20 mil pessoas nos anos 1910 e 1920, chegando aos mais de 100 mil entre as décadas de 1960 a 1990, foi semeado pelo grande apelo popular dos clubes cariocas e pela emoção dos jogos clássicos. São eles que, ainda hoje, alimentam de forma lúdica a paixão pelo futebol, sem desrespeito aos clubes de menor investimento.

A violência, crescente em toda a sociedade, passou a atingir o futebol corriqueiramente, ainda que seus promotores constituam cerca de 0,0000000001% dos torcedores, sendo alguns figurinhas carimbadas na seara policial. Um problema de segurança, de Estado e que sempre teve menos atenção do que deveria. Resultado: a contribuição para o afastamento gradual de torcedores dos campos de futebol, também motivados por outros fatores. Hoje em dia, um clássico no Rio mobiliza cinco ou seis vezes menos torcedores do que há duas décadas. Seria uma demonstração de crise e fracasso caso o problema interessasse de verdade aos meios de comunicação e, especialmente, à televisão, numa grande campanha de combate à violência, mas também com o resgate dos verdadeiros torcedores para as arquibancadas. Não é o que exatamente acontece.

Ao impor a torcida única, o poder público parece desconhecer completamente o modus operandi do minúsculo núcleo criminoso que habita o mundo futebol. Em inúmeros casos, os ataques do banditismo acontecem a muitos quilômetros dos estádios – e assim continuarão, pois a medida em nada os atinge. O único efeito prático é o afastamento ainda maior dos torcedores dos campos, cada vez mais utilizando bares e residências para acompanhar as partidas. A quem interessa um espetáculo sem público presente? Certamente não é aos clubes.

A violência é um problema de segurança e deveria ser tratada como tal, num todo. Esvaziar os clássicos em nome do combate a ela é como desestimular os consumidores a frequentarem um shopping center que teve uma loja assaltada, ou restringir o acesso geral a uma grande praia porque um turista sofreu uma violência. É tratar uma bursite com amputação. É ferir o princípio da razoabilidade, punindo 99,99999% dos torcedores, que possuem boa índole. É reconhecer o fracasso e a derrota do sistema de segurança pública.

Com ou sem torcida única, a violência continuará a prosperar caso a Polícia e a Justiça não façam o que parece óbvio: identificar, prender e punir os criminosos. Com torcida única, todos perdem, com exceção dos praticantes da violência. E o futebol do Rio fica cada vez mais parecido com seu símbolo maior, o Maracanã: abandonado, desperdiçado e pouco atraente.

A demagogia não tem força para solucionar este problema grave. É como enxugar gelo.

@pauloandel

Mais uma morte no futebol (por Paulo-Roberto Andel)

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Tiros à queima-roupa, gritos, dor, morte. Oito baleados na torcida do Botafogo, um morto, outro em estado gravíssimo até o fechamento desta edição.

Em condições normais de razoabilidade, o clássico entre Botafogo e Flamengo jamais teria sido realizado neste domingo no Engenhão. Mas, pensando bem, condições normais de razoabilidade são algo bastante raro no Brasil de hoje, em qualquer temática.

A banalização da violência acabou endurecendo os corações. As pessoas olham com indiferença, passam e a vida segue. Quarta-feira tem outro jogo, eu não tenho nada com isso, não fui eu quem inventou a violência. E assim, um clássico para colocar 40 mil pessoas põe a metade disso.

Uma parte dos torcedores simplesmente desistiu. O cardápio de sandices que cercam a ida a um jogo de futebol não é para qualquer estômago. Alguns ficam nos bares, outros vendo o jogo na TV em casa e outros passaram a ignorar o esporte – as pesquisas apontam a gravidade deste último fato, aumentando a cada nova medição.

Em dois finais de semana seguidos, o Rio testemunhou dois atos de selvageria contra pessoas que cometiam o crime de acompanhar seus times de futebol. Não é coisa propriamente de hoje: nos anos 1970, era comum alguém ser morto na geral do Maracanã por “assalto” (sempre repercutiu a desconfiança de que alguns mortos eram militantes de esquerda, acompanhando o jogo no setor mais popular do estádio). Tal como hoje, ninguém ligava. E aqui se fala do Rio, mas podia ser em São Paulo, Belo Horizonte, Goiânia ou outra cidade qualquer.

A TV foi a primeira a bancar a realização da partida. Seu compromisso é com os números da audiência e do caixa. Não vai ter ninguém na rua protestando contra a violência no futebol, nem com boneco gigante de presidiário, nem com camisa da CBF – e aqui, usar a palavra que designa um apenado pode parecer até deselegância.

A Federação? Depois ela publica uma nota de repúdio.

Morreu mais um.

E daí? O carnaval está chegando.

Uhu!

@pauloandel

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Os geraldinos em ação! (por Paulo-Roberto Andel)

Algumas imagens  do maravilhoso documentário brasileiro de Pedro Asbeg e Renato Martins, “Geraldinos” (2015), que conta a história da Geral do Maracanã, carinhosamente conhecida como “o espaço mais democrático do futebol carioca”, extinta em 2005.

SINOPSE

“Construído em 1950 para a primeira Copa no Brasil, o Maracanã foi, por 60 anos, o espaço mítico do futebol-arte. Nesse território, a “Geral” era o lugar destinado ao povão. Não havia como jogadores e técnicos deixarem de ouvir as críticas e até xingamentos dos torcedores apaixonados, figuras não raro folclóricas que ficavam bem perto do campo. Dedicado à memória destes torcedores, o filme analisa as mudanças na reforma do estádio, em 2010, que decretaram não só o fim da concepção de um espaço para todos, mas a instalação de um modelo mais elitista de espetáculo e de cidade”.

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VEJA AQUI TAMBÉM!

@pauloandel

A Hungria de Puskas (por Zeh Augusto Catalano)

Um dos maiores times da história.  Campeã olímpica em 1952, a Hungria era a favorita absoluta para a Copa do Mundo em 1954, na Suíça. Perdeu a final contra a Alemanha, a quem havia massacrado na fase preliminar da mesma competição por 8 a 3. Abriu 2 a 0 em poucos minutos, mas sucumbiu de forma inesperada levando a virada, 3 a 2, no final. Um gol mal anulado poderia ter mudado a história do jogo e do futebol, premiando a melhor Hungria de todos os tempos. Mas os deuses do futebol não quiseram que isso acontecesse. Igual a Holanda de 1974 e o Brasil de 1982, os húngaros ficaram com as lágrimas.

O time assombrou o mundo com seus resultados e seu estilo de jogo revolucionário, completamente distinto dos outros times da época. Puskas, Hidegkuti, Boszik, Kocsis, Czibor . Craques. O ponto de desequilíbrio, ao contrário do que se pensa, não era Puskas, mas Nandor Hidegkuti. Numa época de posições bem definidas, e de um futebol mais estático, ele era um verdadeiro ponta de lança, voltando até a intermediária para armar jogo e levando junto a zaga adversária, que pensava estar perseguindo o centroavante da Hungria. No buraco aberto às suas costas, os outros craques faziam a festa.

Por mais incrível que pareça, há pelo menos um jogo inteiro desse time disponível no youtube. É um jogo histórico, de sessenta e quatro anos atrás, novembro de 1953, gravado em preto e branco e narrado em húngaro. Em Wembley!

A Inglaterra se achava o supra-sumo do futebol e, até essa partida, jamais havia perdido para não britânicos (Escócia, Irlanda, Gales) em seu território. Era comum chamarem os melhores times do mundo para um amistoso em suas dependências, para que ganhassem e esnobassem a plebe futebolística que queria rivalizar com os inventores do futebol. Convidaram então os campeões olímpicos para tirarem uma onda com os caras. Levaram uma sova histórica de meia-dúzia a três, com direito a um gol que é tido como um dos mais bonitos da história, de Puskas (aos 23’50” do vídeo).

Uma aula de futebol.

Seis meses depois deste jogo,uma revanche foi marcada para o Nepstadion, de Budapeste. Foi ainda pior. 7 a 1.

Rodada dupla… mesmo! (por Paulo-Roberto Andel)

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Nesta quarta-feira, dia 08, a Chapecoense tem um confronto com o Cruzeiro pela Primeira Liga. Até aí, tudo bem; no entanto, o time da Chape também tem um jogo contra seu rival Avaí pelo Campeonato Catarinense. Os dois jogos no mesmo dia.

Inicialmente o confronto contra o Avaí estava marcado para dia 14 deste mês, mas foi adiado. Assim que soube das modificações na tabela, o clube entrou em contato com a Primeira Liga e também com a Federação Catarinense de Futebol para a alteração de uma das datas, sem sucesso nos dois casos.

Está longe de ser a primeira vez que isso acontece no futebol brasileiro.

O mais surreal dos casos aconteceu com o Grêmio em 1994. Segue reprodução do site Cenas Lamentáveis:

“Em 1994, a Federação Gaúcha de Futebol criou um campeonato estadual de pontos corridos, conhecido até hoje como “Gauchão Interminável”. Começou em 5 de março e terminou em 17 de dezembro, com 23 clubes duelando em turno e returno.

A ideia da federação era diminuir o número de clubes na Primeira Divisão Gaúcha. Para isso, o regulamento determinou que nove equipes seriam rebaixadas. As consequências de um campeonato longo foram uma baixa média de público e uma das páginas mais curiosas da história do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense.

Em 11 de dezembro de 1994, uma tórrida tarde de domingo, foram realizadas três partidas no Estádio Olímpico, válidas pelo Gauchão daquele ano. O Grêmio já estava sem chances de título, mas por que precisou jogar três vezes no mesmo dia?

Acontece que esta foi a forma encontrada de “zerar” os jogos do clube no Gauchão, já que o time de Luiz Felipe Scolari estava disputando várias competições: Copa do Brasil, Brasileiro, Supercopa e Conmebol. A temporada do Grêmio teria quase cem partidas em 1994.

Para aguentar os 270 minutos correspondentes das partidas, que iniciariam às 14, 16 e 18 horas, Felipão concentrou 42 jogadores, colocando em campo 34 deles, além de ceder a casamata a Zeca Rodrigues nas duas primeiras partidas, ficando à beira do gramado apenas no confronto final.

A torcida tinha a mesma impressão, tanto que protagonizou um dos menores públicos da história do Olímpico. Havia até promoção de ingressos: cadeiras e social a R$ 3,00. Estudante pagava R$ 1,50. No total, 758 pessoas sentaram no duro concreto do estádio, e apenas 247 eram pagantes. A renda, portanto, seria de irrisórios 690 reais.

Apesar das enormes dificuldades, o aproveitamento do Grêmio foi bom: um empate e duas vitórias. A primeira partida, às 14 horas, com sensação térmica de 48 ºC, foi diante do Aimoré. Juniores e juvenis formaram a equipe tricolor, com uniforme azul celeste. Destaque para o goleiro Murilo, que evitou a derrota ao defender um pênalti aos 34 minutos do segundo tempo.

O calor era tanto que o árbitro interrompeu a partida para hidratação dos atletas. Atualmente, consta até no regulamento de certas competições, mas, em 1994, isso sequer era cogitado, pois os  jogos nunca eram disputados à época em horários de maior incidência de raios solares. A decisão de Willy Tissot arrancou aplausos dos torcedores.

A primeira vitória do Grêmio no dia viria na partida seguinte, disputada às 16 horas. Só que, mesmo com sete titulares, o Grêmio, usando o tradicional uniforme tricolor, só conseguiu vencer o Santa Cruz aos 47 minutos do segundo tempo. O único gol da partida foi marcado pelo atacante Fabinho. Além disso, o zagueiro Agnaldo Liz desperdiçou um pênalti para o Grêmio.

A maratona de futebol no Estádio Olímpico chegaria ao fim com o confronto das 18 horas, diante do Brasil de Pelotas. Émerson, jovem meia, havia entrado no segundo tempo diante do Santa Cruz, e seria titular no jogo final, por isso, precisou ser rápido no vestiário para trocar o uniforme tricolor que estava usando pelo branco.

“Lembro que as palestras pré-jogo foram muito rápidas. O clima também era de descontração, era fim de ano e pouco valiam as partidas. Aquela tarde foi uma experiência única”, recorda Emerson.

O Xavante chegou ao Olímpico às 15 horas, e se deparou com os vestiários todos ocupados. O jeito foi a delegação ir para a providencial sombra do setor das sociais. O tempo livre foi regado a picolés, pagos pelo técnico Ernesto Guedes.

Em campo, sem picolé e com o calor um pouco menos impiedoso, mais uma vitória do Grêmio, pelo placar mínimo. O gol saiu aos 22 minutos do segundo tempo. Jaques, de cabeça, foi o autor do tento. “Foi no improviso. Antes, a gente dava risada, brincava que conseguiria jogar as três partidas, mas não foi fácil. Três jogos, no mesmo estádio, da mesma equipe, no mesmo campeonato. Pelo que eu já vi sobre futebol, não conheço nenhum caso no mundo”, disse o atacante.

Na época em que vitória valia dois pontos, que o Plano Real começava a dura empreitada de remediar a economia nacional, e Felipão ainda era apenas um gaúcho de bigode e pouco conhecido no Brasil, o Grêmio, enfim, conseguiu completar 270 minutos em campo numa mesma tarde. Curiosidade com cara de façanha. Mais uma história que o Olímpico levou consigo, depois que cedeu seus jogos à Arena do Grêmio.

O fato colocou o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense no Guinness Book: foi o primeiro time a disputar três partidas oficiais em um mesmo dia. Jaques, Emerson e Ciro foram os que mais correram pelo tricolor gaúcho: atuaram em duas das três partidas.”

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Em 1993, sem datas para realização da Recopa (duelo entre vencedores da Libertadores e da Supercopa do ano anterior), a Conmebol e a CBF concordaram que o duelo entre São Paulo e Cruzeiro, marcado para o dia 25 de setembro, poderia valer por duas competições.

Assim, o jogo disputado no Morumbi, reuniu o São Paulo campeão da Libertadores e o Cruzeiro campeão da Supercopa. A partida valia pelo Campeonato Brasileiro, mas o resultado foi considerado também como o jogo de ida da Recopa, após acordo entre as entidades. A partida terminou empatada sem gols.

Na volta, quatro dias depois, no Mineirão, o duelo valeu somente pelo curto torneio internacional. Novo placar de 0 a 0 e decisão nos pênaltis. Melhor para o São Paulo, que venceu por 4 a 2. Então no começo de carreira, Ronaldinho ainda não era Ronaldo Fenômeno e perdeu uma das cobranças, defendida por Zetti.

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Ah, e acabou de acontecer com o Gre-Nal outro dia também pela Primeira Liga.

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Imagem: sirli freitas/chape

O baile do Tita: Brasil 1979 (da Redação)

Em 02 de agosto de 1979, Brasil e Argentina mediram forças pela Copa América diante de quase 120 mil torcedores.

A Seleção Brasileira venceu a grande rival por 2 a 1, com um golaço do jovem estreante Tita, atuando ao lado de outros jogadores fantásticos e enfrentando nada menos do que o também jovem Diego Maradona.

Ainda que caísse nas semifinais diante do Paraguai, o Brasil contava com jogadores de altíssimo quilate técnico como Amaral, Edinho, Carpegiani, Zenon e outros.

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Quando éramos reis (da Redação)

Ao som de Waldir Calmon e sua orquestra, com um verdadeiro hino do futebol brasileiro: “Na cadência do samba”, de Luiz Bandeira. A gravação é do ano de 1956. Ao ouvi-la, todos os torcedores com mais de 40 anos de idade embarcam num mundo de sonhos, gols e lances espetaculares.

Tempos em que o futebol abarrotava os estádios brasileiros de paixão, com públicos imensos.

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O jogo de um bilhão (da Redação)

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Havia uma grande expectativa em junho de 1985: novamente a Seleção Brasileira faria um jogo decisivo contra o Paraguai para garantir sua vaga na Copa do Mundo do ano seguinte. Em tempos de inflação galopante, a previsão era de uma bilheteria de um bilhão de cruzeiros, moeda da época (equivalente a cerca de 162.400 dólares) para 150 mil pagantes no Maracanã lotado.

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A renda ultrapassou 1,4 bilhão de cruzeiros, mas o Maracanã não lotou: compareceram “apenas” 139.923 torcedores.

Com o empate em 1 a 1, a Seleção garantiu vaga para o Mundial do México. O grande destaque da partida foi o paraguaio Romerito, autor de um golaço que silenciou o estádio.

Quando a Copinha economizava (da Redação)

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Em 1992, o time do Vasco da Gama estava prestes a estrear na Copa São Paulo de juniores, a popular Copinha, diante da Portuguesa de Desportos.

A grande curiosidade, se pensarmos nos tempos atuais, tem a ver com o número de participantes. Naquela ocasião, por medida de economia, a Copinha teve 24 clubes disputando a competição, em vez dos 40 do ano anterior.

O mesmo Vasco acabaria campeão na decisão diante do São Paulo, vencendo nos pênaltis por 5 a 3, depois de empatar no tempo normal por 1 a 1. O artilheiro da Copinha seria Valdir, jovem atacante que depois marcaria seu nome no rol de artilheiros vascaínos.

A parte triste estava, para variar, na violência. Três dias antes da final, foi disputada a partida das semifinais entre São Paulo e Corinthians, no Estádio Nicolau Alayon.

Como o Estádio do Pacaembu estava indisponível, devido ao material usado em um show no fim de semana anterior, o clássico estava marcado para a Rua Javari, mas optou-se por transferi-lo para o Nicolau, para permitir uma presença maior de público.

O clima de guerra entre as torcidas provocou ataques com bombas e rojões, proibidos dentro do estádio. Os torcedores infiltravam-se por trás das arquibancadas, para jogar bombas sobre os adversários, por cima do muro. Uma delas, provavelmente atirada por torcedores do São Paulo, atingiu Rodrigo de Gásperi, um torcedor corintiano de treze anos.

Houve pânico entre boa parte dos doze mil torcedores e o jogo ficou interrompido por 25 minutos, mas acabaria retomado até o fim da prorrogação.

Rodrigo morreria quatro dias depois, no hospital, vítima de lesões cerebrais

Nesta edição recém-iniciada, a Copinha conta com 120 equipes na disputa.

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Adeus, geral (da Redação)

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Entendendo que o futebol é uma representação fiel de nossa realidade, surge o documentário “Adeus, Geral”, que teve seu início a partir de um trabalho escolar de Geografia sobre “muros sociais”. O filme busca explorar a elitização do futebol brasileiro, que exclui dos estádios as camadas mais pobres da população.

Produzido por cinco alunos do Ensino Médio, movidos pelo sentimento de expor as injustiças que esse muro social representa, deu voz a torcedores, jornalistas, técnicos e ex-jogadores para entender o que significa essa tendência.

Participam, com depoimentos, nomes como os jornalistas Juca Kfouri e Mauro Cezar Pereira, o ex-técnico do Corinthians, Tite, o presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, o ex-jogador Alex e membros das principais torcidas organizadas de São Paulo.

Um documentário de Gustavo Altman, Martina Alzugaray, Pedro Arakaki, Matheus Bosco e Pedro Junqueira.

Madureira: o futebol suburbano para o mundo (da Redação)

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Sob direção e produção de Pedro von Krüger e Felipe Nepomuceno, o documentário “A Incrível Volta ao Mundo do Tricolor Suburbano”

A história da atração é contada no início da década de 1960, época onde os principais torneios de futebol disputados no Brasil eram os estaduais, já que o Campeonato Brasileiro nunca havia sido realizado. As equipes, após o término destas competições, ficavam um período grande sem jogar, que utilizavam com frequência para realizar excursões nacionais e internacionais. Essas viagens eram muito comuns entre os clubes de maior tradição.

Em 1961, o empresário José da Gama, conhecido como um dos primeiros negociadores de jogadores do país, resolveu levar o Madureira Atlético Clube para viajar pelo mundo. Ele planejava, desde o começo, não apenas fazer uma simples excursão, mas sim rodar o planeta inteiro com o Tricolor Suburbano.

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O documentário, feito em sua grande parte de imagens de arquivo, se relaciona intimamente com o tema “Memórias” por relembrar a grande viagem realizada pelo Madura. No momento em que era vivida guerra fria, o Madureira levou o futebol do Brasil até países como Cuba, Rússia e Japão. Todo o material foi buscado com os ex-jogadores e suas famílias.

São Cristóvão F.R., 90 anos da conquista de 1926 (da Redação)

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Único time do mundo a ter um uniforme exclusivamente branco, dono do primeiro estádio de futebol construído no Rio de Janeiro e berço do futebol de grandes jogadores que inclusive disputaram Copas do Mundo, o São Cristóvão completou 90 anos ontem da conquista do campeonato carioca de 1926. Nas últimas décadas, assim como tantas outras equipes tradicionais do Rio e do Brasil, sobrevive com imensas dificuldades e absolutamente desprezado pelos meios de comunicação.

O Club de Regatas São Cristóvão foi fundado em 12 de outubro de 1898, para depois se fundir com em 13 de outubro de 1943 com o clube de futebol, este fundado em 5 de julho de 1909.

Nos últimos 35 anos, o popular São Cri Cri teve brilhos efêmeros, como o da cooperativa de jogadores em 1983, contando com nomes como os do goleiro Nielsen, o lateral Orlando Lelé, o zagueiro Jaime, o lateral Rodrigues Ne­to, mais os atacantes Gil, Rui Rei, Nilson Dias e Edu – um time com muitos jogadores de categoria, mas veteranos. A revelação de Ronaldo Fenômeno, que viria a se tornar um dos grandes atacantes do futebol mundial. O surgimento de Valber, zagueiro que defendeu diversos clubes do Brasil e chegou à Seleção Brasileira.

Matéria do UOL sobre os 90 anos do título de 1926.

Matéria de O Globo sobre os 100 anos do estádio de Figueira de Melo.

 

O Caso Campos: um artilheiro à própria sorte (da Redação)

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O primeiro caso comprovado de doping no futebol brasileiro aconteceu em 1973, numa partida entre o Atlético Mineiro e o Vasco da Gama, com o atacante Cosme da Silva Campos, uma das grandes promessas dos gramados daquele tempo. O episódio teve repercussão nacional, principalmente por conta da hipocrisia que sempre cercou o tema, ainda mais em tempos de ditadura. Recuperado meses depois, Campos voltou a jogar, mas perdeu a guinada que poderia ter dado em sua carreira.

Em detalhada reportagem da revista Placar, todo o caso é apresentado por Arthur Ferreira, o saudoso Raul Quadros e o decano José Trajano, além de uma entrevista com Campos feita em 2012 por alunos de Jornalismo do Centro Universitário UNA.

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Ainda sobre Campos, no BLOG DE MILTON NEVES

Marcelo, um goleiro (da Redação)

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Quinta-feira, 27 de agosto de 1964.

Não era uma época das mais fáceis no Brasil, mas o futebol era uma espécie de alívio para a vida sofrida de milhões de torcedores.

O Maracanã, palco maior do futebol mundial, recebia Flamengo e Vasco para o eterno clássico, por ocasião da décima rodada do campeonato carioca de futebol daquele ano.

Horário tradicional das 21 horas e 15 minutos.

Uma data marcante para Marcelo, o então goleiro da equipe vascaína, jovem de 24 anos que prometia fechar o gol da Colina, já com a bagagem de ter jogado pelos times  do Yuracan de Itajubá, São Paulo, Palmeiras, Ferroviário de Botucatu e Bonsucesso.

O resultado da partida teve efeito completamente oposto.

O goleiro acabou levando dois gols da intermediária, um deles num lance que parecia muito fácil, marcados por dois craques do Flamengo: os meio-campistas Carlinhos e Nelsinho.

No caminho do vestiário, Marcelo decidiu que nunca mais vestiria a camisa do Vasco da Gama ou de qualquer outro time. A partida se encerrou com o placar de 2 a 1 para o Rubro-Negro.

Ao final do primeiro tempo, o goleiro já havia se desentendido com o treinador Eli do Amparo, que o havia acusado de falhar no gol do empate do Flamengo, feito por Carlinhos. Os dois precisaram ser contidos pelos companheiros para não brigarem no vestiário.

Mas quem disse que só Marcelo sofria em campo? O próprio árbitro da partida chegou a desistir de arbitrar, alegando falta de condições emocionais (vide matéria abaixo), com a partida sendo paralisada e retomada.

Após o segundo gol, marcado por Nelsinho, craque da Gávea, quase do meio de campo no primeiro minuto do segundo tempo, Marcelo alegou não ter mais condições emocionais de prosseguir jogando. Depois de mais de 15 minutos de paralisação do jogo, com atletas dos dois times pedindo para que reconsiderasse a decisão, Marcelo se manteve irredutível.

O goleiro deixou o gramado aplaudido de pé por mais de 90 mil pessoas. Após esta partida, encerrou a carreira.

Em depoimento ao canal ESPN, disse Marcelo:

“Eu bati o tiro de meta a bola atravessou, o Célio deu uma cabeçada, o Nelsinho matou no peito, veio andando e chutou de longe. Eu fui abaixar pra pegar, a bola bateu no chão, bateu no meu braço e entrou. Ela nem chegou ao fundo da rede. Entrei no vestiário e quem estava me esperando era o goleiro Barbosa. Ela me disse: ‘garoto, levante a cabeça porque o que aconteceu comigo foi pior do que o aconteceu contigo’”.

À época gerou inúmeras crônicas publicadas por jornais e revistas, uma delas escrita por Dom Marcos Barbosa (monge e cronista que se tornaria imortal da Academia Brasileira de Letras em 1980), intitulada “Uma Rosa do Povo”, onde fazia uma comparação entre o goleiro e o senador americano Bob Kennedy, bastante aplaudido em um encontro nos EUA durante a campanha presidencial. Marcelo emoldurou esta crônica

No ano de 1970, ao se formar em Engenharia, Marcelo convidou Barbosa pessoalmente para prestigiar a entrega do diploma. O encontro acabou gerando inspiração ao imortal, que tempos depois escreveu outra crônica batizada como “Uma Crônica no Quadro”.

Depois do futebol, Marcelo aposentou-se como engenheiro, tendo trabalhado por 25 anos na IBM.

O Fluminense foi o campeão carioca de 1964.

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João Saldanha, 1986, Roda Vida (da Redação)

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Onde tinha João Saldanha, tinha também reflexão, humor e causos imperdíveis. É o caso desta entrevista ao programa Roda Viva, dividido em três blocos, da TV Cultura no ano de 1986. Aqui, apresentamos o segundo. Os outros dois podem ser encontrados com facilidade no YouTube. Para os mais jovens, é divertido ver o apresentador Marcelo Rezende ainda como jornalista esportivo na bancada.

Tática, técnica, as Feras do Saldanha, a Democracia Corinthiana, a incrível história do tiro no goleiro Manga, homossexualidade no futebol e muito mais.

A agonia da Portuguesa de Desportos (da Redação)

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Deu no Estadão, na seção de classificados: o emblemático estádio do Canindé, a casa da Portuguesa de Desportos.

O leilão será realizado no próximo dia 18, às 14h, através da empresa Fidalgo Leilões.

O valor inicial é de R$ 74 milhões, sendo 30% no ato da compra e o restante em até 30 parcelas.

Até o momento, não houve o registro de lances.

Parte do terreno ocupado pelo Canindé (45%) pertence à Prefeitura de São Paulo.

O leilão nasceu do rol de dívidas trabalhistas acumuladas pela Portuguesa ao longo dos anos, muitas delas com ex-jogadores hoje representados pela advogada Gislaine Nunes.

As partes chegaram a fazer um acordo, mas desde a entrada de Ilídio Lico na presidência, no início de 2014, o clube parou de pagar as parcelas da dívida. Assim sendo, a área  do estádio foi oferecida como garantia.

A ação original, de 2002, é de autoria do ex-jogador Tiago de Moraes Barcellos.

HISTÓRIA

O Deutsch Sportive, clube da colônia alemã em São Paulo, possuía um imóvel no bairro do Canindé, onde praticava os mais variados esportes. Mas, com a declaração de guerra do governo brasileiro aos países do Eixo, durante a Segunda Guerra Mundial, começou uma perseguição a clubes das colônias desses países, inclusive a alemã. O Deutsch resolve vender seu imóvel temendo perdê-lo confiscado.

Por sua vez, o São Paulo Futebol Clube, que resolvera o seu problema com estádio para jogos, adotando ao Estádio do Pacaembu, ainda não tinha um local para treinamento. Comprou então o Canindé em 29 de janeiro de 1944, por 740 contos de Réis. Ainda, pelo acordo deveria permitir que os membros do clube vendedor continuassem usando as instalações. O Deutsch Sportive mudou de nome para Guarani, abrasileirando-se e fugindo de perseguições. Mais tarde, seus sócios aderiram ao São Paulo.

Em 1956, a Portuguesa adquiriu o imóvel no bairro do Canindé, do seu proprietário, Wadih Sadi. Este, um sócio do São Paulo Futebol Clube, que comprara o imóvel do próprio clube um ano antes. No local havia apenas uma pequena infra-estrutura, que incluía: um campo para treinos, um pequeno salão, vestiários e outras depeNdências de treinamento. Para que pudessem ser realizadas partidas oficiais no local e atender às exigências da Federação Paulista de Futebol, foram realizadas várias reformas, levantados alambrados e uma arquibancada provisória de madeira. Estas primeiras arquibancadas acabaram conferindo ao estádio o apelido carinhoso de “Ilha da Madeira” — título que, além de ser alusivo à condição da edificação, também se refere à ilha portuguesa.

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Mergulhada num caos sem fim desde dezembro de 2013, no conturbadíssimo episódio conhecido como “Flamenguesa”, a querida Portuguesa de Desportos parece sem condições de reagir a uma sucessão de golpes endógenos e exógenos. Não se pode confundir os maus atos de alguns homens com a belíssima e longe história do veterano clube, recheados de nomes imortais do futebol brasileiro, tais como Félix, Djalma Santos, Denner; Julinho Botelho, Enéas de Camargo, o Príncipe Ivair, Basílio, Dicá e muitos outros.

O futebol acorrentado (por Paulo-Roberto Andel)

Numa das esquinas do centro nevrálgico do Rio, no encontro das ruas Carlos Carvalho e Carlos Sampaio, a cinco minutos da Central do Brasil, reside um par de traves.

Passam a semana acorrentadas, de segunda a sábado, até que finalmente são libertadas: nas imediações da Cruz Vermelha é liberada uma área de lazer aos domingos. Um bom e velho futebol de rua, de asfalto, come solto. Crianças, jovens e adultos praticam o esporte que apaixona a bilhões de pessoas mundo afora.

No domingo, o simpático e descascado par de traves é uma das nossas maiores expressões culturais populares.

Durante a semana, poética e involuntariamente ele exerce outro papel.

Percebam a sutileza das imagens num sentido figurado. O futebol aprisionado, acorrentado, dominado pelos interesses econômicos que se sobrepõem aos esportivos. O feudo que comanda e oprime a voz da massa.

Qualquer semelhança com um país da América do Sul é mera coincidência.

Bem perto das traves, dois outros itens completam a divagação: uma caçamba de lixo fétida, não fotografada, e a pichação do muro próximo ao poste carcereiro, que cerca as instalações da Cruz Vermelha Brasileira: “Muro das lamentações”.

Que o domingo ainda possa ser sempre o alívio de semanas de angústia e ilusão.

O futebol acorrentado quer ser livre para sempre.

Mas como?

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A dissolução do quadro de árbitros em 1981 no Rio (da Redação)

Para quem acha que o futebol do passado corria às mil maravilhas quando o assunto era arbitragem, federação e outrem, aí está o registro do Jornal do Brasil em 24/10/1981, há exatos 35 anos: uma crise no futebol carioca, cujos desdobramentos  chegariam no ano seguinte ao escândalo conhecido como “Máfia da Loteria”,  com resultados terríveis para o então mais valioso e procurado jogo de apostas do Brasil.

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Diretas já! (da Redação)

Ano de 1984. Dia 22 de abril.

O Brasil em efervescência política por conta da luta por eleições diretas, esperadas há 20 anos.

No Maracanã, Flamengo e Santos.

O velho e inesquecível placar do então maior estádio do mundo, com suas lâmpadas, não se fazia de rogado e entrava na militância em prol da democracia no Brasil.

O placar terminou empatado em 2 a 2.

Três dias depois, a esperança de milhões de brasileiros era enterrada temporariamente, com a rejeição da PEC (proposta de emenda constitucional) Dante de Oliveira pela Câmara dos Deputados, que previa as eleições diretas.

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No vídeo com os gols do jogo, duas curiosidades: a narração de Fernando Vanucci e a enorme propaganda dourada na camisa do Flamengo.

Flamengo x Palmeiras: dois jogaços em 1979 e 1980 (da Redação)

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Dois jogos, duas goleadas, dois grandes momentos no Maracanã.

Em 1979, pelas quartas de final do Campeonato Brasileiro, o Palmeiras bateu o Flamengo por 4 a 1 no então maior estádio do mundo, lotadíssimo.

No ano seguinte, 1980, o troco rubro-negro: 6 a 2 sobre o Verdão. Vários jogadores atuaram nos dois jogos e viveram céus e infernos do futebol.

Em 1979, o Palmeiras chegaria até as semifinais da competição, sendo eliminado pelo Internacional de Porto Alegre. Já em 1980, o Flamengo conquistaria seu primeiro título brasileiro.

Engenhão: uma história de explicações elásticas (da Redação)

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Em 26 de março de 2013, o estádio do Engenhão foi interditado pelo suposto risco de morte que oferecia a seus frequentadores, com o possível risco de queda de sua cobertura. Desde então, sofreu uma reforma multimilionária de modo a receber os Jogos Olímpicos de 2016.

Pelo visto, trata-se de uma história com variáveis complexas e de causar desconfiança.

Matéria divulgada pela CBN neste 4 de outubro, assinada pelo jornalista André Coelho, revela que um laudo dá como desnecessária a dita reforma.

CLIQUE AQUI.

Um novo estudo afirma que a prefeitura do Rio não precisava ter interditado o Estádio Nilton Santos, o Engenhão, por quase dois anos e que a cobertura da arena não apresentava riscos. De acordo com a análise, foi desnecessária a obra de R$ 100 milhões para o reforço da cobertura.

O laudo concluiu que as falhas encontradas eram diferenças normais para construções de grande porte e que não havia sinal de desgaste. As ferrugens nos arcos de sustentação, que se tornaram símbolo do problema, eram, na verdade, falta de manutenção da pintura.

Veja os links abaixo, que ajudam a tentar entender essa verdadeira caleidoscópio da soma de forças.

FOI UM ERRO!

AÇÃO MILIONÁRIA!

EM 2015…

 

 

Papeletas amarelas, há 30 anos (da Redação)

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Em 04 de outubro de 1986, o TJD intimava George Helal, então presidente do Flamengo, a se explicar sobre operações que ficaram conhecidas como “Papeletas Amarelas”, numa suposta ajuda de custo a árbitros que trabalhavam no Campeonato Carioca de 1986.

Tempos depois, nada ficou provado. George Helal e Leo Rabello, dois nomes de destaque na situação, foram absolvidos e até hoje atuam no mundo do futebol: Helal, nas internas do Flamengo e Rabello como empresário de jogadores.

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Preliminares do Maracanã (por Paulo-Roberto Andel)

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Quando o Maracanã era o Maracanã, mesmo com a bagunça que era o futebol brasileiro, o encontro semanal da bola acontecia de forma especial – mas não exclusiva – às cinco da tarde no maior estádio do mundo. E invariavelmente duas horas antes, acontecia a preliminar de juvenis, que depois foram transformados em juniores. Bem antes disso tudo, havia o campeonato de aspirantes, com jovens jogadores que ainda não eram aproveitados nos times principais.

Você conhecia os futuros craques do seu time – porque eles continuavam no clube, eram profissionalizados e jogavam algumas temporadas antes de serem negociados. E também engolia a seco as ferinhas dos times adversários. Todo mundo sabia tudo com um ou dois anos de antecedência, e aqueles jogadores iam formar a base dos times cariocas, salvo uma ou outra transação. Quando eram efetivados nos profissionais, poucos jogadores não estavam acostumados ao Maraca lotado – e quem jogou nele, joga em qualquer lugar. Anos depois, a euforia pela consagração de atletas ou a tristeza pelo fracasso de promessas tão aguardadas.

Um belo dia, inventaram que o gramado ficava desgastado demais com partidas preliminares. O homem aperfeiçoou o avião, o computador, criou o telefone móvel, a TV a cabo, as novas armas de guerra e acreditem: a única coisa que não evoluiu foi a grama dos estádios. Ela piorou. Então podia ter preliminar nos anos 1950, 1960, 1970, 1980, 1990 e… não deu mais.

Os jogos dos juniores passaram a ser disputados em horários alternativos, em dias alternativos e, apesar da farta informação que hoje temos por causa da internet, muito pouco noticiados. Resultado: há uma vida no mundo do futebol que pouquíssimos conhecem, porque é disputada nas sombras. No mínimo, gera a desconfiança de que tal arranjo é proposital: quanto menos forem vistos os jogadores da base, mais fácil é negociar direitos federativos sem que os torcedores exerçam poder de pressão.

@pauloandel

Refletindo sobre o Maracanã (por Paulo-Roberto Andel)

Rio de Janeiro (RJ) 15/12/1963. Futebol - RJ. Campeonato Carioca - 1963. II Turno. Foto de Arquivo / Agência O Globo. Negativo: 31818.

Feito para que o Brasil tivesse um berço esplêndido da conquista de 1950, o Maracanã mal nasceu e já carregava consigo o peso do fracasso, tudo porque a politicagem fez crer que o Mundial já estava assegurado. Mas o abalo com o Mundial conquistado pelo valentes uruguaios teria data de validade.

Menos de quinze anos depois, o Brasil já seria bicampeão do mundo, os clássicos abarrotariam o futuro estádio Mário Filho e este seria uma referência mundial do esporte e dos eventos brasileiros. Do Santos, esquadrão maior da Terra, passando pelo Botafogo de Garrincha e muitos, pela Máquina Tricolor, pelo Flamengo dos anos 1980, o Vasco dos 1990, o Maraca enfrentou dramas e, aos poucos, foi sofrendo intervenções que o descaracterizaram, até se tornar o que é hoje: um elefante branco enrustido.

O Mundial de 2014 passou, as Olimpíadas de 2016 também. Há indícios de que ele passe a ser a casa do Flamengo, como se já não tivesse sido desde o começo, embora não exclusiva. O problema é quando se abre mão dos outros protagonistas cariocas, seja pelo desinteresse deles, seja pelos altos custos, seja por outros fatores.

O Vasco tem o belo e mitológico São Januário, que não comporta sua enorme torcida em momentos culminantes. O Botafogo está satisfeito com o Engenhão, embora tenha conseguido seus últimos grandes públicos na década no Maracanã, por ocasião da disputa da Libertadores. O Fluminense anuncia o terreno para a construção de um novo estádio, sem saber o que fará com o centenário estádio das Laranjeiras, mas também dizendo que “não abrirá mão do Mário Filho”. E o Flamengo, depois de trocentos projetos de arena própria, quer o Maracanã, mas não se furta a disputar jogos em outras praças, contando com seus torcedores país afora.

A redução do Mário Filho atendeu ao projeto concebido por João Havelange à frente da FIFA, e que se espalhou pelos continentes. Novos e modernos estádios, menos público, ingressos majorados e o povo que se vire na TV, porque a elite econômica mantém as arquibancadas. Num primeiro momento, era a viabilidade de lucro máximo do mundo corporativo da bola, com êxito na Europa de capitais próximas umas das outras, com enorme malha férrea e metroviária, mas no Brasil e especificamente no Rio não deu certo: quem sempre encheu o Maraca foi o povão dos trens e ônibus. Era uma programação popular, acessível, que se perdeu. Resumindo: tiraram o povo do estádio, causaram a uma geração inteira a indiferença ao Maracanã, raras vezes a população mais abonada comprou a causa dos jogos e agora ele é um bonecão do posto, descaracterizado, artificial, sem carisma. Curioso que apontem isso como a modernidade: provavelmente nenhum executivo da NFL teria essa mesma visão. Há os que falam que o futebol mudou e é um fato, mas não precisava ser para pior.

Sem a volta do povo que realmente ama o futebol e faz dele uma procissão permanente, o Maracanã está condenado ao ocaso e a ser lembrado apenas como algo da antiga – porque o Flamengo, mesmo com toda a sua força, não terá como preenchê-lo sozinho permanentemente, se for o caso. Com tantos campeonatos, transmissões, internet, notícias fake, redes sociais e concorrência diária, o futebol começa a ser desimportante pelo fastio. Há um excesso de jogos, competições, disputas e tudo isso vai minando o aspecto principal: o interesse do público alvo, o torcedor. Se hoje há uma enorme concorrência entre o futebol e outras formas de lazer, promover e popularizar o espetáculo é fundamental.

O Brasil só se tornou pentacampeão do mundo porque a paixão pelo futebol rompeu barreiras e fronteiras, tendo o Maracanã como seu teatro maior. E se a sua utilização e finalidade não forem revistas, atendendo aos critérios de propagação do esporte e integração social, provavelmente todos veremos um tiro no pé da nossa maior paixão. Mesmo desfigurado e trucidado pelos podres poderes, ele tem boas chances de cura. É preciso trazer o povo de volta, de todas as bandeiras e para ontem, antes que seja tarde e o Maracanã perca sua finalidade essencial, se já não for.

As pessoas estão cansadas das novelas da TV, e o futebol está se tornando uma delas.

@pauloandel

Imagem: ffc

“Maré, maré; jacaré, jacaré!” e outras histórias (da Redação)

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O futebol já foi mais simples, divertido e espirituoso.

Há vinte anos, a sensação do futebol carioca estava nas frases espirituosas do treinador Jair Pereira, daquela vez comandando o Botafogo.

Jair trabalhou em mais de 30 clubes, foi campeão mundial de juniores pela Seleção Brasileira e bem antes disso, brilhou com a camisa do Vasco dentro de campo.

Profissional de respeito, querido por todos, divertido e competente, muito diferente do tom professoral que muito se vê hoje à beira do campo.

CLIQUE AQUI.

O Jornal do Brasil relembrava em 19 de setembro de 1996 os casos curiosos de alguns treinadores brasileiros.

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Moisés, zagueiro de trocentos times, depois treinador (citado na matéria) e uma figura marcante do Rio de Janeiro, ao lado de mitos do futebol como Joel Santana, Brito e o falecido Alcir Portela.

Era o Bloco das Piranhas, famoso em Madureira por receber jogadores de futebol vestidos de mulher no Carnaval.

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Jair Pereira e Moisés jogaram juntos no Bonsucesso. Na imagem abaixo, do livro “Vai dar zebra”, do jornalista José Rezende, Moisés é o quarto em pé da esquerda para a direita. Jair Pereira é o terceiro agachado, do meio.

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Sampa Fla (da Redação)

Na vitória do Flamengo por 2 a 0 sobre o Figueirense neste domingo pela manhã, o grande destaque foi mais uma vez a presença da torcida rubro-negra.

Jogando a 450 km de sua cidade natal, o Fla colocou mais de 28 mil torcedores pagantes no velho e charmoso estádio do Pacaembu.

Imagens gentilmente cedidas por Eduardo Alonso.

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Meio século sem Mário Filho (da Redação)

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Neste sábado, 17 de setembro, completa-se meio século do falecimento de Mário Filho, uma das figuras mais importantes do jornalismo esportivo brasileiro.

CLIQUE AQUI.

Assim noticiou o Jornal do Brasil na referida data.

Colaboração do jornalista Luiz Paulo Silva.

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Mendonça, uma página eterna do Botafogo (por Paulo-Roberto Andel)

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Ele jogou muito, muito e muito, às vezes ao lado de grandes jogadores e, em outras oportunidades, com futebolistas de qualidade discutível. No entanto, sempre brilhou. Num tempo em que seu time passava uma longa época sem conquistas, em várias oportunidades ele personificou a Estrela Solitária: Milton da Costa Mendonça, o Mendonça.

Filho de Mendonça, zagueiro do Bangu que teve a perna quebrada num lance com Didi, em 1951, para se aposentar, Mendonça chegou ao time principal do Botafogo pelas mãos do supertreinador Telê Santana, que o viu nos juvenis e imediatamente o alçou à equipe de profissionais.

Jogou por oito temporadas com a camisa alvinegra, nos tempos da recessão do clube, então mudado de General Severiano para Marechal Hermes. Um camisa 10 clássico, talentoso, especialista em passes e na bola parada. Assim como Heleno de Freitas, não precisou de conquistas para ser uma página eterna do livro dos dias do Botafogo.

Mendonça teve grandes jornadas no tempo em que o Maracanã facilmente recebia mais de cem mil torcedores. Agora, se perguntarem pelo jogo mais marcante, a resposta é inevitável: quartas de final do Campeonato Brasileiro de 1981, com o Botafogo vencendo o Flamengo (que seria campeão mundial meses depois) por 3 a 1. Seu drible no craque Júnior por ocasião do terceiro gol é uma legenda para todos os que acompanhavam o grande futebol brasileiro naquele tempo.

Nos tempos da lasanha (por Paulo-Roberto Andel)

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Há pouco, tive uma pequena e inevitável melancolia que todos os órfãos sentem, sem importar a idade. Coisa das onze da manhã de domingo. Pensei no meu pai, que está irremediavelmente morto há oito anos, e quando eu era um menino cheio de sonhos e de futuro em 1979, com dez anos de idade.

O meu domingo de torcedor mirim era acordar cedo, ouvir o programa do Valdir Vieira no rádio, esperar dar onze da manhã para que a TV Bandeirantes transmitisse alguma partida do campeonato paulista. No intervalo do jogo, geralmente almoçávamos lasanha, frango assado ou bife. Terminado o jogo, entrava no ar o programa Conversa de Arquibancada, apresentado pelo jornalista Hamílton Bastos, com representantes das torcidas dos clubes cariocas discutindo o futebol.

Fim de programa, descíamos para o ponto de ônibus da rua Figueiredo Magalhães, em Copacabana. Vinha o ônibus 434, branco, com uma faixa cor de vinho e a outra, azulada. Então fazíamos o mais charmoso percurso de transporte coletivo da cidade do Rio de Janeiro: Zona Sul, Lapa, Praça XI, Praça da Bandeira e logo ali já se via o cenário dos sonhos – centenas de pessoas caminhando em direção ao estádio do Maracanã.

Rapidamente comprávamos nossos ingressos – quando tinha algum sobrando, meu pai comprava outros para dar aos meninos pobres que ficavam perto da bilheteria pedindo. Vi vários deles chorarem por isso. Passávamos pela apertadíssima roleta e logo a rampa do Maracanã desfraldava o espetáculo – as camisas das torcidas organizadas, em exposição para venda, presas nas colunas de sustentação.

Três da tarde, muita gente em muitos jogos e a preliminar de juvenis, depois denominada de juniores. Os grandes craques do futuro desfilavam a valer no gramado do Maracanã. Eu olhava tudo: o jogo, o campo, as arquibancadas, as bandeiras, os cantos. Era uma experiência multisensorial. Quando surgia uma imensa nuvem dos céus nos abraçando, quando o nosso time entrava em campo, eu já sabia que um grande jogo estava acionado para decolar. Fiquei tão encantado por aquilo tudo que investi boa parte de minhas mesadas, moedas e congêneres vendo partidas e partidas, do time do meu coração e dos demais.

Nem sempre ganhamos. Perder fazia parte do jogo. Mas era bom demais ver o jogo no estádio naqueles tempos. Vinha gente de todos os lados, as pessoas confraternizavam, eu não via batalhas de ódio. É claro que havia problemas, mas o saldo era altamente positivo. E assim foi por anos e anos, por mais de trinta deles, até o dia em que em nome da modernidade, resolveu-se que o Maracanã seria posto abaixo, mantendo sua fachada. E os gols do Fantástico? E a resenha da TVE?

O tempo passou. Os torcedores foram alijados da grade da TV. As preliminares acabaram para preservar o gramado – leia-se ocultar os craques mais jovens e facilitar transações. O rádio perdeu força. Meu pai disse adeus para sempre. Lasanha em família, nunca mais. Nem o 434, que depois virou laranja e agora é cor de prefeitura – com trajeto encurtado.

Quatro da tarde, mudo os canais de futebol no controle remoto. Há muitas opções, nenhuma delas dotada de plena qualidade. O Maracanã morreu: virou um trambolho sem alma. Hoje está fechado.

Acabou de sair um belo gol do Corinthians contra o Santos, disputado na Vila Belmiro. Nos tempos da lasanha, era Morumbi cheio. Agora tem torcida única, vinte mil torcedores em vez de cinco vezes mais.

Os estádios são lindos, corfortáveis, assépticos, diferenciados. Na televisão, ficaram todos iguais. É difícil distinguir um do outro. Só lhes faltam a alma, o charme, o encanto. O narrador acaba de dizer que o futebol é um espetáculo para a família. Tudo bem, mas não seria melhor que fosse para o torcedor?

O meu time é um arsenal de mentiras e falsas promessas. Ainda o amo, torço muito por ele e espero que vença amanhã.

Onde foi que meu domingo acabou?

Tenho um palpite: quando a ganância corporativa engoliu o futebol.

@pauloandel

Mazolinha e Camilo (por Paulo-Roberto Andel)

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Minhas desculpas aos leitores.

Meu objetivo aqui era saudar o golaço fantástico marcado por Camilo, jogador do Botafogo, na tarde de ontem contra o Grêmio.

Cheguei a fazer um rascunho de texto para tal. Basicamente o seguinte:

Só o golaço redime, só o golaço liberta. Foi assim que um dia o futebol brasileiro chegou a ser o melhor do mundo: com golaços. E grandes passes. E dribles estonteantes.

O golaço marcado por Camilo na partida Botafogo x Grêmio é daqueles que não se esquece. Remete aos melhores momentos do nosso esporte predileto, quando eles pipocavam aos montes em todas as rodadas.

Ontem, depois do gol, as redes sociais repercutiram imediatamente a obra de arte. Gente de todas as torcidas. Um sinal claro de que, rivalidades à parte, o torcedor brasileiro tem verdadeira adoração pelo futebol bem jogado, bonito, elegante.

Camilo prestou um enorme serviço ao seu Botafogo e a todos os que, desde sempre, fazem do domingo o dia de suas procissões sagradas da bola.

E começaria a ajustá-lo, quando meu amigo Rafael me mandou há pouco pelo Whatsapp a notícia da morte precoce de Mazolinha, ídolo alvinegro campeão de 1989 e um dos protagonistas da decisão contra o Flamengo e do gol eterno marcado por Maurício.

Sobre aquela noite inesquecível, meu amigo Fagner Torres, jornalista e blogueiro ESPN, tricolor, disse o seguinte no Facebook: “Por conta da notícia, revi os melhores momentos daquela decisão. Valter Senra dando o apito final. Jogadores se jogando ao chão sem saber o que fazer. Torcida ensandecida. Valdir Espinosa chorando. Emil Pinheiro dizendo ao repórter que podia morrer a partir dali. Eu era muito moleque, mas tenho flashes de ter visto o jogo na TV, acho que na Manchete. E o empurrão do Maurício no Leonardo é a cereja do bolo. Coisas que só o futebol do Rio de Janeiro era capaz de nos proporcionar.”

E repliquei: “Cara, um dia eu farei um conto sobre tudo o que vi naquele dia. Eu estava do lado do estádio a uma hora da partida. Fui embora para economizar grana, achando que a decisão acabasse adiada para domingo. Vi o jogo em casa. Nos minutos finais da partida,eu e meus pais, todos tricolores, choramos. O tempo todo víamos pessoas chorando. No dia seguinte, de manhã, eu fui para a UERJ, ao chegar em Botafogo, no viaduto, vi uma das cenas de futebol mais bonitas de toda a minha vida: centenas de botafoguenses deitados no gramado, no asfalto (também do viaduto), pessoas chorando, gritando, rolando no chão às seis e quinze da manhã. Uma cena que só superei quando vi o gol de barriga na arquibancada. Eu tenho saudade demais daqueles anos, das pessoas e daquele futebol. Eu tenho saudades do Maracanã e de ir com amigos só para secar o Flamengo de zoação. É duro olhar para trás e ver que o melhor já passou. Aquele foi o dia do Botafogo, mas pode ter certeza: o Rio de Janeiro quase todo veio abaixo.”

Zeh Augusto Catalano, também cronista deste PANORAMA, comentou em seguida. O jornalista Expedito Paz, idem. O primeiro, vascaíno. O segundo, santista. Fagner e eu, tricolores. Rafael, que deu a notícia, rubro-negro.

Poderia falar muitas coisas a respeito, mas o simples fato da interação entre tantos torcedores de clubes diferentes mostra o que é a memória de futebol, daquele futebol que estava outro dia aí mesmo, coisa de trinta ou vinte e cinco anos atrás.

Bastou dizer “Mazolinha” e todo mundo já soube de quem se tratava.

Morreu jovem e de forma inesperada. Ficou pobre. Teve uma carreira errante. Mas, naquele dia da grande final entre Botafogo e Flamengo, com o time de General Severiano há 21 anos sem títulos, ele foi um dos protagonistas de um grande dia da história do Rio de Janeiro e do Brasil. Eu tinha 21 anos de idade, estou perto dos 50 e me lembro daquilo como se fosse ontem: Zico, substituído, descendo a escada do túnel do Maracanã, a jogada pela esquerda e um gol que emocionou milhões de torcedores país afora, do Botafogo e de vários times. Um deles está aqui escrevendo.

Naquela noite, eu olhei para o rival como um amigo querido, um fraterno irmão. E essa é a minha dor: onde está aquele amor, aquele humor, aquele Maracanã?

Ao Mazolinha, meu muito obrigado. E também ao Camilo, que fez um gol tão bonito ontem a ponto de me fazer voltar à infância, quando esperávamos a TV para vermos os grandes gols, dos nossos times e dos outros.

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Há coisas que só acontecem ao Botafogo, tais como a estrela solitária que navega pelas glórias na Via Láctea.

Joãozinho, um craque celeste (por Paulo-Roberto Andel)

Joãozinho, do Cruzeiro, disputando lance com jogador do River Plate, durante o último jogo da final da Taça Libertadores da América de Futebol, no Estádio Nacional.

Ele foi um dos maiores jogadores da história do Cruzeiro, e marcou época no futebol brasileiro ao lado de outros craques da ponta esquerda entre a segunda metade dos anos 1970 e a primeira dos 1980 – uma posição que incrivelmente não existe mais – como Zé Sérgio, Zezé, João Paulo, Julio César “Uri Geller”, Ziza e Éder, entre outros.

João Soares de Almeida Filho, o Joãozinho, nascido em Belo Horizonte, 15 de fevereiro de 1954)

Disputou 482 jogos com a camisa celeste entre 1973 e 1982, sendo o oitavo jogador que mais a vestiu na história. Marcou 116 gols e é o décimo primeiro maior artilheiro da história do clube. Foi dele o gol que levou o Cruzeiro ao título da Copa Libertadores da América em 1976.

Colaborou Bruno Steinberg – FTT

Alegria em dia de golpe (da Redação)

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Em 31 de março de 1964, o Jornal do Brasil noticiava que as equipes do America e do Bonsucesso estavam em ritmo europeu: o primeiro, às vésperas de embarcar para a então Tchecoslováquia, enquanto o segundo tinha 30 partidas amistosas para jogar em gramados da Europa, Oriente Médio e África.

Vejam a contradição dos números: por cada partida disputada, o Bonsuça levaria 500 dólares. Já o Mecão cogitava contratar o atacante Paulo Leão por 20 milhões de cruzeiros.

 

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As coisas não andavam muito fáceis pelo Brasil e pelo mundo, de modo que o America só viajaria no dia 13 de abril. Madureira e Vitória também marcariam presença no exterior.

 

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O tiro de meta (por Paulo-Roberto Andel)

 

o tiro de meta

Fiquei observando a televisão de forma ocasional.

Era um jogo de bola, desses de garotos pelos quais ninguém dá nada ainda e, quando ninguém espera, oferece jogadores para ainda manter viva a chama do nosso futebol, tão combalido nos dias atuais.

Jogo num estádio do interior, transmitido pela rede pública, reprisado numa madrugada, João Gilberto tocando no CD player e a partida correndo enquanto eu também lia jornais.

Interrompi a leitura por instantes, fitei a tela e me deparei com um tiro de meta.

Não era uma jogada qualquer, era um tiro de meta.

No instante, o único ser vivo na tela focada a grande distância era o goleiro, um solitário goleiro com a responsabilidade de reconduzir o jogo carente de torcedores, repórteres e outros participantes – imagem que permaneceu por muitos segundos, dado um bloqueio momentâneo na transmissão.

Eis que a televisão me pareceu como um grande quadro, uma monumental aquarela, com aquele solitário menino estático a observar a bola e pensar em como iria chutá-la, para onde e com que força, tudo cercado pelo silêncio que só a voz de João é capaz de fazer ecoar.

Mais segundos, mais silêncio e a brutal solidão do goleiro na tela, como se ninguém mais estivesse no estádio a apreciar sua intenção, exceto eu.

Quando se pensa em futebol, é certo que muitos imaginam o grande gol, a jogada mirabolante, o passe apurado, o domínio com categoria, o drama do pênalti.

O tiro de meta, meus amigos, é um importante momento marginalizado: é difícil a sua consecução terminar em algum dos lances anteriormente descritos. Entretanto, não sei se pelas substâncias e solidão a mais ou alegria de menos, fiquei a contemplar aquela imagem congelada como um princípio de esperança – era um tiro de meta, amigos.

Naquele tiro, naquela cobrança, era possível identificar até um cotidiano de nossas vidas: depois do tiro de meta, após um interrupção, que o jogo recomeça.

Mais substâncias, tracei em minha confusa memória uma relação com minha própria vida, machucada por revezes que deveriam sair por uma imaginária linha de fundo, representados por uma bola.

A vida, amigos, ávida por si própria, voltaria após breve intervalo a ser vivida tão logo fosse trocada a bola por outra e a devida reposição pelo tiro de meta seria um recobrar de ânimo, um renascer das cinzas, um poente a abafar a tempestade – talvez seja este o significado da expressão popular “bola pra frente”, não advinda de um lançamento primoroso, mas sim do desprezado e esquecido tiro de meta.

Talvez daí seja a razão do futebol ser tão apaixonante e cobiçado por gente de todo o mundo: podemos encontrar relações diretas com nosso viver através da vida e morte do jogo.

A derrota pelo gol sofrido e a alegria pelo tento marcado; a beleza da jogada articulada e a besteira da bola perdida; a pressão que não derrota através do chute que vai pela linha de fundo e o recomeçar pelo especial tiro de meta, somente ele.

É preciso entender a força, o vigor e a esperança que um tiro de meta é capaz de mostrar.

É preciso notar a perspectiva que um tiro de meta pode trazer a um jogo de bola, tão preciso quanto um recomeçar na vida depois de uma derrota circunstancial.

Quando a imagem voltou, o goleiro continuou solitário; desferiu o chute e a bola foi para o meio de campo, com vários jovens a disputá-la numa outra imagem.

O estádio continuava vazio e é possível que eu fosse um dos poucos telespectadores.

Depois do revés, o jogo recomeçou tal qual cada vida faz e fará após um desânimo marcante porém passageiro, efêmero feito uma nova bola num canto de linhas de cal.

(Publicada originalmente em 19/05/2006)

Geneton: Dossiê 50 (da Redação)

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Geneton Moraes Neto, um dos maiores jornalistas brasileiros de todos os tempos, saiu de cena nesta segunda feira, aos 60 anos de idade. Muito antes do justo e razoável.

Foi um dos maiores desbravadores daquilo que se convencionou ser um dos temas mais “malditos” da história do futebol brasileiro: a Copa de 1950, com sua final trágica, destruindo carreiras e reputações para sempre por motivos exagerados.

Graças a Geneton, pudemos olhar para trás e tentar entender melhor o que foi a estupidez tão covarde em massacrar midiaticamente os jogadores da Seleção – vários morreram na miséria.

O documentário abaixo foi realizado com base no livro “Dossiê 50”.

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Conversando com JH (da Redação)

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João Havelange, um dos maiores dirigentes esportivos da história, faleceu hoje aos 100 anos de idade.

Com o devido respeito e as condolências, esta postagem revela alguns dos muitos aspectos da personalidade de JH, por meio do documentário “Conversando com JH”.

O filme conta o que há por trás da realização de uma biografia, a partir da relação de biógrafo e biografado. “Conversa com JH” conta a experiência de João Havelange e Ernesto Rodrigues durante a produção do livro “Jogo Duro – A história de João Havelange” (Editora Record, 2007).

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Os muitos conflitos e obstáculos enfrentados que lidam com a apropriação da história de uma outra pessoa e como ela vê a si mesma no mundo.

A biografia, lançada em 2007, contou com mais de 140 entrevistas de profissionais do futebol, de todos os países do mundo.

Os conflitos culminam ao ponto que Ernesto cumpre seu compromisso de mostrar os originais para o ex-presidente da Fifa.

 

 

 

O grande legado olímpico (por Paulo-Roberto Andel)

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Definitivamente, a herança maior que os Jogos do Rio 2016 podem deixar para o Brasil não tratam exatamente de equipamentos, recursos e outros bens de consumo, públicos ou não.

Está em algo que parecia perdido no tempo.

A fidalguia.

Houve quem reclamasse – com razão – das torcidas em esportes que não têm os costumes do nosso football, que transformamos em futebol para o muito bem e o muito mal.

Mas a maioria está em paz, reconhecendo que também há valor numa medalha de bronze. Até mesmo sem o desejado pódio. Em práticas desportivas muitas vezes ignoradas pelos clubes e pelo Estado Brasileiro, como não valorizar um sexto ou oitavo lugar? É estar entre os maiores do planeta.

Há um detalhe que ajuda a perceber tudo: reparem, por exemplo, nas emocionadas comemorações dos atletas brasileiros em diversos momentos, bem diferentes do nosso futebol. Quando finalmente fizemos gols nas Olimpíadas, o alívio veio através de chutes, palavrões e ira. Muita ira.

Para alguns, demonstração de garra e vontade. Para outros, a carência de senso esportivo que ainda vitimiza um povo marcado por bruscas transformações sociais, econômicas e afetivas.

E por falar em afeto, o show de luta contra a homofobia, tão visto nestes dias de disputa, é mais uma lição dos Jogos ao nosso esporte mais querido, falado e divulgado, marcado permanentemente por armários de ferro trancados com correntes, contrariando o óbvio ululante, como diria Nelson Rodrigues.

É claro que ninguém treina anos a fio para perder e que a História é sempre mais destacada pelos vencedores, mas a vida não pode ser apenas o “perdeu, sai” instantâneo que se vê, por exemplo, na quantidade de treinadores demitidos a cada edição do Brasileirão.

Se os Jogos Olímpicos do Rio não foram capazes de transformar a Cidade Maravilhosa numa terra de paz, o que sabíamos ser quase impossível, é inegável que sua presença nos serve como uma verdadeira universidade de respeito a outros valores, ao harmonioso viver entre divergências, à diversidade em todas as instâncias.

Viver o respeito. Entender que o esporte é mais do que um jogo. Que não ser campeão não é vergonha, mas pode ser símbolo de reconhecimento, dependendo do que tenha sido feito – e como.

Eis aí um mar de lições para jogadores, torcedores, profissionais do futebol e seus “abnegados” dirigentes pendurados em vultosos grupos políticos de ocasião.

O espírito olímpico tem muito a ensinar ao país das chuteiras. Basta querer entender.

Olhar as comemorações dos gols da Seleção de Futebol e compará-las com as de Pelé já seria um exercício de franca humildade.

@pauloandel

O quê? Virou casaca? (por Paulo-Roberto Andel)

No Brasil, o ato de “virar casaca”, involuntariamente ou não – até mesmo por causas nobres, homenagem a amigos, ações comunitárias e filantrópicas – é condenado como se estivesse previsto no Código Penal.

Também vale para jogadores muito identificados com um clube e que passam a atual num rival, ou mesmo um clube de outro estado, e enfrentam a antiga casa.

Mas será que é possível realmente identificar os personagens abaixo pelas camisas que vestem/mostram nas imagens, às vezes de forma pontual e única?

Parece claro que não.

1)  Zico

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2) Pedro Bial, supertricolor (homenageando Armando Nogueira)

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3) Pelé no Fluminense

pelé camisa do fluminense

4) O Rei do Futebol no Flamengo

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5) O mito botafoguense Garrincha

garrincha camisa do flamengo

6) Tita, criado na Gávea e com passagem por diversos clubes brasileiros

tita

7) Roberto Dinamite, símbolo vascaíno

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8) O cantor Fagner, que já foi Ceará, Fortaleza, Fluminense etc

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9) O cantor botafoguense Agnaldo Timóteo, também um torcedor firme do América

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10) Nunes, intimamente vinculado ao Flamengo

nunes fluminense

11) Biro-Biro, eterno ídolo da Fiel

biro biro portuguesa

12) Casagrande, marca registrada do Corinthians

casagrande flamengo

13) Serginho Chulapa, muito ligado ao Santos e com passagem marcante pelo Sâo Paulo

serginho chulapa corinthians

14) Adílio, o “cobra criada” da Gávea, apelidado pelo locutor Waldyr Amaral

Adílio coritiba

Na grande área: Armando Nogueira 1966 (da Redação)

armando nogueira 1966

Em 08 de agosto de 1966, um dos decanos da crônica esportiva no Brasil publicava uma coluna que ainda serve de reflexão para o nosso futebol.

armando nogueira 08 08 1966

Reprodução do Jornal do Brasil sem finalidade lucrativa.

A Seleção nas Olimpíadas

ROMA, 1960

seleção brasileira 1960 olimpiadas

Elenco:

1 Roberto Branco • 2 Carlos Alberto • 3 China • 4 Chiquinho • 5 Dary • 6 Décio • 7 Edmar • 8 Gérson • 9 Gil • 10 Jonas • 11 Macarrão • 12 Alvaro Jurandis • 13 Maranhão • 14 Nonô • 15 Paulinho Ferreira • 16 Roberto Dias • 17 Rubens • 18 Valdir • 19 Wanderley • Treinador: Vicente Feola

MUNIQUE, 1972

SELEÇÃO BRASILEIRA OLIMPIADAS 1972

Alguns jogadores que fizeram parte do elenco da Seleção Brasileira que disputou os Jogos de 1972: Nielsen, Terezo, Abel Braga, Osmar, Celso, Bolívar, Falcão, Rubens Galaxe, Pedrinho, Washington, Zé Carlos, Manoel, Roberto Dinamite e Dirceu

LOS ANGELES, 1984

SELEÇÃO BRASILEIRA FUTEBOL OLIMPIADAS 1984

seleção brasileira 1984 olimpiadas ELENCO

Raimundo Fagner e o futebol (da Redação)

Em 2012, Raimundo Fagner, um dos grandes artistas da MPB, concedeu entrevista ao site Portal da Copa, recordando duas histórias com o mundo do futebol: amigos, convivências, e lembranças da amizade com jogadores como Zico e o falecido Geraldo.

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Um povo sem Maracanã (por Paulo-Roberto Andel)

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Mais um domingo de futebol no Brasil.

Sem o estádio que ocupou o lugar do Maracanã.

Ok, por conta das Olimpíadas. Desta vez.

Antes de ter sido assassinado em 2010 para dar vez à uma arena goumetizada, o Maracanã já tinha penado com reformas sucessivas em nome da modernidade. A primeira, benéfica, elevou a altura do piso da geral entre 1984 e 1985. A segunda, por conta do trágico acidente na final do campeonato brasileiro de 1992.

Depois, tome 2000, 2005 e, finalmente em 2010, o falecimento em nome da Copa do Mundo de 2014, cujo final para nós é desnecessário de lembrança.

As outras mexeram com várias estruturas, mas nada se comparou a esta última, que não se limitou a uma obra devastadora, mas também gerou danos sociais que parecem irreversíveis.

O povão que ocupou o velho Mário Filho por 60 anos foi varrido de vez. De acordo com uma “tendência mundial”, o monumental estádio foi destruído, dando vez a um substituto menor, completamente desprovido de alma e carisma, incapaz de tirar seu novo público-alvo dos Village Malls da vida, com os torcedores mais humildes – o grosso histórico do grande público médio presente antes – definitivamente alijados para bares, biroscas perto de casa ou a popular gatonet.

Resultado? Com exceção da Copa do Mundo, a nova arena jamais teve sua lotação esgotada, perdeu o posto de palco dos clássicos abarrotados, tornou-se um elefante branco na prática e agora depende de providências da prefeitura do Rio para sua reinvenção. Ah, mas é uma tendência mundial! Com o nosso país do tamanho de um continente, havia outras alternativas.

Estamos em 2016. Metade do tempo da década atual teve o Maracanã fechado. Crianças já cresceram sem o costume de ir ao estádio – e, talvez por isso também, muitas usam tanto as camisas de Barcelona, Real Madrid, PSG e outras grandes equipes europeias. Adultos perderam o costume de frequentar o futebol no campo. Para muitos torcedores dos grandes clubes cariocas, a referência de futebol passou a ser uma distância: a outra cidade, o outro Estado.

Silenciosamente, vivemos fora dos gramados a mesma crise dentro dele: basta ver quantas vezes nos últimos anos o Rio teve redução dos participantes na primeira divisão do futebol brasileiro.

Segundo especialistas, é uma tendência mundial.

Resta saber então porque os estádios alemães, ingleses, franceses, portugueses e até estadunidenses têm casa cheia enquanto os nossos, salvo raras exceções, estão à míngua.

A se manter o cenário atual, no futuro nenhum estádio nosso precisará de arquibancadas, porque não teremos público presente e todos se esbaldarão em frente à TV ou computador para ver mais um capítulo da eterna novela da bola, sem final feliz.

Hoje é mais um domingo sem Maracanã. Os torcedores do mundo corporativo desdenham da ausência: “Daqui a pouco ele volta”. A realidade parece outra: distância, indiferença e a perda de nossa principal casa do povo carioca, trocada pela força da grana que ergue e destrói coisas belas, incapaz de é para entender o que significa a alma, o espírito do futebol no Rio de Janeiro e no Brasil.

@pauloandel

Cadê Jesus? (por Zeh Augusto Catalano)

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Fim de jogo ontem, Fluminense 2 x 0 Cruzeiro em Edson Passos, na Baixada Fluminense.

A repórter aborda o goleiro Fábio, do Cruzeiro, que acabava de completar 700 jogos pelo time mineiro justamente na derrota para o Flu.

A pergunta foi um pedido de explicações sobre a péssima atuação de seu time.

Fábio não soube explicar. Falou por dois minutos sem dizer nada de muito coerente.

Nem uma única letra sobre deus (assim mesmo, com letra minúscula).

Quando das vitórias, Fabio é um desses jogadores que dizem que foi tudo para glória de Jesus. “Jesus nos abençoou e ganhamos a partida”. Curiosamente, na hora das derrotas, Jesus é esquecido. Será que o time do Cruzeiro anda pecando? Será que não é “em nome de Jesus” que o time adversário tenha jogado infinitamente melhor que seu time e vencido, sem senões, a partida? Deus só vence?

O que acontece, então, quando dois times “ungidos pela fé” se encontram? Só o que vence glorifica de joelhos? E se empatar?

Aqui, no Panorama, temos representantes de todas as religiões. E da falta delas também. Umbandistas, evangélicos, ateus. Eu sou católico. E digo, com orgulho, que não faço orações pedindo vitórias, gols ou sucesso em uma disputa de pênaltis. Tenho vergonha de pedir pra Deus que uma bola entre quando tem gente passando fome pertinho de onde vejo confortavelmente um jogo de futebol. E mesmo que eu rezasse, do outro lado do campo, teríamos um bando de gente rezando pro outro lado. Isso não significa que eu desmereça quem reze. De forma alguma. Me irrita é ver jogador de futebol ganhar milhares de reais na realidade em que vivemos e só lembrar d’Ele nas horas boas.

Imaginem o pobre Deus, no conforto do seu céu, olimpo ou seja lá como a sua religião chame a Sua casa, num dia de Fla-Flu. Milhões de cidadãos acendendo velas, fazendo despachos, orações, oferendas, pagando dízimo, fazendo promessas.

Aí um dos lados vence e os vencedores louvam a Deus – como se Ele fosse o autor dos gols ou das pixotadas que conduziram os números do placar – e os perdedores… O ignoram!

Fábio, por que você não glorificou a Deus na derrota? Será que, no futebol, só a vitória é de Jesus?

Parece piada, mas não é. Quando só menciona a religião nas vitórias, o goleiro (que é o exemplo da vez, mas poderia ser qualquer jogador, inclusive algum do Fluminense ou de qualquer time do futebol brasileiro) deprecia a própria profissão e o esforço de todos os profissionais que o cercam e que trabalham para que o time ganhe. Deus pode influência nos resultados e mover montanhas, mas sem treino, dedicação, vontade firme e – suponho seja o caso – confiança e obediência ao técnico e líder, a bola não vai entrar e o time não vai ganhar.

Deus ajuda quem cedo madruga. E treina, e se dedica, e luta. O time pode até perder, mas, se for dedicado, o torcedor dará apoio.

Parece que o Fluminense rezou muito neste domingo. Daí graças!

Imagem: globoesporte

Sobre o clássico na Ilha do Governador (por Thiago Constantino)

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Enfim, o grande e esperado retorno do futebol aos palcos da Cidade Maravilhosa.

Sofrimento 1 – O eterno desrespeito

Mas peraí? Sábado à tarde? Bom, meu primeiro sofrimento já começa por aí. A insensibilidade de dirigentes, CBF e TV de organizar um clássico dessa magnitude no sábado. Nada mais tradicional do que uma cidade inteira acordando em clima de clássico naquele domingão, e a bola rolando após aquele belo almoço em família. Bom, deixa isso pra lá, pois é um papo que dá para a gente continuar a eternidade discutindo…Futebol, CBF, Clubes, TV, horários, blá, blá, blá.

Vamos ao segundo sofrimento? Desde que anunciaram a Arena Botafogo na Portuguesa, eu fiquei bem animado. Me considero sócio-morador (risos): minha casa fica a 20 passos do clube/estádio, fui criado lá dentro e tudo o que sei na prática sobre futebol desenvolvi na Lusa. Minha habilidade razoável me rendeu algumas medalhas como peladeiro-criança.

Só que o destino está sempre nos pregando peças. Desde o ido ano de 2005, com a finada Arena Petrobrás, os grandes clubes não jogavam aqui. Mas era hora de retomar o protagonismo do futebol carioca. E lá vem a inauguração da nova Arena e o primeiro jogo vai ser… Botafogo x Flamengo. Putz, euforia e tristeza ao mesmo tempo. Como flamenguista, sabia que seria impossível comprar os 1.500 ingressos disponibilizados. E minha teoria foi confirmada quando a diretoria do clube colocou-os à venda apenas a sócios. Ué, mas não vai ter torcida mista? É com muita tristeza que digo que nós, brasileiros, ainda não chegamos a esse nível de educação. E a polícia, ciente disso, corrobora o atestado de incompetência do povo brasileiro.

 

Sofrimento 2 – O Infiltrado

Bom. E agora, o que fazer?

Em um mix de saudades do Flamengo e euforia pelo jogo na porta de casa. E, apesar de minha sogra quase arrancar os cabelos de medo, respirei fundo e decidi: vou comprar ingresso na torcida do Botafogo! Para minimizar o risco, me infiltrei no covil do “inimigo” pela parte social do clube. Mas vou te dizer, R$ 100,00 pelo ingresso nesse momento de crise do país e para um esporte considerado popular…êta mundo cão!

Ao entrar no clube, uma emoção única: meu estádio de infância todo bonitinho e arrumadinho. Passada a primeira emoção, a missão era, óbvio, encontrar algum amigo flamenguista também infiltrado. E não tardou muito para isso. Mas como “copiar” o comportamento da torcida adversária sem deixar a emoção pelo Flamengo transparecer? Missão difícil, mas não impossível. Nada que uma dose de sangue frio e muita tremedeira interna não resolvesse. O fato é que, se eu e meu amigo conseguimos passar pelos 90 minutos ileso, mesmo levantando os braços timidamente nos gols do Botafogo, alguns outros flamenguistas não tiveram tanto êxito. Antes de rolar a bola, um foi descoberto e conduzido pela segurança não sei para onde, ao coro hostil de Via… Filho da P… e uma sonora vaia. No primeiro gol do Fla, outro foi visto comemorando. Emoção e diversão garantidas.

PS: Um elogio sincero à diretoria do Botafogo. A organização foi quase impecável, apesar do “migué” em dizer um dia antes do jogo que os ingressos estavam esgotados. A Arena tem o espaço de 17 mil lugares e 15 mil foram liberados para o clássico, sendo que a torcida do Flamengo ficou com 10%. Com 11.600 presentes, foi fácil perceber vários clarões na torcida do Botafogo.

Torcedor botafoguense, pode chegar e veja se lota a Arena, pô! O futebol carioca merece e seu time precisa do seu apoio.

Aí vai um vídeo interessante sobre o Estádio, apesar do louco dizendo que a Ilha do Governador é distante, mais afastado do Rio de Janeiro. De onde esse cara saiu? De Marte? Só podia ser botafoguense mesmo. Brincadeira.

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Sofrimento 3 – O nível técnico

Vamos falar do jogo? Na hora da bola rolar, vi o técnico da seleção Tite e seu auxiliar Edu Gaspar nas cabines e a pergunta foi “O que esse louco fazia aqui?”. Ele mesmo disse em entrevista, que não veio necessariamente assistir ao jogo e que também tem conversado com os técnicos dos clubes, fazendo uma espécie de troca de experiências. Bom, se foi para isso, ok. Porque em campo, lamentavelmente é nítida a carência de nível técnico no Brasil de hoje. O gramado ainda está ralo e, por isso, duro e fazendo a bola quicar de forma irregular – dos seis gols do jogo, pelo menos quatro foram em falhas individuais bisonhas. O nível técnico foi sofrível, com destaque apenas para o Camilo pela técnica e os estrangeiros Salgueiro e Canales mais, do lado do Fla, William Arão pela movimentação e Mancuello pela visão de jogo (parece uma tartaruga esse menino!). E foi só.

O primeiro tempo foi horroroso e a segunda parte da pelada só foi mais agradável pelos gols e pela alegria da torcida botafoguense com o empate. Teve até gente chorando de emoção, bem ao meu lado.

O Flamengo batia o Botafogo facilmente, por conta dos erros individuais em excesso da equipe alvinegra. Mas o tio Zé “Ricardiola” quando faz um gol bota os onze atrás. Imagine quando está com dois gols à frente no placar. Colocou quatro cabeças de área e o aguerrido time do Botafogo conseguiu o empate. E tem gente que ainda chamava papai Joel Santana de retranqueiro. Sabe de nada, inocente…

É isso aí, pessoal. Ricardo Gomes tentando fazer milagre e tirar o Botafogo do sufoco, acho que os estrangeiros podem ajudar bastante e o Flamengo continuando a namorar o G4, mas olhando com frieza, este amor está mais para Platônico ou Crush, como chama a galera da nova geração. (Vejam esse vídeo, achei muito engraçado!)

Ah, esqueci. A saída foi muito tranquila e com mais 20 passos estava de volta ao espírito rubro-negro, dentro do meu sacrossanto lar.

Imagem: globoesporte

Brasil 1966, há exatos 50 anos

Em 13 de julho de 1966, o Jornal do Brasil noticiava a preocupação dos húngaros com a possível evolução da Seleção Brasileira na Copa do Mundo da Inglaterra, depois de estrear na véspera com uma vitória sobre a Bulgária por 2 a 0, com gols de Pelé e Garrincha.

Tudo seria diferente das preocupações húngaras dois dias depois: Hungria 3 x 1 Brasil e o encaminhamento para aquela que, desde então, foi a pior participação do escrete canarinho numa Copa, com a eliminação na primeira fase da competição. Eram claros os reflexos de tudo o que acontecia no país em termos políticos, com claros reflexos em nosso futebol.

Em tempos em que o jornalismo anda rareando, era um verdadeiro luxo a escalação dos correspondentes internacionais do JB na Inglaterra: José Inácio Werneck, João Máximo, Oldemário Touguinhó e grande elenco. Outras palavras.

BRASIL 1966 HUNGRIA

Uma breve história da Eurocopa (da Redação)

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Neste domingo, ao derrotar a França, Portugal se tornou o décimo país a conquistar o título da Eurocopa.

A primeira edição do torneio foi disputada em 1960, com o triunfo da União Soviética.

Os países com maior número de títulos são Alemanha (1972, 1980 e 1996) e Espanha (1964, 2008 e 2012).

A França ostenta dois títulos (1984 e 2000).

Portugal já havia disputado a final da Eurocopa em 2004,  perdendo o título por 1 a 0 para a Grécia.

A lista de todos os campeões é a seguinte:

1960 – União Soviética
1964 – Espanha
1968 – Itália
1972 – Alemanha
1976 – Tchecoslováquia
1980 – Alemanha
1984 – França
1988 – Holanda
1992 – Dinamarca
1996 – Alemanha
2000 – França
2004 – Grécia
2008 – Espanha
2012 – Espanha
2016 – Portugal

A lista traz algumas curiosidades. Por exemplo, a recente supremacia ibérica na competição. Os brilhos efêmeros da Dinarmarca em 1992 (que entrou como convidada no lugar da Iugoslávia, envolvida em terrível guerra) e da Grécia em 2004.

De todas as seleções campeãs, as que se destacaram nas Copas do Mundo disputadas imediatamente a seguir foram a Itália vice-campeã em 1970, a Alemanha campeã em 1974 e vice-campeã em 1982, mais a Espanha campeã em 2010.

Tivesse começado dez anos antes, talvez a Eurocopa testemunhasse o vigor da belíssima Hungria dos anos 1950. Não deu. Uma pena.

Imagem: Michel Dalder/Reuters

 

Os sete a um, dois anos depois

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O futebol produz momentos inesquecíveis. Qualquer apaixonado por futebol guarda em sua memória e coração partidas épicas, atuações brilhantes. A virada da Mercosul em 2000 para os vascaínos, por exemplo. Um segundo tempo perfeito.

Ou lances únicos. Aquele instante eterno.

Gol do Cocada em 1988.

Para quem não se lembra, foi uma partida modorrenta, cujo empate persistente daria o título carioca ao Vasco. O chute do Cocada a pôs na história. A comemoração, a expulsão, a posterior pancadaria entre Romário e Renato. O jogo se resume àquele lance e tudo mais decorreu daquele fato.

Os eternos sete a um destoam das duas descrições anteriores. São talvez os oito minutos (cinco minutos entre a marcação dos quatro gols) mais inexplicáveis da história do futebol. Um time recheado de estrelas (Júlio César; Maicon, David Luiz, Dante e Marcelo; Luiz Gustavo, Fernandinho, Bernard, Hulk e Oscar; Fred.) comandado por Felipão, o último técnico brasileiro a levantar o mundial, que desmoronou como um castelo de cartas.

Não houve uma única tentativa de esfriar os alemães, mudar o ritmo do jogo, nada. Por três inacreditáveis vezes a bola la foi posta no centro do campo e o Brasil deu a saída para levar outro gol. Fosse boxe, o técnico teria jogado a toalha e interrompido ali o vexame.

Dia 19 de junho passado, o México levou de 7 a 0 do Chile, na semifinal da Copa América, jogando “em casa”. A partida foi disputada nos Estados Unidos, num estádio apinhado de mexicanos que acreditavam piamente numa final contra os favoritos argentinos – os únicos a não passar vexame, como Brasil e Uruguai, eliminados na primeira fase por respectivamente Peru e Venezuela. O México tomou cinco gols no segundo tempo, mas eles não foram frutos de uma hecatombe instantânea e coletiva.

Costumo assistir os jogos na sala de casa. Quando o Brasil tomou o segundo gol, fui até a copa pegar água. Enchi o copo, parei na frente da TV. Gol. Sentei-me e fiquei ali, pasmo, vendo aquilo.

Lembro mais dos rostos dos jogadores e técnico do que dos lances em si. Fred, David Luiz, Dante. Julio Cesar. Tão pasmos quanto eu. Homens com vasta experiência internacional. Alguns campeões do mundo por clubes e por seus países.

Não se pode dizer que a seleção era mal-treinada. Ela não era treinada. Numa época de poucos talentos, o comando de Felipão era uma mistura de Família Scolari com um “pra frente Brasil” que já havia dado sinais claros de instabilidade na trave de Pinilla, no último minuto de uma prorrogação contra o Chile. A sorte mais uma vez havia sorrido para nós. Os dois primeiros jogos eliminatórios foram contra Chile e Colômbia, fregueses contumazes. Ainda assim, o Chile só ficou pra trás nos pênaltis. Então, na base da “fé”, chegamos à semifinal, a dois jogos do sonho de manter a Copa do Mundo por aqui.

Muitos anos ainda passarão até a redenção do futebol brasileiro. Até lá, convém lembrar bem daqueles minutos inacreditáveis.

Fraude no futebol paulista (da Redação)

FRAUDE NO FUTEBOL PAULISTA

“Sete pessoas foram presas em operação da Polícia Civil que investiga fraudes em resultados de jogos de futebol na manhã desta quarta-feira (6) em São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará. Entre os presos, está Carlos Luna, ex-goleiro do América de São José do Rio Preto, no interior paulista. Além de Luna, outros alvos da operação foram presos em Bauru, interior do estado de São Paulo, uma capital paulista, e um em Fortaleza, Ceará. Ainda há ao menos mais três mandados de prisão a serem cumpridos. Equipes também fazem buscas no Rio de Janeiro.”, informou o portal G1.

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